“O dinheiro como sinônimo do prazer?”: análise processual dos significados representacionais de trabalhadoras sexuais sobre satisfação sexual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6233

Palavras-chave:

Trabalhadoras Sexuais; Representações Sociais; Satisfação Sexual; Saúde Sexual; Saúde Pública.

Resumo

As trabalhadoras sexuais possuem vivências que suscitam questionamentos sobre o que poderá satisfazê-las sexualmente e, dessa forma, terem uma boa qualidade de vida. Objetivou-se apreender os significados representacionais de trabalhadoras sexuais acerca da satisfação sexual no seu cotidiano. Estudo qualitativo, fundamentado na Teoria das Representações Sociais, realizado no município sede da Região do Alto Sertão Produtivo da Bahia (Brasil), em áreas de vulnerabilidade social, onde são localizados os locais de prostituição. Participaram do estudo 132 mulheres. A Técnica de Associação Livre de Palavras foi usada para a coleta de dados, com o termo indutor “prazer/satisfação sexual”. O corpus foi organizado e processado por meio do software IRAMUTEQ que emitiu o Plano Fatorial de Correspondência, Árvore Máxima de Similitude e a Nuvem de Palavras.  Os resultados oriundos das três formas de análise demonstraram homogeneidade nas representações sociais, pois o inconsciente do grupo apresentou o termo “dinheiro” como central e principal formador campo representacional acerca da “satisfação sexual”, fugindo à ideia de que as profissionais do sexo sentem orgasmo no ato sexual com os clientes.  Assim, refletir sobre a “satisfação sexual’, ancorada na Teoria das Representações Sociais, possibilitará que profissionais de saúde repensem suas práticas, considerando as especificidades desse segmento populacional, no que se refere ao planejamento de cuidados à saúde sexual das mulheres que exercem o trabalho sexual, focado na libido e na parte subjetiva da sexualidade, extrapolando o senso comum de que o foco da assistência em saúde das prostitutas deve estar focado apenas na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.

Biografia do Autor

Pablo Luiz Santos Couto, Centro Universitário FG (UNIFG)

Enfermeiro. Doutorando em Enfermagem e Saúde, na linha de Educação em Saúde, pela UESB. Mestre em Enfermagem, na linha de Gênero, Mulher e Saúde, pela UFBA.

Carle Porcino, Universidade Federal da Bahia

Psicológa. Doutoranda em Enfermagem e Saúde pela UFBA. Mestra em Estudos Interdisciplinares da Universidade pela UFBA.

Samantha Souza da Costa Pereira, Centro Universitário FG (UNIFG)

Enfermeira. Mestra em Saúde Coletiva pela UEFS.

Francylene Gama Neri, Centro Universitário FG (UNIFG)

Enfermeira pela UNIFG.

Cleane Nogueira Azevedo, Centro Universitário FG (UNIFG)

Enfermeira pela UNIFG.

Alba Benemérita Alves Vilela, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFCE. Docente Permanente do Programa de Pós Graduação em Enfermagem e Saúde, Departamento de Saúde II da UESB.

Antônio Marcos Tosoli Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Enfermeiro. Doutor em Enfermagem pela UFRJ. Docente Permanente do Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Faculdade de Enfermagem da UERJ.

Tarcísio da Silva Flores, Centro Universitário FG (UNIFG)

Advogado. Especialista em Direito Trabalhista.

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Publicado

31/07/2020

Como Citar

COUTO, P. L. S.; PORCINO, C.; PEREIRA, S. S. da C.; NERI, F. G.; AZEVEDO, C. N.; VILELA, A. B. A.; GOMES, A. M. T.; FLORES, T. da S. “O dinheiro como sinônimo do prazer?”: análise processual dos significados representacionais de trabalhadoras sexuais sobre satisfação sexual. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 8, p. e854986233, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.6233. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/6233. Acesso em: 5 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde