Plásticos em ecossistemas costeiros brasileiros: ocorrência e impactos na fauna marinha
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33329Palavras-chave:
Poluição Marinha; Resíduos Sólidos; Brasil; Oceano Atlântico Sul; Sustentabilidade.Resumo
Estudos que documentam os impactos causados pela poluição de plástico no oceano aumentam a cada ano. Muitos, porém, não descrevem ou pouco revelam sobre a ocorrência e os impactos aos ecossistemas costeiros e marinhos, sendo ainda mais reduzidos quando voltados para a região sul do Atlântico e à fauna marinha. Este fato revela desafios para pesquisadores na compreensão sobre os danos causados aos ecossistemas, ainda mais quando adicionadas a outras respostas que esses ecossistemas podem manifestar, a exemplo das mudanças climáticas antropogênicas, potencializando um grave problema global que pode estar sendo subestimado, evidenciando lacunas. Neste cenário, para identificar os principais impactos do plástico na fauna marinha brasileira e onde ocorreram, realizou-se uma revisão bibliográfica crítica sobre a ocorrência e os impactos já levantados pela poluição advindo de resíduos plásticos em diferentes ecossistemas costeiros e marinhos brasileiro. Foram selecionados 36 artigos que apontaram resíduos plásticos oriundos de atividades recreativas, pesca, e das atividades urbanas. Os impactos abrangeram grupos de vertebrados como aves, cetáceos, pinípedes, peixes, tartarugas e invertebrados. Os principais impactos para as comunidades marinhas foram por meio da ingestão de resíduos plásticos, além de poluição direta dos ambientes costeiros. Os resultados contribuem para um maior conhecimento dos efeitos em áreas costeiras e marinhas brasileiras. Por fim, reforça-se a importância da ampliação de estudos direcionados a quantificação, monitoramento e análises destes impactos ao ambiente costeiro e marinho.
Referências
Amaral, A. C. Z., Corte, G. N., Filho, J. S. R., Denadai, M. R., Colling, L. A., Borzone, C., Veloso, V., Omena, E. P., Zalmon, I. R., Rocha-Barreira, C. de A., de Souza, J. R. B., da Rosa, L. C., & de Almeida, T. C. M. (2016). Brazilian sandy beaches: Characteristics, ecosystem services, impacts, knowledge and priorities. Brazilian Journal of Oceanography, 64(Special Issue 2), 5–16. https://doi.org/10.1590/S1679-875920160933064sp2
Baia, B. G. F., Fontanez, C. F., Silva, G. G., Almeida, L. R. de, Assis, M. P. de,Cinezi, G. R., & Dias, L. (2020). Plásticos e seus impactos ambientais. International Studies on Law & Education, 3(4), 167–176. http://www.hottopos.com/isle34_35/167-176JVernePlasticosF.pdf
Brasil. (2020). Panorama dos Resíduos no Brasil. Site Oficial. https://abrelpe.org.br/panorama-2020/
Bugoni, L., Krause, L., & Petry, M. V. (2001). Marine debris and human impacts on sea turtles in Southern Brazil. Marine Pollution Bulletin, 42(12), 1330–1334. https://doi.org/10.1016/S0025-326X(01)00147-3
Castro, R. O., Silva, M. L., & Araújo, F. V. de. (2018). Review on microplastic studies in Brazilian aquatic ecosystems. In Ocean and Coastal Management (Vol. 165, pp. 385–400). Elsevier Ltd. https://doi.org/10.1016/j.ocecoaman.2018.09.013
Costa, L. L., Madureira, J. F., Di Beneditto, A. P. M., & Zalmon, I. R. (2019). Interaction of the Atlantic ghost crab with marine debris: Evidence from an in situ experimental approach. Marine Pollution Bulletin, 140, 603–609. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2019.02.016
Costanza, R. (1999). The ecological, economic, and social importance of the oceans. Ecological Economics, 31, 199–213.
Da Silva Mendes, S., de Carvalho, R. H., de Faria, A. F., & de Sousa, B. M. (2015). Marine debris ingestion by Chelonia mydas (Testudines: Cheloniidae) on the Brazilian coast. Marine Pollution Bulletin, 92(1–2), 8–10. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2015.01.010
Deanin, R. D. (1975). Additives in plastics. Environmental Health Perspectives, vol.11(June), 35–39. https://doi.org/10.1289/ehp.751135
Derraik, J. G. B. (2002). The pollution of the marine environment by plastic debris: A review. In Marine Pollution Bulletin (44(9), 842–852). Pergamon. https://doi.org/10.1016/S0025-326X(02)00220-5
Di Beneditto, A. P. M., & Awabdi, D. R. (2014). How marine debris ingestion differs among megafauna species in a tropical coastal area. Marine Pollution Bulletin, 88(1–2), 86–90. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2014.09.020
Dias, B. D. S. (2016). Marine debris: understanding, preventing and mitigating the significant adverse impacts on marine and coastal biodiversity. CBD technical series, (83).
Fundação Heinrich Böll. (2020). Atlas do plástico: Fatos e números sobre o mundo dos polímeros sintéticos. 1ed. Rio de Janeiro, Brasil. Lupa. pp. 16.
Guebert-Bartholo, F. M., Barletta, M., Costa, M. F., & Monteiro-Filho, E. L. A. (2011). Using gut contents to assess foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species Research, 13(2), 131–143. https://doi.org/10.3354/esr00320
Hatje, V., Da Cunha, L. C., & Da Costa, M. F. (2013). Oceanography And Chemistry: Bridging Knowledge In Favor Of The Oceans And Society. Quimica Nova, 36(10), 1497–1508. https://doi.org/10.1590/S0100-40422013001000004
IBGE - Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil. Rio de Janeiro: Diretoria de Geociências - IBGE, 2011, 176 p. In: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv55263.pdf
Jerdy, H., Werneck, M. R., da Silva, M. A., Ribeiro, R. B., Bianchi, M., Shimoda, E., & de Carvalho, E. C. Q. (2017). Pathologies of the digestive system caused by marine debris in Chelonia mydas. Marine Pollution Bulletin, 116(1–2), 192–195. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2017.01.009
Law, K. L. (2017). Plastics in the Marine Environment. Annual Review of Marine Science, 9(1), 205–229. https://doi.org/10.1146/annurev-marine-010816-060409
Lopes, K. S. R., Santos, G. P., Lima, J. E. A., & Holz, J. P. (2020). Estudo Sobre a Poluição Plástica E Análise De Micropartículas Na Água Tratada De Porto Alegre/Rs. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, (2010), 570. https://doi.org/10.19177/rgsa.v9e02020570-587
Louro, P., & Widmer, W. M. (2017). Plastic Pellets on Campeche Beach (Santa Catarina Island, Brazil): A Seasonality and Composition Study. Environment and Ecology Research 5(4): 302-311. https://doi.org/10.13189/eer.2017.050407
Macedo, A. V., Pinheiro, A. B., & Fluminense, U. F. (2019). Solid Waste Pollution on Beaches of Ilha Grande Bay : Angra Dos Reis and Paraty ( Rj ). Mares Revista de Geografia e Etnociências, 1(2), 53–66.
Maroneze, M. M., Zepka, L. Q., Vieira, J. G., Queiroz, M. I., & Jacob-Lopes, E. (2020). Food ecology and presence of microplastic in the stomach content of neotropical fish in an urban river of the upper Paraná River Basin. Revista Ambiente e Agua, 15(4), 1–11. https://doi.org/10.4136/1980-993X
Monteiro, R. C. P., Do Sul, J. A. I., & Costa, M. F. (2020). Small microplastics on beaches of Fernando de Noronha island, tropical Atlantic ocean. Ocean and Coastal Research, 68(e20235), 1–10. https://doi.org/10.1590/S2675-28242020068235
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Método Qualitativo, Quantitativo ou Quali-Quanti. In Metodologia da Pesquisa Científica (1st ed.). UFSM, NTE. https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1. Acesso em: 28 março 2020.
Petry, M. V., & Benemann, V. R. F. (2017). Ingestion of marine debris by the White-chinned Petrel (Procellaria aequinoctialis): Is it increasing over time off southern Brazil? Marine Pollution Bulletin, 117(1–2), 131–135. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2017.01.073
Poli, C., Mesquita, D. O., Saska, C., & Mascarenhas, R. (2015). Plastic ingestion by sea turtles in Paraíba State, Northeast Brazil. Iheringia - Serie Zoologia, 105(3), 265–270. https://doi.org/10.1590/1678-476620151053265270
Possatto, F. E., Spach, H. L., Cattani, A. P., Lamour, M. R., Santos, L. O., Cordeiro, N. M. A., & Broadhurst, M. K. (2015). Marine debris in a World Heritage Listed Brazilian estuary. Marine Pollution Bulletin, 91(2), 548–553. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2014.09.032
Rio, G. P. do. (2018). Mares e oceanos: novas fronteiras da regulação territorial? Revista Brasileira de Geografia, 63(1), 61–72. https://doi.org/10.21579/issn.2526-0375_2018_n1_p61-72
Sá, F., Machado, E. D. C., Angulo, R. J., Veiga, F. A., & Brandini, N. (2006). Arsenic and heavy metals in sediments near Paranaguá port, Southern Brazil. Journal of Coastal Research, 39, 1066-1068.
