Uso de sistemas alagados construídos no tratamento de águas negras em áreas rurais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9296

Palavras-chave:

Saneamento rural; Tratamento de águas residuárias; Esgoto doméstico.

Resumo

A deficiência do planejamento na área de saneamento básico é um fator relevante para a criticidade da saúde pública, qualidade de vida, degradação ambiental e desenvolvimento do país. Esta situação se agrava em áreas rurais, devido ao alto custo de instalação e manutenção de sistemas convencionais. Neste contexto, o sistema Alagado Construído (SAC) surge como alternativa promissora, sendo sua implementação e manutenção relativamente simples, possibilidade de utilizar materiais acessíveis e elementos paisagísticos. Diante de tais perspectivas, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar o tratamento de águas negras por meio do Sistema de Alagado Construído para uma residência em área rural na região do Rio Piracicaba/MG. A espécie vegetal utilizada foi a Typha domingensis (Taboa) e foram realizadas análises de DBO, nitrogênio total, fósforo, turbidez, pH e sólidos totais. Como resultado, observou-se que a taboa apresentou adequada adaptação ao sistema. O SAC proporcionou satisfatória eficiência na redução dos parâmetros avaliados, com destaque para a turbidez, que atingiu 95,5% de remoção, indicando alta taxa de remoção de sólidos suspensos. A remoção de DBO também foi significativa, com média de 78,2%. A redução de fósforo atingiu 84% enquanto o nitrogênio foi atenuado em 41%, em média. O sistema apresentou ainda uma eficiência de 88,6% na remoção de sólidos totais e o pH se manteve próximo a neutralidade. Diante dos resultados, verifica-se que o lançamento do efluente sanitário da residência analisada atende às condições exigidas pela legislação ambiental brasileira e corrobora a viabilidade de implementação do sistema alagado construído em áreas rurais.

Biografia do Autor

Tamara Daiane de Souza, Universidade Federal de Ouro Preto

Possui graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (2011) com um período sanduíche na University of Illinois at Urbana Champaign. Mestrado e Doutorado em Recursos Hídricos e Ambientais com ênfase em tratamento de efluentes pela UFV. Também concluiu o curso de pós-graduação Latu Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho na UFV. Atua no âmbito de manejo,tratamento e disposição de resíduos agroindustriais e urbanos, tratamento de água de abastecimento, saneamento, hidráulica gerenciamento de recursos hídricos. Atuou como docente da Universidade do Estado de Minas Gerais entre os anos de 2014 e 2017 na área de Tratamento de águas residuária, Tratamento de água de abastecimento e Drenagem Urbana. Foi professora Adjunta da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) compondo o quadro docente do curso de Engenharia Civil, atuando na área de Saneamento, Hidráulica e Recursos Hídricos e Ambientais. Participa do Grupo de Pesquisa em Tecnologia do Ambiente Construído - GTAC. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), lotada no Departamento de Engenharia Urbana - Escola de Minas, onde atua na área de saneamento.

Múcio André dos Santos Alves Mendes, Universidade Federal de Mato Grosso

Possui graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2010), Doutorado em Engenharia Agrícola na área de concentração de Construções Rurais e Ambiência pela UFV (2015) , Mestrado em Engenharia Agrícola em Construções Rurais e Ambiência pela UFV (2012) e é pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UFV (2014). Atuou como Professor Designado na Universidade do Estado de Minas Gerais entre os anos de 2014 a 2016 lecionando disciplinas de Desenho Técnico, Saneamento Urbano, Tópicos Especiais em Engenharia Ambiental e Sistemas de tratamento de água de abastecimento. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Mato Grosso, lotado no Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Campus Sinop e atua nos cursos de Engenharia Agrícola e Ambiental, Zootecnia e Agronomia nas áreas de construções rurais e ambiência, saneamento e desenho técnico. Atualmente desenvolve projetos na área de inovações tecnológicas. 

Eduardo Morgan Uliana, Universidade Federal de Mato Grosso

Professor Adjunto II na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Sinop - MT. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos (PPGRH) da UFMT - Campus de Cuiabá. Possui graduação em Engenharia Ambiental (2010), Mestrado em Produção Vegetal (2012) e doutorado em Engenharia Agrícola (2016). Tem experiência na área de Engenharia Ambiental atuando principalmente nos seguintes temas: engenharia de água e solo, geoprocessamento aplicado a recursos hídricos, hidrologia estatística e modelagem hidrológica.

Nuria Perez Gallardo, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Doutora em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos - Núcleo de Climatologia aplicado ao Meio Ambiente (USP, 2017). Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade de Deusto (Espanha, 2011). Engenheira Civil pela UNICEP, Centro Universitario Central Paulista (São Carlos- SP, 2018). Engenheira Técnica de Obras Públicas, Especialidade em Construções Civis, pela Universidade de Cantabria (Espanha, 2009). Técnico superior em Desenvolvimento de Projetos Urbanísticos e Atividades Topográficas pelo Instituto Augusto Gonzalez Linares (Espanha, 2000). Tem experiência profissional na área de edificação, atuando principalmente nos temas de Construção Sustentável, Tecnologia do Ambiente Construído, Conforto Ambiental, Clima Urbano, Recursos Hídricos, Desenhos de projetos em Auto CAD. Atualmente compõe o quadro docente do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA, ministrando as disciplinas da área de Arquitetura e Urbanismo da grade curricular do referido curso. Participa do Grupo de Pesquisa em Tecnologia do Ambiente Construído - GTAC.

Melissa Fabíola dos Santos Alves Mendes, Universidade Federal de Mato Grosso

Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa, Mestre pela Universidade Federal de Lavras em Produção e Nutrição de não Ruminantes. Doutoranda em Produção e Nutrição de não Ruminantes UFLA. Possui experiência em manejo nutricional de poedeiras leves e suínos em todas as fases de produção. Bolsista PIBIC-CNPq (Iniciação Científica ) por 2 anos e Bolsista Capes no Programa de Pós Graduação em Produção e Nutrição de não Ruminantes -UFLA. Tem interesse em desenvolver projetos relacionados a produção e nutrição de monogástricos.Atualmente dedica-se a pesquisas relacionadas a nutrição funcional de matrizes suínas.

Rúbia Lemos Ferreira Carneiro, Universidade do Estado de Minas Gerais

Possui graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade do Estado de Minas Gerais e especialização em Gestão de Recursos Hídricos pela Uninter. Tem experiência na área de tratamento de águas de abastecimento e águas residuárias. Atualmente trabalha como Secretária Municipal de Sustentabilidade e Agricultura no município de Barra Longa/MG. 

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Publicado

15/11/2020

Como Citar

SOUZA, T. D. de; MENDES, M. A. dos S. A.; ULIANA, E. M.; GALLARDO, N. P.; MENDES, M. F. dos S. A. .; CARNEIRO, R. L. F. Uso de sistemas alagados construídos no tratamento de águas negras em áreas rurais. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 11, p. e3109119296, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i11.9296. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/9296. Acesso em: 29 set. 2024.

Edição

Seção

Engenharias