A relação da disbiose e desenvolvimento de transtornos neurodegenerativos: uma revisão sistemática de literatura
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i5.41454Palavras-chave:
Microbioma gastrointestinal; Disbiose; Sistema nervoso central; Doenças neurodegenerativas.Resumo
A disbiose consiste no desequilíbrio entre bactérias protetoras e agressoras do trato gastrointestinal (TGI), associando-se à produção de toxinas que podem gerar prejuízos à saúde. O impacto ao microbioma intestinal pode ser causado pelo uso indiscriminado de medicamentos, alimentação inadequada, distúrbios imunológicos e avanço da idade. O presente trabalho tem como objetivo analisar, por meio da comparação de 23 estudos, como o eixo intestino-cérebro é influenciado por bactérias do TGI e suas modificações quando disbiótico, além da participação no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como Doença de Alzheimer (DA), Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e Doença de Parkinson (DP) - bem como, elencar as vantagens das terapêuticas para otimizar o prognóstico dessas doenças. Quanto à DA, a microbiota intestinal pode influenciar no seu início e/ou progressão, por meio do aumento da imunorreatividade amiloide beta e mudanças fosfo-tau; além disso, secreções bacterianas estimulam a neuroinflamação e neurodegeneração. Na ELA, a redução de grupos bacteroides promove maior abundância de cianobactérias produtoras de moléculas neurotóxicas. No que tange à DP, estudos afirmam que a doença pode ter início no intestino através da correlação com a agregação de alfa-sinucleína no cólon. Quanto à terapêutica, pesquisadores afirmam que modificações dietéticas e uso de antibióticos e probióticos auxiliam no resgate do microbioma intestinal e reduzem a neurodegeneração; destaca-se ainda que o transplante de matéria fecal é neuroprotetor ao reduzir a disbiose intestinal. Conclui-se que doenças neurodegenerativas são estimuladas pelo produto das bactérias, os quais afetam a barreira hematoencefálica e influenciam negativamente a homeostase do sistema nervoso.
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