Incidência de neoplasia peniana associada ao uso de agrotóxicos no Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi - Ceará, Brasil: Uma abordagem in silico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i10.33178Palavras-chave:
Pesticides; Molecular modeling; Molecular docking; Penile cancer; Public health; Baixo jaguaribe.Resumo
A inserção de perímetros irrigados e o uso intensivo de agrotóxicos fizeram da região do Baixo Jaguaribe uma das áreas mais críticas do agronegócio cearense. No entanto, o uso excessivo de agrotóxicos tem sido associado ao aumento de casos de partos prematuros, malformações congênitas e principalmente neoplasias, especialmente câncer peniano. Objetivo: Caracterizar in silico os agrotóxicos do grupo triazina utilizados no Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi na região do Baixo Jaguaribe para investigar a relação entre câncer peniano associado ao uso de agrotóxicos. Metodologia: Foi dado através de modelagem molecular utilizando o Campo de Força Clássico (MMF94) para obter estruturas mais estáveis e propriedades físico-químicas e docking molecular para elucidar a possível inibição entre a proteína-ligante (triazinas) (p53). Resultados: A caracterização eletrônica e estrutural estabeleceu que os pesticidas do grupo triazina são solúveis e não têm rotação, suas ligações duplas são derivadas do anel heterocíclico em suas conformações e as energias de estabilidade são relativamente altas. Conclusões: Em relação ao acoplamento molecular, a ametrina e a atrazina são susceptíveis de iniciar uma resposta carcinogênica aos trabalhadores no perímetro irrigado de Jaguaribe-Apodi, isto é, câncer peniano, enquanto o ligante de ciromazina não apresenta interações com a proteína p53; assim não atua com potência inibitória.
Referências
Avelino, F. F., Teixeira, Z. A., Da Silva, F. J. F., & Pereira, D. M (2013). Análise de agrotóxicos em águas da Chapada do Apodi, Ceará, Brasil. Rev. Águas Subterrâneas. https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/27458. Accessed 21 December 2021.
Ballestreri, E. (2017). Teste de micronúcleos como ferramenta para avaliação da exposição ocupacional a pesticidas: Revisão. Revinter, 10(1):19-28. https://doi.org/10.22280/revintervol10ed1.260
Barbosa, R. S., de Souza, J. P., de Almeida, D. J., dos Santos, J. B., dos Santos Paiva, W., & de Jesus Porto, M. (2020). As possíveis consequências da exposição a agrotóxicos: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, 9(11), e45191110219-e45191110219. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10219
Bleeker, M. C. G., Heideman, D. A. M., Snijders, P. J. F., Horenblas, S., Dillner, J., & Meijer, C. J. L. M (2009). Penile cancer: Epidemiology, pathogenesis and prevention. World J Urol, 27(2): 141–150. https://doi.org/10.1007/s00345-008-0302-z
Borsoi, A., Dos Santos, P. R. R., Taffarel, L. E., & Júnior, A. C. G (2015). Agrotóxicos: Histórico, atualidades e meio ambiente. Acta Iguazu, Cascavel, 3(1): 86–100. https://doi.org/10.48075/actaiguaz.v3i1.9650
Cabral, M. F., Souza, D. D., Alves, C. R, & Machado, S. A. S (2003). Estudo do comportamento eletroquímico do herbicida ametrina utilizando a técnica de voltametria de onda quadrada. Eclética Química, 28(2): 41–47. https://doi.org/10.1590/S0100-46702003000200005
Campanhola, C., & Bettiol, W (2003). Panorama sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. Embrapa Meio Ambiente- Capitulo de Livro, 40. https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1076531/1/Campanholapanorama.pdf.
Carmo, D. A. D., Carmo, A. P. B. D., Pires, J. M. B., & Oliveira, J. L (2014). Comportamento ambiental e toxidade dos herbicidas atrazina e simazina. Rev Amb & Água, 8(1):133–143. https://doi.org/10.4136/ambi-agua.1073
Carneiro, F. F., Rigotto, R. M., & Pignati, W (2012). Frutas, cereais e carne do Sul: agrotóxicos e conflitos ambientais no agronegócio no Brasil. E-Cadernos CES, 17. https://doi.org/10.4000/eces.1101
Costa, S., Rodrigues, R., Barbosa, L., Silva, J., De Caldas Brandão, J., & De Medeiros, C. S. Q (2013). Câncer de Pênis: Epidemiologia e estratégias de prevenção. Cad Grad Ciências Biológicas e da Saúde Facipe, 1: 23–33. https://periodicos.set.edu.br/facipesaude/article/view/1197.
