Contratos de Terceirização na Administração Pública: dinâmicas de utilização da conta vinculada no Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9501

Palavras-chave:

Terceirização; Administração pública; Conta vinculada; Teoria da agência; Justiça do trabalho.

Resumo

A terceirização de serviços apresenta-se como uma ferramenta de gestão na busca de uma maior eficiência pública. Ocorre que é recorrente a situação de inadimplência das empresas contratadas no tocante às verbas trabalhistas devidas a seus empregados, o que pode levar à responsabilização do órgão público contratante. Nesse contexto, na tentativa de alinhar os interesses envolvidos, criou-se a conta vinculada. Trata-se de instrumento de controle que busca garantir os direitos dos trabalhadores terceirizados, bem como resguardar a Administração Pública de eventual responsabilidade subsidiária. À luz da teoria da agência, o objetivo geral deste trabalho foi analisar as dinâmicas de utilização da conta vinculada nos contratos de terceirização. Especificamente, pretendeu-se identificar os benefícios, os pontos críticos e as dificuldades decorrentes da opção pelo instrumento. Para tanto, traçou-se a correlação entre o referencial teórico e a visão empírica, por meio de um estudo de caso no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Após uma análise de conteúdo, demonstrou-se que a utilização da conta vinculada pode ser onerosa para ambos os lados da relação contratual, mas que sua adoção não é inadequada em todas as situações. Assim, concluiu-se que a conta vinculada deve ser organizada de modo a maximizar seus benefícios e reduzir seus custos. Caso contrário, a atual tendência de expansão da terceirização, com o intuito de tornar mais eficiente a atuação administrativa, fica prejudicada pelo ônus do seu acompanhamento contratual.

Biografia do Autor

Lorena Lopes Freire Mendes, Fundação João Pinheiro

Analista Judiciária no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (2020). Especialista em Direito Tributário com capacitação para o Ensino no Magistério Superior (2016). Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros (2014) e em Ciências Contábeis pela Universidade Norte do Paraná (2014). 

Frederico Poley Martins Ferreira, Fundação João Pinheiro

Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), mestrado em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília - UnB (1994), doutorado em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional - UFMG (2001) e pós-doutorado em Políticas Publicas University of Sheffield UK (2010) .

Referências

Alves, G. (2011). Terceirização e acumulação flexível do capital: notas teórico-críticas sobre as mutações orgânicas da produção capitalista. Estudos de Sociologia, 16(31), 409-420.

Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. Trans. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, Portugal: Edições 70.

Bresser-Pereira, L. C. P. (1997). A Reforma do Estado dos anos 90: lógica e mecanismos de controle. Brasília, DF: Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.

Cavalcante, P. (2017). Gestão Pública contemporânea: do movimento gerencialista ao pós-NPM. Brasília, DF: Ipea.

Collis, J., & Hussey, R. (2005). Pesquisa em Administração. Porto Alegre, RS: Bookman.

Costa, M. S. (2017). Terceirização no Brasil: velhos dilemas e a necessidade de uma ordem mais includente. Cadernos EBAPE.BR, 15(1), 115-131. http://dx.doi.org/10.1590/1679-395137235

Delgado, M. G. (2019). Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores (18 ed). São Paulo, SP: LTR.

Delgado, G. N., & Amorim, H. S. (2015). Os limites constitucionais da terceirização (2 ed.). São Paulo, SP: LTR.

Dimaggio, P. J., & Powell, W. W. (2005). A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais. Revista de Administração de Empresas, 45(2), 74-89.

Druck, G., Sena, J., Pinto, M. M., & Araújo, S. (2018). A terceirização no serviço público: particularidades e implicações. In A. G. Campos (Org.), Terceirização do trabalho no Brasil: novas e distintas perspectivas para o debate. Brasília, DF: Ipea.

Eisenhardt, K. M. (1989). Agency Theory: An Assessment and Review. Academy of Management Review, 14(1), 57-74.

Filgueiras, V. A. (2017). Terceirização e trabalho análogo ao escravo: coincidência?. In R. R. Figueira, A. A. Antunes, & E. M. Galvão (Org.). Discussões contemporâneas sobre trabalho escravo: teoria e pesquisa (1 ed., pp. 423-440). Rio de Janeiro, RJ: Mauad X.

Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. (3 ed.). Trans. Elias Costa Joice. SãoPaulo, SP: Artmed.

Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1976). Theory of the Firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, 3(4), 305-360.

Giosa, L. A. (1997). Terceirização: uma abordagem estratégica. São Paulo, SP: Pioneira.

Girardi, D. M. (1999). A importância da terceirização nas organizações. Revista de Ciências da Administração, 1(1), 23-31.

Harvey, D. (2000). Condição pós-moderna. São Paulo, SP: Loyola.

Linder, S., & Foss, N. J. (2015). Agency Theory. International Encyclopedia of the Social & Behavioral Sciences, 1(1), p. 344-350.

Lopes, B. L. (2018). Proposta de modelo para avaliação da gestão da conta vinculada de contratos de terceirização em IFES, baseada na teoria do stakeholder e no performance prism: um estudo de caso (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Goiás, Aparecida de Goiânia, GO. Recuperado de http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8583

Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão [MP]. (2018). Cartilha sobre Conta-Depósito Vinculada ― bloqueada para movimentação (Versão 2.0). Brasília, DF.

Moe, T. M. (1984). The new economics of organization. American Journal of Political Science, 28(4), 739-777.

Mousinho, I. N. (2015). Terceirização, corrupção, ausência de concurso público, administração pública refém e a falácia da eficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte, 1(12), 55-64.

Przeworski, A. (2003). Sobre o desenho do Estado: uma perspectiva agente x principal. In L. C. Bresser-Pereira (Org.). Reforma do Estado e administração pública gerencial (5 ed., pp. 39-73). Rio de Janeiro, RJ: FGV.

Rocha, R. O., Luft, M. C. M. S., Olave, M. E. L., & Freitas, F. C. H. P. (2019). Teoria da agência e terceirização: uma proposta de modelo teórico para contratação e gerenciamento de serviços de tecnologia da informação. Revista Gestão & Tecnologia, 19(1), 201-224. https://doi.org/10.20397/2177-6652/2019.v19i1.1310

Santos, F. B. (2014). Determinantes de custos na limpeza predial terceirizada: benchmarking em universidades federais (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. https://doi.org/10.11606/D.12.2014.tde-11122014-175209

Severino, A. J. (2007). Metodologia do Trabalho Científico (23 ed.). São Paulo, SP: Cortez.

Silva, V., & Ribeiro, W. (2017). Terceirização no setor público: um exemplo do direito subjulgado à gestão. Revista Digital De Direito Administrativo, 4(1), 131-169. https://doi.org/10.11606/issn.2319-0558.v4i1p131-169

Tiwana, A., & Bush, A. A. (2007). A Comparison of Transaction Cost, Agency, and Knowledge-Based Predictors of IT Outsourcing Decisions: A U.S.–Japan Cross-Cultural Field Study. Journal of Management Information Systems. 24(1), 259-300.

Wilber, R. (2018). A utilização da conta vinculada nos contratos administrativos. Revista JusNavigandi, 23(5308). Recuperado de https://jus.com.br/artigos/51645

Yin, R. K. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos (2 ed.). Trans. Daniel Grassi. Porto Alegre, RS: Bookman.

Downloads

Publicado

02/11/2020

Como Citar

MENDES, L. L. F.; FERREIRA, F. P. M. Contratos de Terceirização na Administração Pública: dinâmicas de utilização da conta vinculada no Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais . Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 11, p. e219119501, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i11.9501. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/9501. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais