Cães como sentinela ambiental no Porto de Santos
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i9.46757Palavras-chave:
Metais pesados; Monitoramento ambiental; Biomarcadores; Cães; Zinco.Resumo
O rio Pouca Saúde se comunica com o Estuário do Porto de Santos, no bairro Porto em Guarujá. Ao longo do rio existem muitas palafitas lançando esgoto e lixo doméstico. O objetivo foi verificar se cães semidomiciliados da região do Rio Pouca Saúde podem ser biomarcadores de contaminação ambiental. Foram incluídos cães semidomiciliados que perambulavam constantemente pelas margens do Rio Pouca Saúde. Os cães foram submetidos a avaliação clínica, para verificação de possíveis ferimentos em patas e membros, e verificada as funções renal e hepática e realizada a dosagem de Antimônio, Cádmio, Chumbo, Cromo, Mercúrio, Níquel e Zinco. Os cães receberam vacina múltipla e antirrábica, coleira de identificação e coleira antiparasitária. A análise do sangue de 30 cães (50% fêmeas) com média de idade de 4,1 anos, identificou concentração elevada do metal Zinco em 27 indivíduos (90%) (Zn = 3,37 mg/kg ±0,71), que, também foi encontrado em concentrações elevadas nos sedimentos do Rio Pouca Saúde (Zn = 193,9 mg/kg). Quatro cães (13,3%) apresentaram número de reticulócitos aumentado no plasma de grau leve a moderado (10³/mm³). Esses animais apresentaram redução significante da concentração de VCM (p<0,05), monócitos (p<0,03) e creatinina (p<0,003) em comparação aos animais que não apresentaram essas células. Houve associação linear positiva moderada em relação à concentração de Zinco total e número de hemácias, concentração de hemoglobina e hematócrito no plasma (p<0,05). Os cães semidomiciliados do Sítio Conceiçãozinha, Guarujá, São Paulo, podem ser considerados como biomarcadores/sentinelas da contaminação ambiental para metais tóxicos.
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