Saúde e higiene menstrual no Brasil: Uma revisão de literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v12i9.42700

Palavras-chave:

Produtos de Higiene Menstrual; Menstruação; Saúde da Mulher.

Resumo

A menstruação é um processo fisiológico que afeta cerca de 52% das mulheres em idade reprodutiva. A saúde menstrual, incluindo o manejo adequado da higiene, é negligenciada em muitas comunidades e por órgãos públicos. O gerenciamento inadequado da higiene menstrual pode levar a problemas de saúde como infecções do trato reprodutivo feminino, além de impactos sociais. Pesquisas são necessárias para compreender melhor esses fenômenos e aumentar a conscientização sobre o tema. Este estudo busca analisar a literatura brasileira sobre higiene menstrual e suas implicações na saúde de mulheres. Uma revisão integrativa foi realizada nas bases de dados PUBMED e Google Scholar. Os seguintes descritores foram empregados: “Higiene”, “Menstruação”, “Impactos na Saúde”; “Pobreza” e “Brasil”. Foram incluídos 11 trabalhos originais, publicados entre 2018 e abril de 2023.  Os estudos analisados envolveram populações de diferentes regiões brasileiras. Preocupações relacionadas à falta de acesso a produtos de higiene menstrual, conscientização sobre saúde menstrual e serviços sanitários foram encontradas em cinco trabalhos. Outras cinco pesquisas destacaram a importância da dignidade menstrual como um aspecto fundamental do direito à saúde das mulheres em situação de vulnerabilidade. E um trabalho relatou o avanço significativo na higiene menstrual por meio da introdução dos coletores menstruais. Em conclusão, a pesquisa revelou desafios enfrentados pela população feminina brasileira, como a escassez de produtos menstruais adequados, a falta de conscientização sobre higiene menstrual, além de instalações sanitárias inadequadas. Esses achados destacam a necessidade de intervenções públicas adequadas para melhorar essa questão no Brasil.

Referências

Adinma, E. D., & Adinma, J. I. (2008). Perceptions and practices on menstruation amongst Nigerian secondary school girls. African journal of reproductive health, 12(1), 74–83.

Amorim, C. M., Marinho, W. S., Figueredo Fortes, C. H., & Nunes Araújo, L. C. (2021). Os impactos da pobreza menstrual na saúde da mulher. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (9). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/14972.

Aniebue, U. U., Aniebue, P. N., & Nwankwo, T. O. (2009). The impact of pre-menarcheal training on menstrual practices and hygiene of Nigerian school girls. The Pan African medical journal, 2, 9.

Atashili, J., Poole, C., Ndumbe, P. M., Adimora, A. A., & Smith, J. S. (2008). Bacterial vaginosis and HIV acquisition: a meta-analysis of published studies. AIDS (London, England), 22(12), 1493–1501. https://doi.org/10.1097/QAD.0b013e3283021a37.

Azevedo, D. B. (2021). “A dignidade menstrual como componente do direito fundamental de proteção à saúde das mulheres em situação de vulnerabilidade”. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) - Faculdade de Direito de Vitória, Vitória, ES, Brasil. http://191.252.194.60:8080/handle/fdv/1296.

Bhatti, L. I., & Fikree, F. F. (2002). Health-seeking behavior of Karachi women with reproductive tract infections. Social science & medicine (1982), 54(1), 105–117. https://doi.org/10.1016/s0277-9536(01)00012-0.

Boof, R. A., Brum, J. B., Oliveira, A. N., & Sueli, M. C. (2021). Pobreza menstrual e sofrimento social: a banalização da vulnerabilidade social das mulheres no brasil. Revista de Psicologia, Educação e Cultura, 25 (3): 133-147.

Bussinguer, E.C.A., & Salvador, R.L. (2022). O impacto da pobreza menstrual e da desinformação da dignidade da pessoa humana e do direito à saúde das mulheres no Brasil. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, 8(1), 49–64.

Coswosk, É. D., Neves-Silva, P., Modena, C. M., & Heller, L. (2019). Having a toilet is not enough: the limitations in fulfilling the human rights to water and sanitation in a municipal school in Bahia, Brazil. BMC public health, 19(1), 137.

