A questão indígena e o Estado brasileiro atual
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33379Palavras-chave:
Indígena; Biopoder; Necropolítica; Governo Federal.Resumo
Este artigo estabelece uma relação de tensão entre a questão indígena e o Estado brasileiro, delineando, a partir do conceito foucaultiano de poder e mbembiano sobre necropolítica, uma discussão entre Estado e capitalismo, em consonância com a esfera marxista. Abordamos o período compreendido entre os anos de 2019 e 2022 referente ao mandato presidencial atual que adota uma política contrária aos interesses indígenas, adotando discursos de poder contra os direitos garantidos na Constituição Federal e utilizando-se da máquina estatal em ações e medidas ambientais de agressão às reservas e aos povos indígenas. O objetivo é propor um diálogo e contribuir para o debate sobre as relações de poder que permeiam a vida social, política e econômica do Estado referentes aos povos nativos. A pesquisa se caracteriza como qualitativa, tendo como principal instrumento a revisão bibliográfica de cunho exploratório, enfocando as principais obras sobre o tema e a reflexão crítica e analítica acerca da temática. Conclui-se que o Governo Federal usa a estrutura do Estado para atingir direitos consagrados dos povos indígenas, dando preferência aos detentores do poder econômico, violando a Constituição Federal de 1988.
Referências
Alvarenga, R., & Junior, E. (2019) Da biopolítica à necropolítica contra os povos indígenas durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Ciências sociais unisinos, 55(2), 212-222.
Anater, R. (2020). Bolsonaro despreza dados e volta a dizer que país é o que mais preserva o meio ambiente. sustentabilidade, são paulo: Estadão, 6 nov. 2020. https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-despreza-dados-e-volta-a-dizer-que-pais-e-o-que-mais-preserva-o-meio-ambiente,70003504441.
Arini, J. (2020). Pantanal sofre a maior devastação de sua história enquanto voluntários lutam para salvar os animais. governo bolsonaro, são paulo: El país brasil, 12 set. 2020. https://brasil.elpais.com/brasil/2020-09-12/pantanal-sofre-a-maior-devastacao-de-sua-historia-enquanto-voluntarios-lutam-para-salvar-os-animais.html.
Bobbio, N. (1999). As ideologias e o Poder em Crise (4ª ed.) Tradução: João Ferreira. Editora UNB, Brasil.
Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm.
Brasil. (1979). Estatuto do Índio. Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1979. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm.
Buzatto, C. C. (2019). O governo bolsonaro e o anticonstitucionalismo contra os povos indígenas. colonialismo, são paulo: Le monde diplomatique brasil, 22 jan. 2019. https://diplomatique.org.br/o-governo-bolsonaro-e-o-anti-constitucionalismo-contra-os-povos-indigenas/.
Câmara, J. B D. (2013). Governança ambiental no brasil: ecos do passado. revista de sociologia e política, 21(46), 125-146.
Campos, A. Ditadura criou cadeias para índios com trabalhos forçados e torturas: documentário. reportagem, são paulo: Agência pública, 24 jun. 2013. https://apublica.org/2013/06/ditadura-criou-cadeias-para-indios-trabalhos-forcados-torturas/
Cavallo, G. A. (2018). Conhecimentos ecológicos indígenas e recursos naturais: a descolonização inacabada. Estudos avançados, 32(94), 373-390.
Demetrio, A., & Kozicki, K. (2019) (in) justiça de transição para os povos indígenas no brasil. Revista direito e práxis, 10(1), 129-169.
Dias, C. L. (2019). Os índios, a amazônia e os conceitos de escravidão e liberdade. Estudos avançados, 33(97), 235-252.
Fearnside, P. M. (2019). Retrocessos sob o presidente bolsonaro: um desafio à sustentabilidade na amazônia. Sustentabilidade int. sci. j, 1(1), 38-52.
Fernandes, P. (2015). As terras indígenas e a (in) justiça de transição: o supremo tribunal federal e a legitimação dos crimes da ditadura militar. in: oliveira, assis da costa; severi, fabiana cristina. Anais do v seminário direitos, pesquisa e movimentos sociais. vitória: fdv, pp. 1080-1093.
Filho, J. P. O., & Freire, C. A. da R. (2006). A presença indígena na formação do brasil. Unesco.
Filho, C. F. M. de. (2018). In: Canotilho, J. J. G., et al. Comentários à Constituição do Brasil: Saraiva.
Foucault, M. (2005). Aula de 17 de março de 1976. in: foucault, m. Em defesa da sociedade. curso no collège de france (1975-1976): martins fontes.p. 285-316.
Foucault, M. (1988). História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de janeiro: Edições graal.
Foucault, M. (1982). The subject and power. Critical inquiry, 8(4), 777-795.
Foucault, M. (1977). Vigiar e punir. petrópolis: vozes.
Giddens, A. (1991). As consequências da modernidade. são paulo: editora unesp.
Gimenes, E. (2020). Bolsonaro culpa indígenas, imprensa e ongs por queimadas e consequências da covid. política, brasília: Brasil de fato, 22 set. 2020. https://www.brasildefato.com.br/2020/09/22/bolsonaro-culpa-indios-caboclos-midia-e-ongs-por-queimadas-e-consequencias-da-covid.
