Sífilis Congênita no Brasil: Uma análise do perfil epidemiológico de 2013 a 2022
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i12.47631Palavras-chave:
Sífilis congênita; Epidemiologia; Brasil.Resumo
A Sífilis Congênita (SC) é causada pela transmissão vertical da bactéria Treponema pallidum, e ocorre em qualquer período gestacional e estágio da doença materna. A detecção precoce durante os cuidados pré-natais é essencial para um rápido início do tratamento, com intuito de prevenir danos ao desenvolvimento infantil. Esse estudo identifica e analisa as variáveis que interferiram no aumento das taxas de SC, e tem o objetivo de compreender o perfil epidemiológico dessa doença no Brasil, no período de 2013 a 2022. Foi desenvolvido um estudo ecológico de série temporal, descritivo e quantitativo usando dados disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), nas seções do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), via TABNET. Observou-se um número elevado de casos de SC no Brasil, com resultados que ultrapassam os valores preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A análise sociodemográfica demonstrou uma maior incidência em crianças pardas, de até seis dias de vida, filhos de mulheres com baixa escolaridade que realizaram pré-natal. Assim, tal cenário aponta tanto para uma falha na assistência ao diagnóstico, quanto para um programa precário de tratamento para a sífilis gestacional no Brasil, visto que, mesmo com o pré-natal realizado, esses casos ainda aumentaram. A desigualdade social, portanto, mostra-se como um fator significante no aumento da incidência da SC, o que indica a necessidade de uma oferta justa e igualitária desse serviço, como uma medida essencial.
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