Efeito inseticida e modos de ação do extrato aquoso de Deguelia amazonica sobre Bemisia tabaci Biótipo B em Brassica olereceae var. acephala
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i16.38429Palavras-chave:
Planta inseticida; Controle alternativo; Mosca-branca.Resumo
A mosca-branca (Bemisia tabaci) é um inseto fitófago de difícil controle que pode causar grandes prejuízos a diversas culturas de importância econômica, como a couve, sendo considerada uma das espécies mais invasivas do mundo. Este trabalho objetivou avaliar o potencial inseticida e a eficácia do extrato aquoso da raiz do timbó (Deguelia amazonica) em três diferentes modos de ação (contato, translaminar e sistêmico) sobre as ninfas da mosca-branca (Bemisia tabaci) biótipo B em couve (Brassica oleraceae var. acephala). O material botânico coletado foi seco e triturado para a obtenção do pó vegetal e preparo dos extratos aquosos (pó vegetal + água). Para a montagem dos bioensaios foram realizadas infestações induzidas da mosca-branca em mudas sadias de couve. Os extratos foram aplicados sobre as ninfas para a determinação do seu potencial ninficida e da CL50, que foi de 2,12%, sendo esta concentração utilizada nos experimentos de modos de ação. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. Os percentuais de mortalidade foram submetidos a ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). O modo de ação tópica apresentou o melhor resultado (60,34%), ficando mais de 30% acima do segundo que foi o sistêmico. No entanto, o resultado via ação sistêmica também é considerado promissor, ultrapassando 40% de mortalidade ninfal. O modo de ação translaminar não apresentou resultados expressivos. Tais resultados demonstram o potencial do timbó (D. amazonica) como controle alternativo para a mosca-branca, apresentando-se como possibilidade na rotação de produtos naturais e químicos comerciais, sendo compatível com a proposta do manejo integrado de pragas em sistemas agroecológicos.
Referências
Abbott, W. S. (1925). A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, 18(2), 265-266.
Alecio, M. R., Fazolin, M., Coelho Netto, R. A., Catani, V., Estrela, J. L. V., Alves, S. B., Corrêa, R. S., Andrade Neto, R. C. & Gonzaga, A. D. (2010). Ação inseticida do extrato de Derris amazonica Killip para Cerotoma arcuatus Olivier (Coleoptera: Chrysomelidae). Acta Amazonica, 40 (4), 719-728.
Alecio, M. R., Fazolin, M., Oliveira, P. D. A., Estrela, J. L. V., Andrade Neto, R. D. C., Alves, S. B. & Veiga-Junior, V. F. (2014). Use of timbó (Derris and Deguellia) to control agriculture pests. In: Gupta, V. K. (Ed.). Utilisation and Management of Medicinal Plants Vol. 2. Astral, 309-328.
BFG (The Brazilian Flora Group) (2021). Brazilian Flora 2020: Leveraging the power of a collaborative scientific network. Taxon, 71(1), 178-198.
Bosco, D., Loria, A., Sartor, C. & Cenis, J. L. (2006). PCR-RFLP Identification of Bemisia tabaci Biotypes in the Mediterranean Basin. Phytoparasitica, 34(3), 243-251.
Calafiori, M. H., Santos, V. C. & De Witt, R. (2021). Avaliação de controle biológico e natural para mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B) na produção de poinsettia (Euphorbia pulcherrima Willd). Ecossistema, 41(1), 85-99.
Carvalho, S. S., Vendramim, J. D., De Sá, I. C. G., Silva, M. F. G. F., Ribeiro, L. P. & Forim, M. R. (2015). Efeito inseticida sistêmico de nanoformulações à base de nim sobre Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae) biótipo B em tomateiro. Bragantia, 74(3), 298-306.
Soares, T. N. de A. & Santos, C. A. B. (2021). Extratos vegetais com potencial para o controle da mosca-branca (Bemisia tabaci Genn.). Natural Resources, 11 (2), 22-29.
Souza, A. P. & Vendramim, J. D. (2005). Efeito Translaminar, sistêmico e de contato de extrato aquoso de sementes de nim sobre Bemisis tabaci (genn.) biótipo B em tomateiro. Neotropical Entomology, 34 (1), 83-87.
Emilie, D.; Mallent, M.; Menut, C.; Chandre, F.; Martin, T. (2015). Behavioral Response of Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae) to 20 Plant Extracts. Journal of Economic Entomology, 108(4), 1890–1901.
Finney, D. J. (1971). Probit analysis. Cambridge University Press, 333p.
Gallo, D.; Nakano, O., Sinval, S. N., Carvalho, R. P. L., Batista, G. C. D., Berti Filho, E., Parra, J. R. P., Zuchi, R. A. & Bat, S. (2002). Entomologia Agrícola. FEALQ, 920p.
Haji, F. N. P., Ferreira, R. C. F. & Moreira, A. N. (2004). Descrição morfológica, aspectos biológicos, danos e importância econômica. In: Haji, F.N.P., Bleicher, E. Avanços no manejo da mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae). Embrapa Semi-Árido, 21-30.
Idam - Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas. (2021). Relatório de Atividades IDAM 2020. http://www.idam.am.gov.br/wp-content/uploads/2021/09/RAIDAM2020_web_vfinal.pdf.
Inbar, M. & Gerling, D. (2008). Plant-mediated interactions between whiteflies, herbivores, and natural enemies. Annual Review of Entomology, 53, 431-448.