Critchley, H. O. D., Babayev, E., Bulun, S. E., Clark, S., Garcia-Grau, I., Gregersen, P. K., Kilcoyne, A., Kim, J. J., Lavender, M., Marsh, E. E., Matteson, K. A., Maybin, J. A., Metz, C. N., Moreno, I., Silk, K., Sommer, M., Simon, C., Tariyal, R., Taylor, H. S., Wagner, G. P., … Griffith, L. G. (2020). Menstruation: science and society. American journal of obstetrics and gynecology, 223(5), 624–664. https://doi.org/10.1016/j.ajog.2020.06.004.

Dasgupta, A., & Sarkar, M. (2008). Menstrual Hygiene: How Hygienic is the Adolescent Girl? Indian journal of community medicine: official publication of Indian Association of Preventive & Social Medicine, 33(2), 77–80. https://doi.org/10.4103/0970-0218.40872.

de Sena, M. T., Costa, M. M., Ferreira, G. A., Nery, R. M. R., Iocca, D. C., da Costa, L. S., Pinto, G. P., & Pegoraro, V. A. (2023). O manejo inadequado da higiene menstrual e seus impactos à saúde da mulher. Brazilian Journal of Development, 9(3), 9884–9901. https://doi.org/10.34117/bjdv9n3-068.

El-Gilany, A. H., Badawi, K., & El-Fedawy, S. (2005). Menstrual hygiene among adolescent schoolgirls in Mansoura, Egypt. Reproductive health matters, 13(26), 147–152. https://doi.org/10.1016/S0968-8080(05)26191-8.

Figueiredo, M. O. (2021). "O cárcere feminino brasileiro e seus aliados: abandono, violência simbólica e institucional". Dissertação de Mestrado em Sociologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Disponível em: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/24709. Acesso em: [15/05/2023].

Fundo de População das Nações Unidas, & UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. (2021). Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos. https://www.unicef.org/brazil/media/14456/file/dignidade-menstrual_relatorio-unicefunfpa_maio2021.pdf.

Geertz, A., Iyer, L., Kasen, P., Mazzola, F., &¨Peterson, K. (2016). An Opportunity to Address Menstrual Health and Gender Equity.

Gillet, E., Meys, J. F., Verstraelen, H., Bosire, C., De Sutter, P., Temmerman, M., & Broeck, D. V. (2011). Bacterial vaginosis is associated with uterine cervical human papillomavirus infection: a meta-analysis. BMC infectious diseases, 11, 10. https://doi.org/10.1186/1471-2334-11-10.

House, S., Mahon,T., and Cavill, S. (2012). Menstrual Hygiene Matters: A Resource for Improving Menstrual Hygiene around the World. Rep. N.p.: WaterAid, Print.

Johnson, L. F., & Lewis, D. A. (2008). The effect of genital tract infections on HIV-1 shedding in the genital tract: a systematic review and meta-analysis. Sexually transmitted diseases, 35(11), 946–959. https://doi.org/10.1097/OLQ.0b013e3181812d15.

Khanna, A., Goyal, R., & Bhawsar, R. (2005). Menstrual Practices and Reproductive Problems A Study of Adolescent Girls in Rajasthan. Journal of health management,7:91–107.

Lima, A. I. S., Carvalho, A. L. P., Arantes, A. P. B., Feltrin, B. D. B., Souza, I. P. de, Krein, J. H., & Machado, L. C. de S. (2023). Pobreza menstrual entre adolescentes de uma escola estadual em Rio Verde – Goiás. Research, Society and Development, 12(5), e15112541629. https://doi.org/10.33448/rsd-v12i5.41629.

Majeed, J., Sharma, P., Ajmera, P., & Dalal, K. (2022). Menstrual hygiene practices and associated factors among Indian adolescent girls: a meta-analysis. Reproductive health, 19(1), 148. https://doi.org/10.1186/s12978-022-01453-3.

McMahon, S. A., Winch, P. J., Caruso, B. A., Obure, A. F., Ogutu, E. A., Ochari, I. A., & Rheingans, R. D. (2011). 'The girl with her period is the one to hang her head' Reflections on menstrual management among schoolgirls in rural Kenya. BMC international health and human rights, 11, 7. https://doi.org/10.1186/1472-698X-11-7.