Coutinho, C. F., Tanimoto, S. T., Galli, A., Garbellini, G. S., Takayama, M., Do Amaral, R. B., Mazo, L. H., Avaca, L. A, & Machado, S. A. S (2005). Pesticidas: Mecanismo de ação, degradação e toxidez. Pestic Rev Ecotox & Meio Ambiente, 15: 65–72. https://doi.org/10.5380/pes.v15i0.4469
Crespo, D. C., Lecuona, R. E., & Hogsette, J. A (2002). Strategies for controlling house fly populations resistant to cyromazine. Neotrop Entomol, 31(1): 141–147. https://doi.org/10.1590/s1519-566x2002000100019
Dantas, J. D. A., Oliveira, T. S., Mendonça, E. S., & Assis, C. P (2012). Qualidade de solo sob diferentes usos e manejos no Perímetro Irrigado Jaguaribe/Apodi,CE. Rev Bras Eng Agricola & Ambiental, 16(1): 18–26. https://doi.org/10.1590/S1415-43662012000100003
Dos Santos, J. R., & Da Silva, J. M (2007). Toxicologia de agrotóxicos em ambientes aquáticos. Oecologia Brasiliensis, 11(04), 565–573. https://doi.org/10.4257/oeco.2007.1104.08
Emamzadah, S., Tropia, L., Vincenti, I., Falquet, B., & Halazonetis, T. D (2014). Reversal of the DNA-binding-induced loop L1 conformational switch in an engineered human p53 protein. J Mol Biol, 426(4): 936–944. https://doi.org/10.1016/j.jmb.2013.12.020
Favorito, L. A., Nardi, A. C., Ronalsa, M., Zequi, S. C, Sampaio, F. J, & Glina, S (2008). Epidemiologic study on penile cancer in Brazil. International Braz J Urol, 34(5): 587–591. https://doi.org/10.1590/s1677-55382008000500007
Freitas, B. M. C., & Bombardi, L. M (2018). A Política Nacional de Irrigação e o uso de agrotóxicos no Brasil: Contaminação e intoxicações no Ceará. GEOgraphia, 20(43): 86-100. https://doi.org/10.22409/geographia2018.v20i43.a27213
Gama, A. F., De Oliveira, A. H., & Cavalcante, R. M (2013). Inventário de agrotóxicos e risco de contaminação química dos recursos hídricos no semiárido cearence. Quim Nova, 36(3): 462–467. https://doi.org/10.1590/S0100-40422013000300017
Jobim, P. F. C., Nunes, L. N., Giugliani, R., & Cruz, I. B. M. D (2010). Existe uma associação entre mortalidade por câncer e uso de agrotóxicos? Uma contribuição ao debate. Cienc & Saúde Coletiva, 15(1): 277–288. https://doi.org/10.1590/s1413-81232010000100033
Leite, A. H. P., Silva, N. Q., Morato, C. B. A., & Alves, R. R. V (2015). Hpv como fator de risco para o câncer peniano. Rev Bras Educ & Saúde, 5(3): 1–6. https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBES/article/view/3644. Accessed 21 December 2021.
Micali, G., Nasca, M. R., Innocenzi, D., & Schwartz, R. A (2006). Penile cancer. J Am Acad Dermatol, 54(3): 369–391. https://doi.org/10.1016/j.jaad.2005.05.007
Milhome, M. A. L., Sousa, D. D. O. B. D., Lima, F. D. A., & Nascimento, R. F. D (2009). Avaliação do potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas por pesticidas aplicados na agricultura do Baixo Jaguaribe, CE. Eng Sanit & Ambiental, 14(3): 363–372. https://doi.org/10.1590/s1413-41522009000300010
Morris, G. M., Huey, R., Lindstrom, W., Sanner, M. F., Belew, R. K., Goodsell, D. S., & Olson, A. J (2009). AutoDock4 and AutoDockTools4: Automated Docking with Selective Receptor Flexibility. J Comput Chem, 30: 2785–2791. https://doi.org/10.1002/jcc.21256
O’Boyle, N. M., Banck, M., James, C. A., Morley, C., Vandermeersch, T., & Hutchison, G. R. (2011). Open Babel: An open chemical toolbox. J Cheminform, 3(33): 1–14. https://doi.org/10.1186/1758-2946-3-33
Pereira, V. G. M., Rangel, L. D. F., Ferreira, K. D., Reis, A. B., Dos Santos, H. C. S., Belarmino, A. J., Souza, D. C., Silva, D. R. D. A., Chacon, A. C. S. R., Santolin, T. S., & Nunes, L. D. O (2017). A relação entre o uso de agrotóxicos e o aumento do índice de câncer no Brasil. Rev Gestão em Foco, 9: 164–170. http://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/06/028_relacao_agrotoxicos_aumento_cancer_brasil.pdf.