Sampaio, C. P., & Santos, A. dos. (2020). A contribuição do pensamento de sistemas para a educação ambiental: teoria, metodologias, métodos e ferramentas. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), 15(7), 334–347. https://doi.org/https://doi.org/10.34024/revbea.2020.v15.10512
Santos, T. dos, Bastian, R., Felden, J., Rauber, A. M., Reynalte-Tataje, D. A., & Mello, F. T. de. (2020). First record of microplastics in two freshwater fish species (Iheringhthys labrosus and Astyanax lacustris) from the middle section of the Uruguay River, Brazil. Acta Limnologica Brasiliensia, 32(e26), 1–6. https://doi.org/10.1590/s2179-975x3020
Silva, A. L. P., Prata, J. C., Walker, T. R., Campos, D., Duarte, A. C., Soares, A. M. V. M., Barcelò, D., & Rocha-Santos, T. (2020). Rethinking and optimising plastic waste management under COVID-19 pandemic: Policy solutions based on redesign and reduction of single-use plastics and personal protective equipment. Science of the Total Environment, 742, 140565. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2020.140565
Silva, A. L. P., Prata, J. C., Walker, T. R., Duarte, A. C., Ouyang, W., Barcelò, D., & Rocha-santos, T. (2020). Increased plastic pollution due to COVID-19 pandemic: Challenges and recommendations. Chemical Enginnering Journal, 405(2021), 126683. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.cej.2020.126683
Silva, M. L. da, Castro, R. O., Sales, A. S., & Araújo, F. V. de. (2018). Marine debris on beaches of Arraial do Cabo, RJ, Brazil: An important coastal tourist destination. Marine Pollution Bulletin, 130, 153–158. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2018.03.026
Silva, M. L. da, Sales, A. S., Martins, S., Castro, R. de O., & Araújo, F. V. de. (2016). The influence of the intensity of use, rainfall and location in the amount of marine debris in four beaches in Niteroi, Brazil: Sossego, Camboinhas, Charitas and Flechas. Marine Pollution Bulletin, 113(1–2), 36–39. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2016.10.061
Tourinho, P. S., Ivar do Sul, J. A., & Fillmann, G. (2010). Is marine debris ingestion still a problem for the coastal marine biota of southern Brazil? Marine Pollution Bulletin, 60(3), 396–401. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2009.10.013
Villarrubia-Gómez, P., Cornell, S. E., & Fabres, J. (2018). Marine plastic pollution as a planetary boundary threat – The drifting piece in the sustainability puzzle. Marine Policy, 96(November 2017), 213–220. https://doi.org/10.1016/j.marpol.2017.11.035
Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, 20(44), 203–220. https://doi.org/10.20396/tem
Winston, J. E. (1982). Drift plastic-An expanding niche for a marine invertebrate? Marine Pollution Bulletin, 13(10), 348–351. https://doi.org/10.1016/0025-326X(82)90038-8
Zamora, A. M., Caterbow, A., Nobre, C. R., Duran, C., Muffett, C., Flood, C., Rehmer, C., Chemnitz, C., Lauwigi, C., Arkin, C., Costa, C. da, Teles, D. B., Amorim, D., Azoulay, D., Knoblauch, D., Seeger, D., Moun, D., Silveira, I. da, Patton., & J. Feit (2020). ATLAS DO PLÁSTICO Fatos e números sobre o mundo dos polímeros sintéticos (M. Montenegro, M. Vianna, & D. B. Teles (eds.); Primeira E). Fundação Heinrich Böll no Brasil. https://br.boell.org/sites/default/files/2020-11/Atlas do Plástico - versão digital - 30 de novembro de 2020.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Tális Pereira Matias; Thayusky da Penha Correa; Ana Maria da Costa de Souza; Juliana Leonel
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.