Narrativas de puérperas encarceradas sobre a prática do aleitamento materno no sistema prisional: Estudo qualitativo
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i12.47800Palavras-chave:
Puérpera; Encarceramento; Pessoas encarceradas; Pessoas privadas de liberdade; População privada de liberdade.Resumo
Objetivo: Descrever as narrativas de puérperas encarceradas sobre a prática da amamentação em um sistema prisional no estado de São Paulo, investigando as barreiras enfrentadas e os impactos na saúde materno-infantil. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, utilizando a análise narrativa para explorar as percepções das mulheres. A coleta de dados foi realizada em uma penitenciária, onde foram entrevistadas seis mulheres em período puerperal, selecionadas por critérios de inclusão, como preservação cognitiva e capacidade verbal. As entrevistas, baseadas em um questionário validado, foram transcritas e analisadas com o software ATLAS.ti. Resultados: As participantes relataram desafios significativos relacionados à amamentação, incluindo condições precárias no ambiente prisional, falta de privacidade, separação precoce dos filhos e apoio insuficiente de profissionais de saúde. Embora todas tenham recebido o cartão da gestante, observou-se lacunas no acompanhamento pré-natal e falta de orientação sobre amamentação. A maioria das puérperas demonstrou sentimentos de satisfação em amamentar, apesar das adversidades. A separação obrigatória entre mãe e filho após seis meses foi destacada como um fator de sofrimento emocional. Conclusão: O estudo evidenciou a necessidade de intervenções no sistema prisional para assegurar o direito à saúde reprodutiva e ao vínculo materno. Recomenda-se a implementação de políticas públicas que promovam suporte contínuo à amamentação, formação profissional adequada e ambientes mais humanizados para mães encarceradas e seus filhos. Esses avanços são fundamentais para minimizar os impactos negativos e promover a saúde materno-infantil em contextos de privação de liberdade.
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