Pessoa, V. M., & Rigotto, R. M (2012). Agronegócio: Geração de desigualdades sociais, impactos no modo de vida e novas necessidades de saúde nos trabalhadores rurais. Rev Bras Saúde Ocup, 37(125): 65–77. https://doi.org/10.1590/S0303-76572012000100010
Pettersen, E. F., Goddard, T. D,. Huang, C. C., Couch ,G. S., Greenblatt, D. M., Meng, E. C., & Ferrin, T. E (2004). UCSF Chimera - A visualization system for exploratory research and analysis. J Comput Chem, 25, 1605–1612. https://doi.org/10.1002/jcc.20084
Pontes, A. G. V., Gadelha, D., Freitas, B. M. C., Rigotto, R. M., & Ferreira, M. J. M (2013). Os perímetros irrigados como estratégia geopolítica para o desenvolvimento do semiárido e suas implicações à saúde, ao trabalho e ao ambiente. Ciênc & Saúde Colet, 18, 3213–3222. https://doi.org/10.1590/S1413-81232013001100012
Porto, M. F., & Soares, W. L (2012). Modelo de desenvolvimento, agrotóxicos e saúde: um panorama da realidade agrícola brasileira e propostas para uma agenda de pesquisa inovadora. Rev. Bras. Saúde Ocup, 37: 17–31. https://doi.org/10.1590/S0303-76572012000100004
Ramos, R. F., Andrioli, A. I, & Betemps, D. L (2018). Agrotóxicos e Transgênicos: Uma crítica popular. Extensão Em Foco, 17: 1–15. https://doi.org/10.5380/ef.v0i17.58250
Reis, A. A. D. S., Paula, L. B. D., Paula, A. A. P. D., Saddi ,V. A., & Cruz, A. D. D (2010). Aspectos clínico-epidemiológicos associados ao câncer de pênis. Ciênc & Saúde Colet, 15: 1105–1111. https://doi.org/10.1590/s1413-81232010000700018
Rigotto, R. M (2011). Agrotóxicos, trabalho e saúde: vulnerabilidade e resistência no contexto da modernização agrícola no baixo Jaguaribe/CE. ln: Agrotóxicos, trabalho e saúde: vulnerabilidade e resistência no contexto da modernização agrícola no Baixo Jaguaribe/CE. Edições UFC, Fortaleza, Brazil, 613.
Rigotto, R. M., Marinho, A. M. C. P., Ellery, A. E. L., Sampaio, J. L. F., & Tupinamba, S. V (2010). Da Primavera silenciosa ás primaveras silenciadas: Conflitos sócio-ambientais no agronegócio da fruticultura e agrotóxicos no Baixo Jaguaribe. Zhouri A, Laschefski K, organizadores. Desenvolvimento e conflitos ambientais. 1ª Edição. Belo Horizonte: UFMG, Brazil, 148-175.
Rigotto, R. M., Silva, A. M. C. D., Ferreira, M. J. M., Rosa, I. F., & Aguiar, A. C. P (2013). Tendências de agravos crônicos à saúde associados a agrotóxicos em região de fruticultura no Ceará, Brasil. Rev Bras Epidemiol, 16: 763–773. https://doi.org/https://doi.org/10.1590/S1415-790X2013000300019
Ródio, G. R., Rosset, I. G., & Brandalize, A. P. C. (2021). Exposição a agrotóxicos e suas consequências para a saúde humana. Research, Society and Development, 10(8), e43010817526-e43010817526. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i8.17526
Salomão, P. E. A., Ferro, A. M. S., & Ruas, W. F (2020). Herbicidas no Brasil: Uma breve revisão. Res Soc Devepment, 9(2), 1–22. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i2.1990
Sant’anna, C. M. R. (2009). Molecular modeling methods in the study and design of bioactive compounds: An introduction. Rev Virtual Química, 1(1): 49-57. https://doi.org/10.5935/1984-6835.20090007
Silva, J. M. D., Nonato-Silva, E., Faria, H. P., & Pinheiro, T. M. M (2005). Agrotóxico e trabalho: Uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciênc & Saúde Colet, 10: 891–903. https://doi.org/10.1590/s1413-81232005000400013
Simon, P. C., Cecatto, A. P., Reolon-Costa, A., Camera, J. N., & Cattaneo, R. (2022). Meio ambiente e saúde: perspectiva dos produtores rurais frente ao uso de defensivos agrícolas. Research, Society and Development, 11(8), e49611831394-e49611831394. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i8.31394
Yusuf, D., Davis, A. M., Kleywegt, G. J., & Schmitt, S (2008). An alternative method for the evaluation of docking performance: RSR vs RMSD. J Chem Inf Model, 48(7), 1411–1422. https://doi.org/10.1021/ci800084x
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Damião Sampaio de Sousa; Caio Henrique Alexandre Roberto; Francisco Rogênio da Silva Mendes; Márcia Machado Marinho; Hélcio Silva dos Santos; Emmanuel Silva Marinho
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
