Perspectivas da intersetorialidade no cotidiano da Atenção Primária à Saúde no Brasil: uma reflexão teórica
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9834Palavras-chave:
Sistema Único de Saúde; Atenção primária a saúde; Estratégia Saúde da Família; Colaboração intersetorial; Conhecimentos, atitudes e prática em saúde; Gestão em saúde.Resumo
Objetivo: refletir sobre as perspectivas da intersetorialidade no cotidiano da Atenção Primária à Saúde no Brasil. Método: trata-se de reflexão teórica a partir de pesquisa bibliográfica para embasamento teórico. O estudo teve como disparador o questionamento: Quais são as perspectivas das práticas intersetoriais realizadas nos serviços de Atenção Primária à Saúde? Resultados: A reflexão foi organizada em duas seções: (1) A concepção ampliada de saúde e a promoção do cuidado na dimensão intersetorial. Enfatiza a importância da intersetorialidade ao fomentar a produção do cuidado e ampliar a realidade local ao integrar conhecimentos, setores, atores, pois extrapola a atuação do setor saúde. (2) Tessituras do Trabalho em Saúde na Atenção Primária com articulação intersetorial. Aponta os desafios de produzir saúde no cotidiano dos serviços ao demandar constantes mudanças no processo de trabalho como a criação de coletivos e parcerias de diferentes atores sociais, o que imprime uma lógica de organização do trabalho para a superação da exclusão e iniquidades em saúde. Conclusão: a intersetorialidade tem sido colocada como favorecedora das políticas de saúde voltadas para a mudança de modelos de atenção pois, representa a superação da fragmentação das políticas, além de ser uma ferramenta de colaboração das práticas de cuidado e/ou gestão.
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