Intoxicação por cola branca em periquito-verde (Brotogeris tirica) – Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i12.34047Palavras-chave:
Periquito-verde; Brotogeris tirica; Ave; Periquitos; Hemorragia; Congestão; Dispneia; Intoxicação.Resumo
Apesar da falta de informações sobre a sensibilidade das aves a agentes tóxicos, sabe-se que diversos produtos relativamente inofensivos ao homem podem ter efeitos profundos nas aves. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é relatar o caso de um Periquito-verde (Brotogeris tirica) que foi intoxicado após a ingestão de cola branca e discutir os aspectos fisiopatológicos envolvidos na intoxicação. Para isso, utilizou-se a metodologia do tipo estudo de caso, de caráter qualitativo, descrevendo o caso de forma detalhada e posteriormente buscando subsídios na literatura centrados na temática em estudo para complementar o saber necessário para a realização deste estudo. Doze horas após a ingestão de cola branca, o Periquito-verde (Brotogeris tirica) começou a apresentar episódios recorrentes de vômitos, que rapidamente evoluíram para um quadro crítico de dispneia, prostração e óbito. Embora o Acetato de Polivinila (PVAc), principal componente desse tipo de cola, seja descrito como uma substância não perigosa, os achados necroscópicos e histopatológicos, consistindo em congestão e hemorragia pulmonar e hepática, foram muito semelhantes aos observados em algumas toxicoses aviárias. Uma revisão minuciosa dos mecanismos in vivo e in vitro da degradação do PVAc sugere que uma associação de exposição a altas doses e insuficiência de B-esterase em aves foi a provável causa da intoxicação por PVAc, servindo de alerta para veterinários e proprietários de aves.
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