“O dinheiro como sinônimo do prazer?”: análise processual dos significados representacionais de trabalhadoras sexuais sobre satisfação sexual
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6233Palavras-chave:
Trabalhadoras Sexuais; Representações Sociais; Satisfação Sexual; Saúde Sexual; Saúde Pública.Resumo
As trabalhadoras sexuais possuem vivências que suscitam questionamentos sobre o que poderá satisfazê-las sexualmente e, dessa forma, terem uma boa qualidade de vida. Objetivou-se apreender os significados representacionais de trabalhadoras sexuais acerca da satisfação sexual no seu cotidiano. Estudo qualitativo, fundamentado na Teoria das Representações Sociais, realizado no município sede da Região do Alto Sertão Produtivo da Bahia (Brasil), em áreas de vulnerabilidade social, onde são localizados os locais de prostituição. Participaram do estudo 132 mulheres. A Técnica de Associação Livre de Palavras foi usada para a coleta de dados, com o termo indutor “prazer/satisfação sexual”. O corpus foi organizado e processado por meio do software IRAMUTEQ que emitiu o Plano Fatorial de Correspondência, Árvore Máxima de Similitude e a Nuvem de Palavras. Os resultados oriundos das três formas de análise demonstraram homogeneidade nas representações sociais, pois o inconsciente do grupo apresentou o termo “dinheiro” como central e principal formador campo representacional acerca da “satisfação sexual”, fugindo à ideia de que as profissionais do sexo sentem orgasmo no ato sexual com os clientes. Assim, refletir sobre a “satisfação sexual’, ancorada na Teoria das Representações Sociais, possibilitará que profissionais de saúde repensem suas práticas, considerando as especificidades desse segmento populacional, no que se refere ao planejamento de cuidados à saúde sexual das mulheres que exercem o trabalho sexual, focado na libido e na parte subjetiva da sexualidade, extrapolando o senso comum de que o foco da assistência em saúde das prostitutas deve estar focado apenas na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.
Referências
Beauvoir, S. (2016). O Segundo Sexo: a experiência vivida. Tradução, Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Broqua, C. & Deschamps, C. (2014). Transactions sexuelles et imbrication des rapports de pouvoir. In (Eds.) L’échange economico-sexuel (pp. 45-66). Paris: Éditions EHESS.
Carter, A., Greene, S., Money, D., Sanchez, M., Webster, K., Nicholson, V., et al. (2018). Supporting the Sexual Rights of Women Living With HIV: A Critical Analysis of Sexual Satisfaction and Pleasure Across Five Relationship Types. The Journal Of Sex Research, 55(9), 1134-1154. Available from: https://doi.org/10.1080/00224499.2018.1440370
Couto, P. L. S., Montalvão, B. P. C., Vieira, A. R. S., Vilela, A. B. A., Marques, S. C.,
Gomes, A. M. T., et al. (2020). Social representations of female sex workers about their sexuality. Investigación y Educación em Enfermería, 38(1), e03. doi: https://doi.org/10.17533/udea.iee.v38n1e03
Couto P. L. S., Paiva M. S., Gomes A. M. T., Boa Sorte E. T., Rodrigues L. S. A., & Coelho E. A. (2017). Significados a respeito da prevenção ao HIV/aids e da sexualidade para jovens católicos. Revista Gaúcha de Enfermagem, 38(4), e2016-0080. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1983- 1447.2017.04.2016-0080
Cristoffanini, M. T. (2017). Maternidad y prostitución ¿contradictorias y excluyentes?. Revista de Estudos Feministas, 25(1), 167-185. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p167
Ferreira, R. T., & Camolesi, A. B. (2014). O trabalho e a família no cotidiano das profissionais do sexo na rodovia SP 340. Universitas, 7(13), 79-96. Available from: http://revistauniversitas.inf.br/index.php/UNIVERSITAS/article/view/171/113
Foley, E. E. (2017). Regulating sex work: subjectivity and stigma in Senegal. Culture, Health & Sexuality, 19(1), 50-63. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/13691058.2016.1190463
França, M. (2017). Práticas e sentidos da aprendizagem na prostituição. Horizontes Antropológicos, 23(47), 325-349. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832017000100011
Graça, M., & Gonçalves, M. (2015). Conhecimento, prática e ética: Os desafios da investigação ação em contexto de prostituição feminina de rua. Revista Crítica de Ciências Sociais, (108), 135-156. Available from: http://dx.doi.org/10.4000/rccs.6143
Gonçalves, R. M., & Silva, A. M. T. B. (2019). Uma breve contextualização histórica: Representações Sociais e a prática interdisciplinar, como objeto de pesquisa no Ensino de Ciências. Research, Society and Development, 8(6), e15861033. Available from: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v8i6.1033
Jodelet, D. (2017). Representações sociais e mundos de vida. Traduação, Curitiba: PUCPRess.
