Estudo clínico: Avaliação do potencial emagrecedor e hipoglicemiante das plantas medicinais Equisetum arvense e Camellia sinensis
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i8.42703Palavras-chave:
Equisetum arvense; Camellia Sinensis; Obesidade; Diabetes Mellitus.Resumo
As plantas medicinais Equisetum arvense e Camellia sinensis são popularmente utilizadas no Brasil para tratar a obesidade e o diabetes mellitus. Para se comprovar a eficácia e segurança do consumo contínuo destas, este estudo teve como objetivo avaliar se tais plantas poderiam ocasionar perda de peso, redução do índice de massa corporal, da circunferência abdominal, diminuição dos índices glicêmicos, e indução de toxidade hepática e renal nos participantes da pesquisa. Foi realizada uma pesquisa laboratorial longitudinal em uma amostra de 09 indivíduos adultos saudáveis que consumiram diariamente, durante 28 dias, cápsulas manipuladas contendo o extrato seco de cada planta medicinal ou cápsulas contendo placebo. Antes, durante e após a fase experimental foram realizadas a aferição das variáveis antropométricas e coleta sanguínea para realização dos exames laboratoriais. Deste modo, pôde-se verificar que não houve correlação entre o consumo de ambas plantas e a ocorrência de redução significante (p < 0,05) no peso, no índice de massa corporal ou na circunferência abdominal da amostra durante o ensaio clínico, porém observou-se que a planta Camellia sinensis apresentou efeito hipoglicemiante em seu grupo experimental. Além disso, verificou-se que nenhuma das plantas provocou alteração das funções hepáticas e renais nos participantes, demonstrando ausência de efeitos toxicológicos nos testes. Os resultados obtidos constataram a importância da realização de estudos complementares que avaliem o potencial terapêutico de plantas medicinais usadas de forma empírica pela população brasileira no tratamento de diferentes patologias, sobretudo da obesidade e do diabetes mellitus.
Referências
Bahia, C. A., Guimarães, R. M. & Asmus, C. I. R. F. (2014). Alterações nos marcadores hepáticos decorrentes da exposição ambiental a organoclorados no Brasil. Cadernos de Saúde Coletiva, 22(2), 133-141. http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201400020005
Barbosa, P. J. B., Lessa, I., Filho, N. A., Magalhães, L. B. N. C. & Araújo, J. (2006). Critério de obesidade central em população brasileira: impacto sobre a síndrome metabólica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 87(4), 407-414. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2006001700003
Basu, A., Sanchez, K., Leyva, M. J., Wu, M., Betts, N. M., Aston, C. E. & Lyons, T. J. (2010). Green tea supplementation affects body weight, lipids, and lipid peroxidation in obese subjects with metabolic syndrome. Journal of the American College of Nutrition, 29(1), 31-40. https://doi.org/10.1080/07315724.2010.10719814
Bhat, T. A. & Begum, W. (2017). Efficacy of Tamarindus indicus, Melia azadirach and Santalum album in syndromic management of abnormal vaginal discharge: A single-blind randomized controlled trial. Journal of Complementary and Integrative Medicine, 15(2), 1-8. https://doi.org/10.1515/jcim-2015-0023
Bogdanski, P., Suliburska, J., Szulinska, M., Stepien, M., Pupek-Musialik, D. & Jablecka, A. (2012). Green tea extract reduces blood pressure, inflammatory biomarkers, and oxidative stress and improves parameters associated with insulin resistance in obese, hypertensive patients. Nutrition Research, 32(6), 421-427. https://doi.org/10.1016/j.nutres.2012.05.007
Borghi, C., Rossato, E., Vernaschi, G., Lázaro, I. & García, J. (2018). Efeito sinérgico dos fitoterápicos provenientes do Chá Verde (Camellia sinensis) e Cavalinha (Equisetum arvense) no combate à obesidade. Conic Semesp - 19° Congresso Nacional de Iniciação Científica. https://conic-semesp.org.br/anais/files/2019/trabalho-1000004362.pdf
Bottino, D. A., Nogueira, D. C. G., Lourenço, A. C., Fortes, V. S., Berreta, A. A. & Bouskela, E. (2014). Low dose of green tea catechin improves endothelial function and vascular smooth muscle cell reactivity in obese women. Medical Express, 1(5), 262-267. https://doi.org/10.5935/MedicalExpress.2014.05.09
Brijesh, Nair. (2019). Clinical Trial Designs. Indian Dermatology Online Journal, 10(2), 193-201. https://journals.lww.com/idoj/Fulltext/2019/10020/Clinical_Trial_Designs.23.aspx
Cavalcanti, D. S. P. & Jesus F. C. (2016). Propriedades medicinais da Cavalinha, Gengibre e Chá Verde que auxiliam no emagrecimento. Quinto seminário Pesquisar da faculdade Alfredo Nasser. http://www.faculdadealfredonasser.edu.br/files/Pesquisar_5/21-11-2016-21.52.04.pdf
Dullo, A.G., Duret, C., Rohrer, D. Girardier, L., Mensi, N., Fathi, M., Chantre, P. & Vandermander, J. (1999). Efficacy of a green tea extract rich in catechin polyphenols and caffeine in increasing 24-h energy expenditure and fat oxidation in humans. The American Journal of Clinical Nutrition, 70(6), 1040-1045.
https://doi.org/10.1093/ajcn/70.6.1040
Esteghamati, A., Mazaheri, T., Rad, M.V. & Noshad, S. (2015). Complementary and Alternative Medicine for the Treatment of Obesity: A Critical Review. International Journal of Endocrinology and Metabolism, 13(2), 1-9. https://dx.doi.org/10.5812/ijem.19678
Francischi, R. P. P., Pereira, L. O., Freitas, C. S, Klopfer, M., Santos, R. C., Vieira, P. & Júnior, A. H. L. (2000). Obesidade: Atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Revista de Nutrição, 13(1), 17-28. https://doi.org/10.1590/S1415-52732000000100003
Funke, I. & Melzig, M. F. (2006). Traditionally used plants in diabetes therapy – phytotherapeutics as inhibitors of α-amilase activity. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 16(1), 1-5. https://doi.org/10.1590/S0102-695X2006000100002
Hinault, C., Caroli-Bosc, P., Bost, F. & Chevalier, N. (2023). Critical Overview on Endocrine Disruptors in Diabetes Mellitus. International Journal of Molecular Sciences, 24(5), 1-20. https://doi.org/10.3390/ijms24054537
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019). Pesquisa Nacional em Saúde: um em cada quatro adultos do país estava obeso em 2019 – Atenção Primária foi bem avaliada. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/29204-um-em-cada-quatro-adultos-do-pais-estava-obeso-em-2019
Kajimoto, O., Kajimoto, Y., Yabune, M., Nakamura, T., Kotani, K., Suzuki, Y., Nozawa, A., Nagata, K., Unno, T., Sagesaka, Y. M., Kakuda, T. & Yoshikawa, T. Tea Catechins with a Galloyl Moiety Reduce Body Weight and Fat. (2005). Journal of Health Science, 51(2), 161-171. https://doi.org/10.1248/jhs.51.161
Kiani, A. K., Naureen Z., Pheby D., Henehan G., Brown R., Sieving P., Sykora P., Marks R., Falsini B., Capodicasa N., Miertus S., Lorusso L., Dondossola D., Tartaglia G. M., Ergoren M. C., Dundar M., Michelini S., Malacarne D., Bonetti G., Donato K., Medori M. C., Beccari T., Samaja M., Connelly S. T., Martin D., Morresi A., Bacu A., Herbst K. L., Kapustin M., Stuppia L., Lumer L., Farronato G. & Bertelli M. (2022). Methodology for clinical Research. Journal of Preventive Medicine and Hygiene, 63(3), 267-278. https://doi.org/10.15167/2421-4248/jpmh2022.63.2S3.2769
Ladeira, L. C. M. (2021). Efeitos da infusão de Camellia sinensis (L.) Kuntze sobre parâmetros morfofisiológicos cardíacos e renais de ratos Wistar com diabetes tipo I. Tese (Doutorado), Biologia Celular e Estrutural, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. https://locus.ufv.br//handle/123456789/28229
Mariath, A. B., Grillo, L. P., Silva, R. O., Schmitz, P., Campos, I. C., Medina, J. R. P. & Kruger, R. M. (2007). Obesidade e fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis entre usuários de uma unidade de alimentação e nutrição. Cadernos de Saúde Pública, 23(4), 897-905. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2007000400017
Mello, M. & Budel, J. M. (2013). Equisetum L. (Equisetaceae): Uma revisão. Cadernos da Escola de Saúde, 1(9), 1-15. https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/cadernossaude/article/view/2370
Mimica-Dukic, N., Simin, N., Cvejic, J., Jovin, E., Orcic, D. & Bozin, B. (2008). Phenolic compounds in field horsetail (Equisetum arvense L.) as natural antioxidants. Molecules, 13(7), 1455-1464. https://doi.org/10.3390/molecules13071455
Ministério da Saúde. (2012). Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica, 31(1), 1-154. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plantas_medicinais_cab31.pdf
Ministério da Saúde. (2014). Resolução da diretoria colegiada – RDC N°26. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_13_05_2014.pdf
