A pandemia de COVID-19 e as mudanças na taxa de natalidade na cidade de Fortaleza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v13i1.44873

Palavras-chave:

COVID-19; Nascimentos; Brasil; Taxa de natalidade; IDH.

Resumo

O COVID-19, inicialmente identificado na China, é um vírus coronavírus que causa danos sistêmicos e com alto potencial de morbimortalidade. Devido à magnitude da pandemia, sugere-se mudanças na sociedade, como visto em outras catástrofes ocorridas na história, especialmente na saúde e na taxa de natalidade. Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi  realizar a análise das taxas de natalidade em Fortaleza durante a pandemia através de perfis sócio epidemiológicos de mulheres e gestantes desse período. Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo, descritivo, quantitativo, realizado com dados de 2016 a 2021 obtidos através do SINASC de Fortaleza – CE. Entre 2016 e 2019, observamos uma redução significativa (p<0.001) na média mensal de nascidos vivos em Fortaleza, comparada a 2020 e 2021. Além disso, o grupo dos bairros enquadrados com IDH-Muito Baixo foi o único que apresentou aumento significativo da média (p=0,02). A diminuição na taxa de natalidade foi consistente em todas as faixas, prevalecendo mais filhos entre mulheres com 8-11 anos de estudo. Após a pandemia, houve uma queda entre mulheres mais jovens e aumento entre as de 35 a 44 anos. Quanto às consultas de pré-natal, houve uma redução absoluta, que acompanha a redução no número total de nascimentos. Embora muitas teorias possam explicar os fatores que evidenciaram esse desfecho, como aumento de sintomas de ansiedade e depressivos, impacto econômico e desemprego, novos estudos são necessários para elucidar as causas e as consequências da pandemia de COVID-19 na taxa de natalidade de uma população.

Referências

Adserà, A. & Mendes, A. (2011). Fertility changes in Latin America in periods of economic uncertainty. Population Studies. 65(1), 37-56. 10.1080/00324728.2010.530291.

Arcêncio, R. A., et al. (2021). Reiterando o sentido da epidemiologia social na compreensão das desigualdades e avanço da equidade em tempos da COVID-19. Anais do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, 20, 74-77.

Barros, M. B. A., et al. (2020). Relato de tristeza/depressão, nervosismo/ansiedade e problemas de sono na população adulta brasileira durante a pandemia de COVID-19. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 29(4). http://dx.doi.org/10.1590/s1679-49742020000400018.

Bilhim, J. A. F. (2021). Impacto da pandemia COVID-19 no sistema público de saúde em Portugal e Brasil. Revista Gestão & Saúde, 12(1), 1-4. https://doi.org/10.26512/gs.v12i01.37724.

Boberg-Fazlic, N., et al. (2017). Disease and Fertility: Evidence from the 1918 Influenza Pandemic in Sweden, IZA DP, Bonn, 10834.

Brasil. (2020). Orientações gerais sobre a atuação do ACS frente à pandemia de Covid-19 e os registros a serem realizados no e-SUS APS. Brasília, DF: MS. http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/esus/Orientacoes_ACS_COVID_19.pdf.

Brasil. Ministério da Saúde. (1985). Assistência Integral à Saúde da Mulher: bases de ação programática. Brasília, Centro de Documentação do Ministério da Saúde.

Brasil. Ministério da Saúde. (2022). Painel Coronavírus. Brasília, DF: MS, https://covid.saude.gov.br.

Brooks, S. K., et al. (2020). The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet, 395, 912-920. 10.1016/S0140-6736(20)30460-8.

Carcedo, R. J., et al. (2020). International Journal of Environmental Research and Public Health, 17(841). 10.3390/ijerph17030841.

Castro, M. C., et al. (2018). Implications of Zika virus and congenital Zika syndrome for the number of live births in Brazil. Proc Natl Acad Sci U S A, 12(24), 6177-6182. 10.1073/pnas.1718476115.

Cito, G., et al. (2021). The Impact of the COVID-19 Quarantine on Sexual Life in Italy. Urology, 147, 37-42. 10.1016/j.urology.2020.06.101.

Demenech, L. M., et al. (2020). Desigualdade econômica e risco de infecção e morte por COVID-19 no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, 23.

