Aprendizagens em educação e as diferenças – resistências ao heteroterrorismo cultural: que só os beijos te tapem a boca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5928

Palavras-chave:

Aprendizagens; Diferenças; Corpos trans; Heteroterrorismo cultural; Sociopoética.

Resumo

O presente artigo objetiva discutir outros modos de pensar aprendizagens na educação a partir dos atravessamentos provocados por corpos trans em diferentes práticas e territórios educativos. A questão que orienta o debate é: como as (r)existências de corpos trans desafiam a educação normalizadora na produção do aprendizado pelas diferenças? Para tanto, a metodologia Sociopoética atravessa o texto, potencializando as dimensões afetivas e artísticas dos corpos trans, por meio de relatos e pichações da jovem trans e, também, de confetos (conceitos+afetos) produzidos por educadoras trans. Como resultado, constata que os discursos de diversidade e tolerância não são pensados para os corpos trans, mas, sobre esses. Nesse sentido, tais discursos são apenas representação estática das diferenças. A educação faz parte de um jogo que produz diferenças, contudo, por vezes, normatiza os corpos numa ordem binária de gênero, impondo inúmeras violências caracterizadas como heteroterrorismo cultural. No entanto, as muitas peles da jovem trans e das experiências das educadoras trans provocam o pensamento sobre a diversidade, por meio de encontros com as diferenças, um movimento caótico que desestabiliza as verdades normativas que regem a educação. Conclui que a educação precisa borrar as fronteiras entre os corpos, fazendo emergir a multiplicidade de sentidos; aprender com as diferenças é exercitar a arte dos encontros, como um beijo, educar se faz nos encontros.

Biografia do Autor

Shara Jane Holanda Costa Adad, Universidade Federal do Piauí

Referências

Adad, S. J. H. C. A Sociopoética e os cinco princípios. In: Adad, S. J. H. C., PETIT, S. H., Santos, I., Gauthier, J. (Org.). Tudo que não inventamos é falso: dispositivos artísticos para pesquisar, ensinar e aprender com a Sociopoética. Fortaleza: EdUECE, 2014. 41-59.

Abramowicz, A.. Rodrigues, T. C.. & Cruz, A. C. J. (2011). A diferença e a diversidade na educação. Dossiê Relações Raciais e Ação afirmativa. Contemporânea, São Carlos. (2): 85-97.

Araújo, V. P. S. Um corpo potente fazendo das dores possibilidades de asas: TRANSformando os modos de educar e de resistência na Universidade. 128 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Piauí – UFPI, Teresina, 2018.

Barros, M. (2010). Manoel de Barros: poesia completa. São Paulo, Leya, 2010.

Bento, B. (2012). O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense.

Butler, J. (2008). Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Deleuze, G. (1992). Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34.

Dornelles, F., et al (2019). Transexualidade: o brincar relacionado a identidade de gênero. Research, Society and Development, 8(5), 1-13.

Gauthier, J. (2012). O oco do vento: Metodologia de pesquisa sociopoéticas e estudos transculturais. Curitiba, PR: CRV.

Larrosa, J., & Skliar, C. (2011). Babilônios somos: a modo de apresentação. In: Larrosa, J. (Org.). Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Trad. Semíramis Gorine da Veiga. Belo Horizonte: Autêntica. 7-29.

Louro, G. L. (2004). Um corpo estranho: ensaios sobre a sexualidade e teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica.

Martins, L. R. Entre ócos, truques e ataques: a produção de confetos sobre as experiências de educadoras Trans do projeto TRANS FORMA AÇÃO. 218f. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação, da Universidade Federal do Piauí– UFPI, Teresina 2016.

Miskolci, R. (2012). Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica Editora; FOP – Universidade Federal de Ouro Preto.

Pessoa, B. G. F. et al (2020). A mão do carrasco: o impacto na saúde mental da população LGBT+ após o período. Research, Society and Development, 9(6), 1-27.

Preciado, P. B. (2013). Quem defende a criança queer? Jangada, Viçosa-MG. (1), 96-99. Disponível em: https://www.revistajangada.ufv.br/index.php/Jangada/article/view/17/2.

Rolnik, S. (2004). “Fale com ele” ou como tratar o corpo vibrátil em coma. In: Fonseca, T. M. G. & Engelman, S. Corpo, arte e clínica. Porto Alegre: Ed. UFRGS. 231-238.

Rolnik, S. (1997). Uma insólita viagem à subjetividade: fronteiras com a ética e a cultura. São Paulo: Núcleo de Estudos da Subjetividade. Disponível em:

http://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/viagemsubjetic.pdf.

Serres, M. (2001). Os cincos sentidos: filosofia dos corpos misturados. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Downloads

Publicado

21/07/2020

Como Citar

ADAD, S. J. H. C.; NASCIMENTO, L. C. P. do; MARTINS, L. R. Aprendizagens em educação e as diferenças – resistências ao heteroterrorismo cultural: que só os beijos te tapem a boca. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 8, p. e614985928, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.5928. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/5928. Acesso em: 6 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Educacionais