Estudo morfoanatômico e fitoquímico de amostras de sementes comercializadas como Noz-da-Índia (Aleurites moluccana)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.3518Palavras-chave:
Noz-da-Índia; Chapéu-de-Napoleão; Fitoquímica; Morfoanatomia vegetal.Resumo
O presente estudo foi realizado com o objetivo de confirmar a identidade ou a ocorrência de falsificação de amostras comercializadas como Noz-da-Índia (Aleurites moluccana). Trata-se de um estudo prospectivo, de caráter experimental e qualitativo, realizado com duas amostras comercializadas como noz-da-índia, que foram comparadas com uma amostra original de chapéu-de-napoleão (Thevetia peruviana). Foram realizadas a avaliação das características botânicas, a reação fitoquímica de Kedde para identificação de glicosídeos cardiotônicos, Cromatografia em Camada Delgada (CCD), Cromatografia em Coluna Clássica (CCC) e análise espectrométrica de infravermelho. A semelhança botânica das amostras foi confirmada pela visualização de estruturas histológicas características da espécie Thevetia peruviana. A reação de Kedde foi positiva para todas as amostras, indicando a presença de glicosídeos cardiotônicos, em conformidade com o resultado obtido para uma amostra de comprimidos de digoxina de 0,25mg. As sementes avaliadas e os comprimidos de digoxina também apresentaram semelhança quanto ao perfil cromatográfico; adicionalmente, o fracionamento cromatográfico das sementes, resultou em frações quimicamente equivalentes; a fração 6 de cada amostra foi submetida a análise por espectrometria de infravermelho, apresentando o mesmo padrão espectral. Os resultados obtidos confirmaram que sementes comercializadas como Noz-da-Índia (Aleurites moluccana) eram de Chapéu-de-Napoleão (Thevetia peruviana). A presença de cardiotônicos nas amostras avaliadas chama a atenção para o potencial risco de intoxicação dos usuários. Esse resultado evidencia a ocorrência da comercialização de drogas vegetais falsificadas, o que mostra a necessidade de fiscalização, controle de qualidade mais rigoroso para as drogas vegetais e fitoterápicos, e, principalmente, orientação farmacêutica para a promoção do uso correto das plantas medicinais.
Referências
Brasil. (2006). A fitoterapia no SUS e o programa de pesquisas de plantas medicinais da central de medicamentos. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.
Choze, R. (2004). Técnicas de separação e identificação empregadas na análise de produtos naturais de plantas.
Santos, R. (1999). Metabolismo Básico e origem dos metabólitos secundários In: SIMÕES, C. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, 333-364.
Soares, F. P., Freire, N. M., & Souza, T. R. (2015). Avaliação farmacognostica e da rotulagem das drogas vegetais boldo-do-chile (Peumus boldus Molina) e camomila (Matricaria recutita L.) comercializadas em Fortaleza, CE. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 17(3), 468-472.
Lorenzi, H., LORENZI, H., Souza, H. M., Torres, M., BACHER, L., Souza, M., ... & Bacher, V. L. B. (2003). Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas.
Schvartsman, S. (1992). Plantas venenosas e animais peçonhentos. 2^ Edição. São Paulo. Brasil.
Kishan S, Kuma AK, Mishra V, Mubben US, Alok S (2012). Thevetia Peruviana. Journal of Pharmacy India. 17; p.74-77.
Fraga, C. A. M., & Barreiro, E. J. (1996). Cardiotonic drugs: History and perspectives of an old and important class of therapeutic agents. QUIMICA NOVA, 19(2), 182-189.
Pereira, A.S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_ Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1. Acesso em: 19 Abril 2020.
RATES, S. M. K., & BRIDI, R. (2017). Heterosídeos cardioativos. SIMÕES, Cláudia Maria Oliveira; SCHENKEL, Eloir Paulo; GOSMAN, Grace.
Medeiros, L.T & Silva M.A (2017). Tonificação dos Batimentos Cardíacos Provocados por Plantas Cardiotônicas. Rio de Janeiro; 2017 acesso em 07 abr. 2017; Disponível em: URL: https://www.uva.br/pdfs/graduacao/ccbs/revistabiologia/Artigos/tonificacao.htm.
Teixeira AJL, Mazutti RA, Gontijo ELE, Silva GM, Ogawa NW. Aspectos Toxicológicos de Thevetia Peruviana e Perfil dos Usuários em Gurupi-TO. Revista Científica do ITPAC Araguaína outubro 2013; v.6, n.4.
Jesus Teixeira, L. A., Mazutti, A. R., Gontijo, É. E. L., da Silva, M. G., & Ogawa, W. N. Aspectos toxicológicos de thevetia peruviana e perfil dos usuários em gurupi-TO.
Civitox Nota Técnica nº001/2016 - CIVITOX/CVA/SGVS/SES/MS. 2016 [acesso 18/06/2017]; Disponível em: URL: http://www.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/02/Nota-T%C3%A9cnica-001_2016_Noz-da-India.pdf.
Prabhasankar, P., Ragupathi, G., Sundaravadivel, B., Annapoorani, K. S., & Damodaran, C. (1993). Enzyme-linked immunosorbent assay for the phytotoxin thevetin. Journal of Immunoassay and Immunochemistry, 14(4), 279-296.
Farmacopeia Brasileira. (2010). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anvisa, Brasília, 2, 1265-1269.
Lima, R. A., & Silva, A. C. (2016). Identificação das classes de metabólitos secundários no extrato etanólico dos frutos e folhas de Eugenia uniflora L. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, 20(1), 381-388.
Degani, A. L. G., Cass, Q. B., & Vieira, P. C. (1998). Cromatografia um breve ensaio. Química nova na escola, 7(1).
Queiroz, S. C., Collins, C. H., & Jardim, I. C. (2001). Métodos de extração e/ou concentração de compostos encontrados em fluidos biológicos para posterior determinação cromatográfica. Química Nova, 24(1), 68-76.
Lopes, W. A., & Fascio, M. (2004). Esquema para interpretação de espectros de substâncias orgânicas na região do infravermelho. Química Nova, 27(4), 670-673.
Zaia, D. A. M., de Oliveira Guarnieri, L., Sobota, K. N., de Santana, H., & Zaia, C. T. B. V. (2011). Desenvolvimento de um método para determinação de ácidos graxos em meios biológicos utilizando a espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, 32(1), 79-86.
Gabr, D. G. (2014). Seed morphology and seed coat anatomy of some species of Apocynaceae and Asclepiadaceae. Annals of Agricultural Sciences, 59(2), 229-238.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
