Cobre (Cu): Reatividade, compostos de coordenação e atuação biológica
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i3.45291Palavras-chave:
Complexos metálicos; Hemocianinas; Metais; Proteínas azuis de cobre.Resumo
O cobre (Cu) é um dos metais mais utilizados pelo ser humano e seu emprego, nas mais diversas aplicações, remonta a priscas eras. Apresentando uma versatilidade redox relativamente alta (mais do que três (3) estados de oxidação possíveis com significativa estabilidade: Cu(I); Cu(II); Cu(III); e Cu(IV)), é encontrado, principalmente, nos estados de oxidação +1 (íon cuproso, Cu(I)) e +2 (íon cúprico, Cu(II)). O cobre (Cu) apresenta uma química de coordenação extremamente rica e variada, a começar pelas significativas diferenças encontradas nas geometrias possíveis para os seus respectivos complexos metálicos. Cu(I) apresenta uma configuração eletrônica d10, enquanto Cu(II) possui uma configuração d9 e Cu(III) constitui uma configuração d8. Estas três (3) configurações eletrônicas distintas representam predisposições a geometrias de complexos metálicos diferenciadas (tetraédrica, octaédrica distorcida e quadrática planar, respectivamente). Destaca-se, igualmente, por ser um dos principais metais de transição no meio biológico, com especial atuação em sítios ativos de altamente relevantes metaloproteínas, tais como as hemocianinas e as proteínas azuis de cobre (Cu). O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo introdutório à química do cobre (Cu), como especial atenção à sua química bioinorgânica, sobretudo a relação estrutura-função das metaloproteínas de cobre (Cu), através de “Revisão Narrativa de Literatura”. Assim sendo, este artigo apresenta a química do cobre (Cu), partindo das propriedades fundamentais deste elemento, passando pelas características do Cu como centro de coordenação e culminando com relevantes exemplos da atuação do Cu no meio biológico, em especial, atuando como sítio ativo de proteínas.
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