Nagao, T., Komine, Y., Soga, S., Meguro, S., Hase, T. Tanaka, Y. & Tokimitsu, I. (2005). Ingestion of a tea rich in catechin leads to a reduction in body fat and malondialdehyde-modified LDL in men. The American Journal of Clinical Nutrition, 81 (1), 122-129. https://doi.org/10.1093/ajcn/81.1.122
Negri, G. (2005). Diabetes melito: plantas e princípios ativos naturais hipoglicemiantes. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 41(2), 121-142. https://doi.org/10.1590/S1516-93322005000200002
Oliveira, C. L., Mello, M. T., Cintra, I. P. & Fisberg, M. (2004). Obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência. Revista de Nutrição, 17(2), 237-245. https://doi.org/10.1590/S1415-52732004000200010
Oliveira, I. C. & Cordeiro, P. B. M. H. (2013). Os Fitoterápicos como Coadjuvantes no Tratamento da Obesidade. Cadernos UniFOA, 8(1), 97-104. https://doi.org/10.47385/cadunifoa.v8.n1%20(Esp.).1240
Pitanga, F. J. G. & Lessa, I. (2005). Indicadores Antropométricos de Obesidade como Instrumento de Triagem para Risco Coronariano Elevado em Adultos na Cidade de Salvador - Bahia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 85(1), 26-31. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2005001400006
Pouliot, M. C., Després, J. P., Lemieux S., Moorjani S., Bouchard, C., Tremblay, A., Nadeu, A. & Lupien, P. J. (1994). Waist circumference and abdominal sagittal diameter: best simple anthropometric indexes of abdominal visceral adipose tissue accumulation and related cardiovascular risk in men and women. The American Journal of Cardiology, 73(7), 460-46. https://doi.org/10.1016/0002-9149(94)90676-9
Revilla, M. C., Andrade-Cetto, A., Islas, S. & Wiedenfeld, H. (2002). Hypoglycemic effect of Equisetum myriochaetum aerial parts on type 2 diabetic patients. Journal of Ethnopharmacology, 81(1), 117-120. https://doi.org/10.1016/S0378-8741(02)00053-3
Sartorelli, D. S. & Franco, L. J. (2003). Tendências do diabetes mellitus no Brasil: o papel da transição nutricional. Cadernos de Saúde Pública, 19(1), 29-36. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000700004
Sociedade Brasileira de Diabetes. (2017). Diretrizes 2017-2018. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4925460/mod_resource/content/1/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf
Sociedade Brasileira de Nefrologia. (2011). E-book Biomarcadores na Nefrologia. https://periciamedicadf.com.br/manuais/biomarcadores_na_nefrologia.pdf
Teles, D. I. C. (2013). A Fitoterapia como tratamento complementar na Diabetes mellitus. Dissertação (Mestrado), Ciências Farmacêuticas, Universidade Fernando Pessoa, Porto. https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4080/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_DT%20FINAL.pdf
Verrengia, E. C., Kinoshita, S. A. T. K. & Amadei, J. L. (2013). Medicamentos Fitoterápicos no Tratamento da Obesidade. Uniciências, 17(1), 53-38. https://doi.org/10.17921/1415-5141.2013v17n1p%25p
Weisheimer, N., Filho, P. F. C., Neves, R. P. C., Sousa, R. M., Pinto, D. S. & Lemos, V. M. (2015). Fitoterapia como alternativa terapêutica à obesidade. Revista de Ciências da Saúde Nova Esperança, 13(1), 103-111. https://revista.facene.com.br/index.php/revistane/article/view/478
World Health Organization. (2021). Diabetes. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/diabetes
World Health Organization. (2021). Obesity and overweight. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Camilla Renata Ribeiro Alves; Gabriela Ortega Coelho Thomazi
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.