Potencial de contaminação ambiental dos herbicidas utilizados nas culturas do milho, soja e cana de açúcar
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7442Palavras-chave:
Agricultura; Agrotóxicos; Commodities; Meio ambiente.Resumo
O crescimento populacional e consequente demanda por alimentos exerce uma forte pressão sobre o meio ambiente principalmente em áreas agrícolas. No Brasil, segundo maior exportador de alimentos do mundo, destaca-se a cana-de-açúcar, milho e soja, importantes commodities do agronegócio. No entanto, para que essa produção seja mantida, práticas agrícolas como o manejo de plantas daninhas, dos agrotóxicos e práticas proteção ambiental dos recursos naturais são essenciais. O método de controle químico das plantas daninhas com herbicidas é o mais utilizado, colocando o Brasil como maior consumidor mundial, em quantidade. A presença dessas moléculas no ambiente podem afetar vários ecossistemas incluindo os recursos hídricos. Objetivou-se nesta revisão discorrer sobre potencial de contaminação com herbicidas utilizados na cultura da soja, milho e cana-de açúcar no Brasil. Os ingredientes ativos mais comercializados nos últimos anos foram o glyphosate, 2,4-D, atrazine e diuron. Estudos de monitoramento de resíduos de agrotóxicos têm sinalizado que esses agroquímicos estão presentes nos alimentos, atmosfera, águas superficiais e subterrâneas. Parte das formulações dos herbicidas comercializados para as culturas avaliadas apresenta classificação ambiental entre as classes II (Muito Perigoso) e III (Perigoso). Relatos de casos envolvendo a contaminação por herbicidas têm sido descritos no Brasil e no mundo. Atrazine é o herbicida com maior número de relatos como contaminante de água. O controle deve ser adotado dentro do manejo integrado para minimizar danos, além da conscientização dos agricultores sobre o uso consciente e sustentável e fiscalização dos órgãos competentes para o monitoramento nos recursos hídricos.
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