Evolução do desmatamento e do passivo ambiental em projeto de assentamento de reforma agrária no Sudeste Paraense
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9887Palavras-chave:
Amazônia; Tecnologias agropecuárias; Pequena produção.Resumo
Atualmente os Projetos de Assentamentos de Reforma agrária do Sudeste Paraense estão no foco das discussões sobre a perda de cobertura florestal na Amazônia, pois figuram entre as áreas que mais contribuem para o processo de desmatamento. Neste sentido, este trabalho objetivou avaliar a evolução do desmatamento e do passivo ambiental no Projeto de Assentamento São Francisco, município de Eldorado do Carajás, em um universo temporal que vai de 1990 a 2020, identificando os principais processos que levam a perda da cobertura florestal no local de estudo. Para tanto, o trabalho foi baseado e sustentado por métodos de análise da paisagem, nomeadamente as geotecnologias, adotando-se os mesmos conceitos trabalhados pelo PRODES que mensura polígonos de desmatamento por corte raso. No geral, observou-se um significativo aumento do desmatamento no local de estudo, que perdeu aproximadamente 5.000 hectares de vegetação. Em termos gerais, essa taxa representa mais de 60% de floresta perdida e convertida em outros usos. Atualmente, a nível de reserva legal, o passivo ambiental chega a mais de 20% do total da área e em relação as APP’s houve uma redução também de mais 20% na vegetação ciliar, o que implica na perda de importantes serviços ambientais prestados por esses locais. Percebe-se assim, que sem o uso de tecnologia agropecuária adequada e assistência técnica aos pequenos produtores não há uma sustentabilidade dos meios de produção e dos recursos naturais a longo prazo, sendo necessárias alternativas de produção que aliem o aproveitamento das áreas já abertas, gerando emprego e renda.
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