Isman, M. B. (2006). Botanical insecticides, deterrents, and repellents in modern agriculture and an increasingly regulated world. Annual Review of Entomology, 51, 45–66.
Jesus, A. C. P., Mendonça, F. A. C. & Moreira, J. O. T. (2013). Atividade inseticida e modos de ação de extratos vegetais sobre mosca branca (Bemisia tabaci). Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, 6(1), 117-134.
Laurenz, S., Schimidt, S., Balkenhol, B. & Meyhöfer, R. (2019). Natural enemies associated with the cabbage whitefly Aleyrodes proletella in Germany. Journal of Plant Diseases and Protection, 126(1), 47-54.
Lorencetti, G. A. T., Mazaro, S. M., Potrich, M., Lozano, E. R., Barbosa, L. R., Luckmann, D. & Dallacort, S. (2015). Produtos Alternativos para controle de Thaumastocoris peregrinus e indução de resistência em plantas. Floresta e Ambiente, 22(4), 541-548.
Lourenção, A.L., Krause-Sakater, R. & Valle, G. E. (2015). Mosca-branca, Bemisis tabaci (Gennadius) biótipo B. In: Vilela, E.F. & Zuch, R.A (Eds.). Pragas introduzidas no Brasil: insetos e ácaros. FEALQ, 682-702.
Lovatto, P. B., Goetze, M. & Thomé, G. C. H. (2004). Efeito de extratos de plantas silvestres da família Solanaceae sobre o controle de Brevicoryne brassicae em couve (Brassica oleracea var. acephala). Ciência Rural, 34(4), 971-978.
Machado, A. F., Castro e Silva, A., Ribeiro, H. C. T., Procópio, A. R. L., Pinheiro, C. C. S., Martins, J. R. S., Silva, W. C. (2013). Atividade biológica de extratos acetato de etila, etanólico e aquoso de timbó (Lonchocarpus floribundus) sobre carrapato bovino. Acta Amazonica, 43(2), 135-142.
Marubayashi, J. M., Yuki, V. A., Rocha, K. C. G., Mituti, T., Pelegrinotti, F. M., Ferreira, F. Z., Moura, M. F., Navas-Castillo, J., Moriones, E., Pavan, M. A. & Krause-Sakate, R. At least two indigenous species of the Bemisia tabaci complex are present in Brazil. Journal of Applied Entomology, 137(1), 113-121.
Mascaro, U. C. P., Rodrigues, L. A., Bastos, J. K., Santos, E. & Chaves da Costa, J. P. (1998). Valores de DL50 em peixes e no rato tratados com pó de raízes de Derris spp e suas implicações ecotoxicológicas. Pesquisa Veterinária Brasileira, 18(2), 53-56.
Naranjo, S. E. & J. P. Legg (2010). Biology and ecology of Bemisia tabaci. In: P.A. Stansly & S.E. Naranjo (eds.), Bemisia: bionomics and management of a global pest. Springer, 105-107.
Pena, M. R. (2012). Bioatividade de extratos aquosos e orgânicos de diferentes plantas inseticidas sobre a mosca-negra-dos-citros, aleurocanthus woglumi Ashby 1915 (hemiptera: aleyrodidae). Tese de Doutorado. Universidade Federal do Amazonas, 188p.
Polston, J. E., De Barro, P. & Boykin, L. M. (2014). Transmission specificities of plant viruses with the newly identified species of the Bemisia tabaci species complex. Pest Management Science, 70(10), 1547-1552.
Rocha, V. B. da; Sujii, E. R. (2019). Extratos vegetais com potencial para o controle da mosca branca, Bemisia tabaci, em tomateiro. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 344 - INFOTECA-E. 39p. https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1108293.
Rodrigues, S. & Silva, A. F. (2018). Plantas daninhas associadas à cultura do algodoeiro e hospedeiras de mosca-branca. Arquivos do Instituto Biológico, 85, 1-5.
Sharma, P. P., Pardeshi, A. B. & Vijigiri, D. (2011). Bioactivity of some medicinal plant extracts against Musca domestica L. Journal of Ecobiotechnology, 3(9), 14-16.
Simon-Delso, N., Amaral-Rogers, V., Belzunces, L. P., Bonmatin, J. M., Chagnon, M., Downs, C., Furlan, L., Gibbons, D. W., Giorio, C., Girolami, V., Goulson, D., Kreutzweiser, D. P., Krupke, C. H, Liess, M., Long, E., McField, M., Mineau, P., Mitchell, E. A. D., Morrissey, C. A., Noome, D. A., Pisa, L., Settele, J., Stark, J. D., Tapparo, A., Van Dyck, H., Van Praagh, J., Van der Sluijs, J. P., Whitehorn, P. R. & Wiemers, M. (2015). Systemic insecticides (neonicotinoids and fipronil): trends, uses, mode of action and metabolites. Environmental Science and Pollution Research, 22, 5–34.
Wang, S., Zhang, Y., Yang, X., Xie, W. & Wu, Q. (2017). Resistance monitoring for eight insecticides on the sweetpotato whitefly (Hemiptera: Aleyrodidae) in China. Journal of economic entomology, 110(2), 660-666.
Willis, K. J. (ed.) (2017). State of the World’s Plants 2017. Report. Royal Botanic Gardens, 58-63.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Marcelo Victor de Souza Oliveira; Hana Carvalho Leão; Carliza Luz da Silva; Carla Tamires de Sena Duarte; Neliton Marques da Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
