O uso da figura do estereótipo nos programas de humor na televisão brasileira: uma análise linguístico-discursiva acerca dos efeitos de sentido humorístico em gêneros de humor

Autores

  • Priscilla Chantal Duarte Silva Universidade Federal de Itajubá

DOI:

https://doi.org/10.17648/rsd-v3i1.39

Palavras-chave:

Estereótipo; Humor; Mídia brasileira; Semântica do humor; Discurso das mídias.

Resumo

Os estereótipos são formas de pressupostos linguistico-discursivos mais ou menos padronizadas que circulam na sociedade, orientados pela cultura. Em geral, aparecem nas práticas de humor por ser uma modalidade na qual o jocoso permite que o discurso seja livre e aberto a quaisquer colocações semânticas. É nesse sentido que os estereótipos compreendem as formas humorísticas a fim de retratar o ridículo ou o diferente em vários aspectos. A importância deste estudo se dá pela investigação de como esses estereótipos apontam o humor ao mesmo tempo em que se consolidam ainda como preconceitos na sociedade. Sendo assim, partiu-se para uma investigação para a depreensão da construção e divulgação dos estereótipos e a influência desses na produção de humor da mídia nacional, em programas televisivos de humor, e evidenciar a influência dessa imagem na sociedade brasileira. Como aporte teórico, utilizou-se a teoria da semântica do humor de Raskin (1944), os postulados de Bobbio (2011), referente aos mais diversos tipos de preconceitos, defendendo a ideia de que há duas formas de preconceito: o individual e o coletivo, sendo este último o objeto de investigação deste estudo, pois pretende explicar por que o humor é construído sobre alguns estereótipos que são compartilhados socialmente e o discurso das mídias como mecanismo de persuasão, na obra de Charaudeau (2006). Foram feitas transcrições dos programas televisivos e análise discursivas para verificar a incidência da crítica humorística respaldada nos moldes estereotipados. Como resultado, pode-se constatar que em todos os programas selecionados a presença do estereótipo se fazia presente considerando os modelos: pobre, gay, gago, gordo e deficientes. Observou-se, pois, um modelo socialmente constituído dentro dos estereótipos clássicos, o que permitiu concluir que o humor é também cercado de preconceitos, um reflexo da visão da sociedade, que embora perceba esses modelos, ri e se diverte sobre tais condições.

Referências

BACCEGA, Maria Aparecida. Os estereótipos e as adversidades. Comunicação & Educação. São Paulo, n.13, set./dez. 1998, p. 7-14.

BARTHES, Roland. Mythologies. Paris: Seuil, 1963.

BEEMAN, William. Humor. Journal of linguistic anthropology. Vol:9 iss:1‐2, 1999, p.103 -106.

BERGSON, Henri. O Riso. 2. ed. Presses Universitaires de France,Paris, 1978.

BERNARDES, Dora Luisa Geraldes. Dizer «não» aos estereótipos sociais: As ironias do controlo mental. Análise Psicológica, 3 (XXI), 2003, p. 307-321

BOBBIO, N. A Natureza do Preconceito In: Elogio da Serenidade e Outros Escritos Morais. Trad. M. Nogueira São Paulo: Editora UNESP, 2002. p.103-118

FREUD, Sigmund. Os chistes e sua relação com o inconsciente. Coleção Sigmund Freud nº 08; Ed. Imago, 2006.

FILHO, João Freire. Mídia, estereótipo e representação da minoria. Eco – pós, v.7, n.2 agosto-dezembro, 2004, p.45-71.

MACRAE, C. N., BODENHAUSEN, G. V., MILNE, A. B., & JETTEN, J. Out of mind but back insight: Stereotypes on the rebound. Journal of Personality and Social Psychology, 67, 1994, p. 808-817

POSSENTI, Sírio. O Humor da Língua: Análises Lingüísticas de Piadas. Campinas, SP : Mercado de Letras,1998.

RASKIN, Victor. Semantic Mechanisms of Humor,1985.

SILVA, PRISCILLA C. DUARTE. A intencionalidade discursiva: Estratégias de humor crítico usadas na produção de charges políticas. Disponível em: <http://bibliotecapucminas.br/teses/Letras_SilvaPC_1.pdf > Acesso em: 12 dez. 2013.

Downloads

Publicado

07/11/2016

Como Citar

SILVA, P. C. D. O uso da figura do estereótipo nos programas de humor na televisão brasileira: uma análise linguístico-discursiva acerca dos efeitos de sentido humorístico em gêneros de humor. Research, Society and Development, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 55-68, 2016. DOI: 10.17648/rsd-v3i1.39. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/39. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos