A importância do conceito de fronteira para os estudos de gênero: uma abordagem sobre as travestis
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.7965Palavras-chave:
Gênero; Fronteira; Travesti.Resumo
O interesse acadêmico em problematizar a normatividade de gênero aumentou consideravelmente ao final do século XX, influenciado por teóricos de gênero e queer. Consequentemente, incrementam-se os estudos sobre identidades cis divergentes, como das travestis brasileiras. As travestis subvertem o gênero binário ao incorporar aspectos de feminilidade a outros socialmente considerados masculinos, como possuir um pênis. Ao evidenciar a possibilidade de transitar entre dois polos que o sistema de gênero considera mutualmente excludentes, surge o interesse em conhecer de quais as maneiras os cruzamentos fronteiriços estão presentes nas vivências travestis. Portanto, este artigo usa a pesquisa bibliográfica e possui o objetivo geral de discutir a importância dos trânsitos fronteiriços na construção identitária travesti, recorrendo a um conceito simbólico e geopolítico de fronteira. Dessa maneira, os objetivos específicos desta proposta são discorrer sobre travestilidade, tratar da influência dos centros urbanos no processo de transformação das travestis, compreender o prestígio da categoria êmica europeia. Conclui que diversos tipos de deslocamentos fronteiriços integram etapas relevantes da existência travesti, pois é por meio desses trânsitos que elas adquirem capital cultural e financeiro que lhes proporciona, além de prestígio, melhores condições de vida.
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