Fernandes, F. C. G. M., Santos, E. G. de O. & Barbosa, I. R. (2019). A idade da primeira gestação no Brasil: dados da pesquisa nacional de saúde. J. Hum. Growth Dev. 29(3), 304-12. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822019000300002&lng=pt&nrm=iso.

Fujimori, E., Oliveira, I. M. V., Lima, A. R., Cassana, L. M. N., Szarfarc, S. C. (1997). Perfil Socioeconomico y biológico de embarazadas adolescentes de uma maternidade de beneficência em São Paulo, Brasil. Cuad Méd Soc., 38(2), 97-104.

Güner, H. R., Hasanoğlu, İ., Aktaş, F. (2020). COVID-19: Prevention and control measures in community. Turkish Journal of Medical Sciences, 50(SI-1), 571-577. 10.3906/sag-2004-146.

Li, G., et al. (2020). Impact of the COVID-19 Pandemic on Partner Relationships and Sexual and Reproductive Health: Cross-Sectional, Online Survey Study. J Med Internet Res, 22(8), e20961. 10.2196/2096.

Lin, T., et al. (2021). The impact of the COVID-19 pandemic on economic security and pregnancy intentions among people at risk of pregnancy. Contraception, 103(6), 380-385. 10.1016/j.contraception.2021.02.001.

Mendoza, V., et al. (2021). Impact of the Covid-19 Pandemic on Birth Rates in 2020: The Case of Colombia. Rev Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 43(6), 492-494.

Micelli, E., et al. (2020). Desire for parenthood at the time of COVID-19 pandemic: an insight into the Italian situation. Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology, 41(3), 183-190.

Ministério da Economia. (2020). Ministério da Economia avalia impacto econômico do coronavírus. https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2020/03/ministerio-da-economia-avalia-impacto-economico-do-coronavirus-no-brasil.

Muise, A., et al. (2015). Sexual Frequency Predicts Greater Well-Being, But More is Not Always Better. Social Psychological and Personality Science, 7(4). https://doi.org/10.1177/1948550615616462.

Patel, J. A., et al. (2020). Poverty, inequality and COVID-19: the forgotten vulnerable. Public Health, 183, 110-111. 10.1016/j.puhe.2020.05.006.

IBGE. (2023). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=resultados.

Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. UFSM.

Reis, A. P. dos, et al. (2020). Informação sobre gênero, raça/etnia e posição social para o controle da pandemia de COVID-19 no Brasil. Nota técnica. https://ds.saudeindigena.icict.fiocruz.br/handle/bvs/2802?mode=full.

Sanhueza-Sanzana, C., et al. (2021). Desigualdades sociais associadas com a letalidade por COVID-19 na cidade de Fortaleza, Ceará, 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 30(3). https://doi.org/10.1590/S1679-49742021000300022.

Torales, J., et al. (2020). Self-perceived stress during the quarantine of COVID-19 pandemic in Paraguay: an exploratory survey. Frontiers in Psychiatry, 11(558691). 10.3389/fpsyt.2020.558691.

Ullah, A., et al. (2020). Potential Effects of the COVID-19 Pandemic on Future Birth Rate. Frontiers in Public Health, 8(578438). 10.3389/fpubh.2020.578438.

Viellas, E. F., et al. (2014). Assistência pré-natal no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 30, S85-S100.

Vigl, J., et al. (2021). Relationship Satisfaction in the Early Stages of the COVID-19 Pandemic: A Cross-National Examination of Situational, Dispositional, and Relationship Factors. OSF Preprints. https://doi.org/10.31219/osf.io/b5c8g.

Downloads

Publicado

30/01/2024

Como Citar

SILVA, A. G. S. da .; VIANA , F. A. N. .; GUERREIRO, G. da C. .; OLIVEIRA, R. H. de .; SILVA, C. J. da .; SANTOS, S. G. M. .; OLIVEIRA, A. B. T. de . A pandemia de COVID-19 e as mudanças na taxa de natalidade na cidade de Fortaleza . Research, Society and Development, [S. l.], v. 13, n. 1, p. e14313144873, 2024. DOI: 10.33448/rsd-v13i1.44873. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/44873. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde