Evidências acerca da associação causal entre hipotireoidismo e depressão
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i11.43800Palavras-chave:
Hipotireoidismo; Hipófise; Tiroxina; Serotonina.Resumo
Introdução: A função tireoidiana está intimamente associada às funções neuropsicológicas, incluindo o estado mental e as funções cognitivas. O hipotireoidismo subclínico (HSC) é definido como uma condição com níveis elevados de hormônio estimulador da tireoide (TSH) e níveis normais de tiroxina livre (T4). Objetivo: evidenciar a relação entre hipotireoidismo e transtorno depressivo. Metodologia: trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão integrativa. A pesquisa foi realizada através do acesso online nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR), Google Scholar, EBSCO Information Services, no mês de agosto de 2021. Resultados: Ainda que não seja claro o papel desempenhado pelos hormônios tireoidianos na fisiopatologia dos transtornos mentais, tem sido sugerido que pequenas mudanças nos níveis de hormônio da tireoide, mesmo dentro da faixa normal, podem estar relacionadas à alteração da função cerebral na depressão. Atualmente, existem 2 hipóteses explicativas: o déficit de serotonina e o déficit de noradrenalina no sistema nervoso central provocados pelos distúrbios hormonais. É importante ressaltar que a via tireoidiana-psíquica é bidirecional, portanto, tanto alterações tireoidianas podem provocar sintomas depressivos ou exacerbar uma patologia psiquiátrica prévia, quanto a depressão pode promover distúrbios tireoidianos, sendo este segundo caso menos frequente. Conclusão: O papel da função tireoidiana nas doenças depressivas é pouco claro. Embora existam algumas evidências de que discretas alterações tireoidianas predisponham a casos de depressão, as anormalidades específicas envolvendo a tireoide e os quadros depressivos permanecem pouco conhecidas. No entanto, existe um vínculo de causalidade.
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