Gortázar, N. G. (2021). Bolsonaro é denunciado por genocídio em haia, em processo guiado por advogado indígena. atualidade, El país brasil, 09 ago. 2021. <https://brasil.elpais.com/brasil/2021-08-09/bolsonaro-e-denunciado-por-genocidio-em-haia-em-processo-guiado-por-advogado-indigena.html>.
Guimarães, E. (2015). Relatório figueiredo: entre tempos, narrativas e memórias. dissertação (mestrado em memória social) – universidade federal do rio de janeiro, Rio de Janeiro.
Herculano, S. (2008). O clamor por justiça ambiental e contra o racismo ambiental. Revista de gestão integrada em saúde do trabalho e meio ambiente, 3(1), 1-20.
Kelsen. H. (2000). A Democracia. Tradução: Ivone Castilho Benedetti; Jeferson Luiz Camargo; Marcelo Brandão Cipolla e Vera Barkow: Martins Fontes.
Mandel, Ernest. (1977). Teoria marxista do estado. lisboa: edições antídoto.
Martine, G. (1982). Expansão e retração de emprego na fronteira agrícola. Brazilian journal of political economy, 2(3), 53-76.
Marx, K., & Engels, F. (2007). A ideologia alemã: boitempo.
Mbembe, A. (2018). Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção e política da morte. são paulo: n-1 edições.
Mendes, E. R. P. (2017). Raízes da violência no brasil: impasses e possibilidades. Estudos de psicanálise, n. 48, p. 33-42.
Mészáros, I. (2002). Para além do capital: rumo a uma teoria da transição (1ª ed). boitempo.
Milanez, F. et al. (2019). Existência e diferença: o racismo contra os povos indígenas. Revista direito e práxis, 10(3), 2161-2181, 2019.
Nascimento, A. P., Germani, G. I., & Santos, T. R. A. (2017). A questão agrária em foco: análise de notícias sobre os povos indígenas. II simpósio baiano de geografia agrária, p. 1-11.
Rocha, D. F., Porto, M. F. de S., & Pacheco, T. A. (2019). A luta dos povos indígenas por saúde em contextos de conflitos ambientais no brasil (1999-2014). Ciência & saúde coletiva, v. 24, p. 383-392.
Sant’anna, A. L. de O., Castro, A. de C., & Jacó-vilela, A. M. (2018). Ditadura militar e práticas disciplinares no controle de índios: perspectivas psicossociais no relatório figueiredo. psicologia & sociedade, v. 30.
Santos, A. J. V. dos. (2019). Os primeiros meses da agenda socioambiental de jair bolsonaro e o que esta nos diz sobre nossa ontologia. Sociologias plurais, 5(2), 226-244.
Saraiva, M. G., & Silva, A. V. C. (2019). Ideologia e pragmatismo na política externa de jair bolsonaro. Relações internacionais (r: i), n. 64, p. 117-137.
Sauer, S., Leite, A. Z., & Tubino, N. L. G. (2020). Agenda política da terra no governo bolsonaro. Revista da anpege, 16(29), 285-318.
Severino, A. J. (2013). Metodologia do Trabalho Científico. (1a. ed.): Cortez.
Souza, M. T., et al. (2010). Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einsten, 8(1), 102-106. https://doi.org/10.1590/S1679-45082010RW1134.
Scantimburgo, A. (2018). O desmonte da agenda ambiental no governo bolsonaro. perspectivas: Revista de ciências sociais, v. 52, p. 103-117.
Schreiber, M. (2020). Por que bolsonaro está sendo acusado de colocar indígenas em risco em meio à pandemia de covid-19. notícias, são paulo: Bbc news brasil, 22 jul. 2020. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53375095.
Silva e S. J. (2020). Nossa amazônia permanece praticamente intocada”: a amazônia no discurso do presidente jair bolsonaro na onu. Contracorrente: revista do programa de pós-graduação interdisciplinar em ciências humanas, n. 14, p. 125-142.
Silva, E. C. de A. (2018). Povos indígenas e o direito à terra na realidade brasileira. Serviço social & sociedade, n. 133, p. 480-500.
Silva, F. C. (2019). Da afirmação étnica à luta pela garantia da terra: a história de luta do povo indígena kokama, aldeia porto praia de baixo, município de tefé-amazonas. trabalho de conclusão de curso (colegiado de história), universidade do estado do amazonas, tefé.
Silva, M. R., Pires, G. de L., & Pereira, R. S. (2019). Manifesto contra o neoliberalismo totalitário, a destruição da educação, do meio ambiente, da ciência, da cultura e do ministério do esporte no governo bolsonaro. e pelo chi, chi, chi, lê, lê, lê!!!. Motrivivência, 31(60), 01-18.
Tourneau, F. (2019). O governo bolsonaro contra os povos indígenas: as garantias constitucionais postas à prova. confins. revue franco-brésilienne de géographie/revista franco-brasilera de geografia, n. 501, p. 1-17.
Tsebelis, G. (1998). Jogos Ocultos. Tradução: Luiz Paulo Rouanet: Editora da Universidade de São Paulo.
Zizek, S. (2015). Violência: seis reflexões laterais: Boitempo.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Cassius Assunção Martins; Marcela Mary José da Silva; Valmir Messias de Moura Fé; Michel da Costa; Bruno Santos de Oliveira; Cesar Augusto Freitas Jacques; Angélica Umbelina Camargo Frescura; Arlys Jerônimo de Oliveira Lima Lino Carneiro; Francisco Mesquita Santos; Joana Maristela Moreira Moleda
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.