Síndrome de Guillain-Barré pediátrica: Uma série de casos
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i13.44236Palavras-chave:
Síndrome de Guillain-Barré; Pediatria; Brasil; Imunoglobulina humana intravenosa.Resumo
Este trabalho objetivou avaliar clinica-epidemiologicamente pacientes entre 1 e 13 anos diagnosticados com a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) em um hospital universitário entre janeiro de 2019 e junho de 2023. Foi realizado um estudo retrospectivo de uma série de casos por meio da análise de prontuários. Encontrou-se cinco casos com manifestação clínica típica de SGB: fraqueza e redução de reflexos tendinosos de caráter progressivo e ascendente, com tempo de evolução variado. Apenas dois casos apresentaram redução de sensibilidade associada. Em quatro casos foi realizada coleta de líquor, cuja análise foi útil na confirmação do diagnóstico e nos cinco casos realizou-se eletroneuromiografia, que indicou que em um dos casos a doença era da forma desmielinizante e nos demais da forma axonal motora. Analisando a história clínica e sintomas infecciosos, além das provas sorológicas e pesquisas virais disponíveis, foi possível presumir a etiologia de dois casos sendo COVID-19 e gastroenterite prévios. Um caso teve uma correlação temporal com a Vacina Oral de Poliomielite e a vacina para Febre Amarela. Todos os pacientes foram tratados com imunoglobulina a fim de reduzir o tempo de recuperação, com um desfecho positivo em três casos. Um caso evoluiu com parada cardiorrespiratória. Um caso não apresentou melhora com uma dose de imunoglobulina, mas apresentou melhora ao receber uma segunda dose. Concluiu-se que a SGB tem gravidade e evolução variada, sendo imprescindível o reconhecimento precoce dos sintomas e agilidade no diagnóstico, de forma a iniciar o tratamento com celeridade e prevenir maiores sequelas.
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