Exposição fetal ao álcool e seus efeitos no neurodesenvolvimento infantil: Uma revisão de literatura
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i12.47781Palavras-chave:
Alcoolismo; Gravidez; Recém-nascido; Transtornos do Espectro do Alcoolismo Fetal.Resumo
O consumo de álcool durante a gestação é um problema de saúde pública global, amplamente reconhecido por suas graves implicações no desenvolvimento infantil. O álcool é uma substância teratogênica que atravessa a placenta, afetando diretamente o Sistema Nervoso Central (SNC) do feto em desenvolvimento. Estudos associaram a exposição pré-natal ao álcool (EPA) a uma ampla gama de prejuízos, incluindo déficits cognitivos, comportamentais e sociais. Diante disso, o artigo teve como objetivo analisar os impactos da EPA no desenvolvimento infantil, com foco em atenção, memória, habilidades executivas e comportamento, além de explorar fatores agravantes. Essa revisão utilizou bases como PubMed e SciELO, considerando estudos publicados entre 2014 e 2024 e aplicando os critérios da estratégia PICO. Os achados indicaram que a EPA interfere em processos essenciais do desenvolvimento cerebral, afetando principalmente áreas como o hipocampo e o córtex pré-frontal, responsáveis por cognição e comportamento. A gravidade dos danos está relacionada à dose e ao padrão de consumo, bem como ao estado nutricional da gestante e ao acesso ao pré-natal. A falta de critérios padronizados para o diagnóstico de condições como a síndrome alcoólica fetal agrava o manejo clínico e dificulta o diagnóstico precoce. Portanto, a EPA causa consequências multifacetadas e duradouras, destacando a necessidade de estratégias preventivas, diagnóstico precoce e intervenções multidisciplinares para mitigar seus efeitos. Além disso, estudos futuros devem priorizar o desenvolvimento de abordagens terapêuticas inovadoras e políticas públicas eficazes para reduzir os impactos dessa exposição no desenvolvimento infantil.
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