Distrito Pegmatítico de Santa Maria de Itabira (Minas Gerais) e seus depósitos de minerais de berílio
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i6.42089Palavras-chave:
Pegmatitos; Berílio; Minerais gemológicos.Resumo
A Província Pegmatítica Oriental do Brasil (PPOB) constitui uma extensa região situada na maior parte a leste do estado de Minas Gerais, onde ocorrem rochas graníticas com pegmatitos associados, muitas vezes representando importantes depósitos minerais. Esta província envolve distritos pegmatíticos com características peculiares em termos geográficos e geotectônicos. Dentre eles, o Distrito de Santa Maria de Itabira é mais meridional, sendo geologicamente pouco conhecido; seu interesse econômico é voltado principalmente para minerais de berílio, como berilo (água-marinha e esmeralda) e crisoberilo (alexandrita). O presente trabalho objetiva a descrição e a caracterização das principais áreas mineralizadas desse distrito, a partir da bibliografia disponível e de novos dados geológicos. Os depósitos são divididos em três campos pegmatíticos designados Itabira–Nova Era, Santa Maria de Itabira–Hematita e Ferros–Esmeraldas de Ferros. O primeiro constitui uma faixa principalmente esmeraldífera de grande potencial econômico, cujos depósitos mais importantes são os de Belmont, Piteiras e Capoeirana. O segundo campo pegmatítico (Santa Maria de Itabira–Hematita) apresenta pegmatitos de importância econômica para a produção de água-marinha, destacando-se os depósitos Ponte da Raiz, Morro Escuro, Jatobá e Tatu, nas imediações de Santa Maria de Itabira, além de pegmatitos produtores de alexandrita, no município de Antônio Dias. O terceiro campo (Ferros–Esmeraldas de Ferros) possui na atualidade poucas atividades minerárias, embora já tenha produzido cristais gigantes de topázio, além de ter sido o local de descoberta de esmeraldas em Minas Gerais. Os resultados obtidos apontam para as peculiaridades mineralógicas deste distrito em relação aos demais da PPOB.
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