Juliano, D. (2014). Si la prostitución no fuera acompañada del rechazo social, podría resultar atractiva para más personas. Available from: https://www.pikaramagazine.com/2014/03/si-la-prostitucion-no-fuera-acompanada-del-rechazo-social-podria-resultar-atractiva-para-mas-personas/ Acessado em 19 de maio de 2020.
Leal, C. B. M., Souza, D. A., & Rios, M. A. (2017). Aspectos de vida e saúde das profissionais do sexo. Revista de Enfermagem UFPE online, 11(11), 4483-91. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/22865/24743.
Leite, G. S., Murray, L., & Lenz, F. (2015). O Par e o Ímpar: o potencial de gestão de risco para a prevenção de DST/HIV/AIDS em contextos de prostituição. Revista Brasileira de Epidemiologia, 18(Suppl 1), 7-25. doi: https://doi.org/10.1590/1809-4503201500050003
Moscovici, S. (2015). Representações Sociais: Investigações em Psicologia Social. 11. Edição. Rio de Janeiro: Vozes.
Pasini, E. (2015). Limites simbólicos corporais na prostituição feminina. Cadernos Pagu, 14, 181-200. Available from: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8635351
Prada, M. (2018). Puta Feminista. São Paulo: Veneta.
Rama, A. B. P., & Tamarit, A. (2017). La Construcción Mediática del Estigma de Prostituta en España. Ex aequo, 35, 101-123. Available from: http://dx.doi.org/10.22355/exaequo.2017.35.07
Rodrigues, A. S., Oliveira, J. F., Suto, C. S. S., Coutinho, M. P. L., Paiva, M. S., & Souza, S. S. (2017). Care for women involved with drugs: social representations of nurses. Revista Brasileira de Enfermagem, 70(1), 71-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v70n1/en_0034-7167-reben-70-01-0071.pdf
Shannon, K., Goldenberg, S. M., Deering, K., & Strathdee, S. A. (2014). HIV infection among female sex workers in concentrated and high prevalence epidemics: why a structural determinants framework is needed. Current opinion in HIV and AIDS, 9(2), 174-82. Available from: https://dx.doi.org/10.1097/COH.0000000000000042
Silva, K. A. T., & Cappelle, M. C. A. (2015). Sentidos do trabalho apreendidos por meio de fatos marcantes na trajetória de mulheres prostitutas. Revista de Admnistração Mackenzie, 16(6), 19-47. Available from: https://doi.org/10.1590/167869712015/administracao.v16n6p19-47
Thng, C., Blackledge, E., Mclver, R., Watchirs Smith, L., & McNulty, A. (2018). Private sex workers’ engagement with sexual health services: an online survey. Sexual Health, 15(1), 93-5. doi: https://doi.org/10.1071/SH16243
Villela, W. V., & Monteiro, S. (2015). Gênero, estigma e saúde: reflexões a partir da prostituição, do aborto e do HIV/aids entre mulheres. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 24(3), 531-540. Available from: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000300019
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Pablo Luiz Santos Couto, Carle Porcino, Samantha Souza da Costa Pereira, Francylene Gama Neri, Cleane Nogueira Azevedo, Alba Benemérita Alves Vilela, Antônio Marcos Tosoli Gomes, Tarcísio da Silva Flores
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.