O deserto como expressão do dilema da política brasileira frente à pandemia de COVID-19: uma análise arendtiana
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.9341Palavras-chave:
Deserto; pandemia; dilema; análise arendtianaResumo
Em sua obra A Promessa da Política, Hannah Arendt nos apresenta a ideia de deserto como um lugar de aridez e desespero, em que elementos totalitários se apresentam impedindo a formação do mundo comum e a ação política. Com o atual governo brasileiro, que tem uma postura negacionista perante a gravidade da crise sanitária, política e de saúde atuais, percebe-se que há uma política de não tomar nenhuma providência de combate efetivo para conter o avanço do vírus, adotando-se uma postura autoritária que impede a implantação de ações mais efetivas de contenção da pandemia de COVID-19. O objetivo geral desse artigo é discutir como os conceitos arendtianos de deserto, oásis e promessa podem servir como análise da situação política brasileira durante a pandemia de COVID-19 no que se refere à atuação do governo federal. Utilizando-se também da narrativa para melhor compreender como aspectos autoritários do governo brasileiro ajudaram a disseminar informações falsas e manter a situação de deserto, o método utilizado será o indutivo e a pesquisa bibliográfica e documental. Desta forma podemos verificar que mesmo a situação de deserto havendo se instalado, ela não significa o fim da esperança e do encontro de saídas para o combate à crise pandêmica atual, pois a promessa significa que o milagre e o novo podem garantir saídas para a crise, inicialmente através de oásis de narrativa e na construção de um espaço de aparência comum a todos os brasileiros, fruto da ação política.
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