Mendes, K. D. S., silveira, R. C. C. P., & Galvão, C. M. (2008). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, 17, 758-764.

Rocha, L., Soeiro, R., Gomez, N., Costa, M. L., Surita, F. G., & Bahamondes, L. (2022). Assessment of sexual and reproductive access and use of menstrual products among Venezuelan migrant adult women at the Brazilian-Venezuelan border. Journal of migration and health, 5, 100097.

Santos Neta, F. P. (2022). “Relatório da grande reportagem "Pobreza menstrual e seus impactos: relatos de uma Natal que sangra". Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Jornalismo) – Departamento de Comunicação do Social. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48481.

Schuh, C. L. (2022). “A pobreza menstrual: um problema social que impede a efetivação dos direitos fundamentais de estudantes que já atingiram a menarca.” Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) - Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. http://hdl.handle.net/11624/3408.

Sharma, A., McCall-Hosenfeld, J. S., & Cuffee, Y. (2022). Systematic review of menstrual health and hygiene in Nepal employing a social ecological model. Reproductive health, 19(1), 154. https://doi.org/10.1186/s12978-022-01456-0.

Soeiro, R. E., Rocha, L., Surita, F. G., Bahamondes, L., & Costa, M. L. (2021). Period poverty: menstrual health hygiene issues among adolescent and young Venezuelan migrant women at the northwestern border of Brazil. Reproductive health, 18(1), 238. https://doi.org/10.1186/s12978-021-01285-7.

Soeiro, R. E., Rocha, L., Surita, F. G., Bahamondes, L., & Costa, M. L. (2021). Period poverty: menstrual health hygiene issues among adolescent and young Venezuelan migrant women at the northwestern border of Brazil. Reproductive health, 18(1), 238.

Sommer, M. (2010). Where the education system and women's bodies collide: The social and health impact of girls' experiences of menstruation and schooling in Tanzania. Journal of adolescence, 33(4), 521–529. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2009.03.008.

Sommer, M., & Sahin, M. (2013). Overcoming the taboo: advancing the global agenda for menstrual hygiene management for schoolgirls. American journal of public health, 103(9), 1556–1559. https://doi.org/10.2105/AJPH.2013.301374.

Sousa, V. K. S. (2022). “Pobreza menstrual no Brasil e os impactos no direito à educação das mulheres – uma violação de direitos humanos”. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) - Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, RN, Brasil. Disponível em: https://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/8504. Acesso em: [15/05/2023].

Sumpter, C., & Torondel, B. (2013). A systematic review of the health and social effects of menstrual hygiene management. PloS one, 8(4), e62004. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0062004.

Sweet R. L. (2000). Gynecologic conditions and bacterial vaginosis: implications for the non-pregnant patient. Infectious diseases in obstetrics and gynecology, 8(3-4), 184–190. https://doi.org/10.1155/S1064744900000260.

Wons, L. (2020). "Introduzindo o primeiro produto menstrual que não absorve nada": Coletores menstruais e transformações nas ordens prático-simbólicas da menstruação. Dissertação de Mestrado em [Nome do programa, se aplicável]. Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil. https://repositorio.ufba.br/handle/ri/32194.

Xavier, G. L. A. (2022). “Da pobreza à dignidade menstrual: uma análise da legislação e das políticas públicas no Brasil”. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) - Faculdade de Direito de Alagoas, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL. Brasil. http://www.repositorio.ufal.br/jspui/handle/123456789/10350.

Downloads

Publicado

04/09/2023

Como Citar

CAMPOS, D. D. de .; CORREA, V. E. D. .; SOUSA, L. B. de .; ALMEIDA, A. C. de .; BAIA, A. C. G. .; MARTINS, A. V. .; MOURA, L. M. .; SOBRINHO, V. C. A. .; ARAUJO, F. M. S. .; NAVARRO, A. M. .; SILVA, V. dos S. .; CARVALHO, D. C. de . Saúde e higiene menstrual no Brasil: Uma revisão de literatura. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 9, p. e0312942700, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i9.42700. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/42700. Acesso em: 28 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos de Revisão