Ressignificação do luto e da morte em tempos de pandemia
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i16.37827Palavras-chave:
Luto; Morte; Pandemia; Cuidados paliativos.Resumo
Freud, em Luto e Melancolia, conclui que a perda do objeto de amor coloca o ego diante de um trabalho lento e doloroso: o trabalho de luto. Para o psicanalista tal tarefa exige tempo, é necessário que ocorra o desligamento da libido outrora direcionado ao objeto perdido para que o ego se torne livre para novos investimentos. Desta forma o ego sairia de um estado de melancolia para elaboração do luto. Investigamos as consequências e mudanças na percepção da morte e do luto na pandemia de COVID-19 por meio de uma revisão bibliográfica na base de dados BVS com os descritores luto, morte, pandemia e cuidados paliativos, seguindo de outra revisão bibliográfica, desta vez com o descritor psicanálise e retirando o descritor cuidados paliativos. A partir do referencial teórico de Luto e Melancolia, ensaio Sobre a transitoriedade e Considerações atuais sobre a guerra e a morte questionamos como se dá o trabalho de luto em tempos de pandemia, em que a morte torna-se frequente no cotidiano. Relacionando os trabalhos atuais com a visão proposta por Freud para analisar como a pandemia ressignificou a concepção do luto e da morte concluímos que os cuidados paliativos podem auxiliar no acompanhamento do processo de luto, identificando casos em que o luto se torna patológico e propondo intervenções multidisciplinares.
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