Mortalidade por Doença de Chagas no Nordeste do Brasil: Tendências e análise espacial (2012-2023)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i6.49107

Palavras-chave:

Doença de Chagas, Mortalidade, Tendências temporais, Análise espacial.

Resumo

Objetivo: Investigar os padrões espaciais e as tendências temporais da mortalidade relacionada à doença de Chagas (DC) no Nordeste do Brasil e avaliar sua associação com fatores de risco socioeconômicos e demográficos. Métodos: Este estudo ecológico utilizou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Brasil (2012–2023). As tendências temporais foram analisadas por meio do software Joinpoint, e a distribuição espacial foi avaliada utilizando o índice de Moran. O foco no Nordeste do Brasil se justifica por sua histórica alta endemicidade, vulnerabilidades socioeconômicas e persistentes desigualdades em saúde, tornando a região uma prioridade para vigilância epidemiológica e planejamento em saúde. Resultados: Foram registrados 11.934 óbitos relacionados à DC, predominantemente em homens (58,2%), indivíduos com mais de 50 anos (88,4%), pardos (59,4%) e com baixa escolaridade (63%). Houve redução geral das taxas de mortalidade (AAPC = -1,54; IC95%: -2,1 a -1,1), embora as tendências tenham variado entre os estados. Não foi detectada autocorrelação espacial global (índice de Moran = 0,4; p = 0,35), mas a análise local (LISA) identificou Bahia, Alagoas e Pernambuco como áreas de maior risco. Conclusão: A mortalidade por DC no Nordeste do Brasil apresenta uma tendência de declínio modesta, mas persiste com disparidades regionais significativas associadas a fatores socioeconômicos. Este estudo destaca a necessidade urgente de estratégias de saúde pública regionais e intervenções específicas.

Referências

Akamine, C. T., & Yamamoto, R. K. (2009). Estudo dirigido: Estatística descritiva. Editora Érica.

Andrade, J. P., Marin-Neto, J. A., Paola, A. A. V. de, et al. (2011). I Diretriz Latino-Americana para o diagnóstico e tratamento da cardiopatia chagásica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 97(2 Suppl. 3), 1–48.

Braga, J. C., Reis, F., Aras, R., et al. (2006). Aspectos clínicos e terapêuticos da insuficiência cardíaca por doença de Chagas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 86(4), 297–302.

Campoy, L. T., Ramos, A. C. V., Souza, L. L. L., et al. (2020). A distribuição espacial e a tendência temporal de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde e para a Saúde Suplementar, Brasil, 2005 a 2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 29, e2018376. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000100007

Chagas, C. (1909). Nova tripanozomiaze humana: Estudos sobre a morfolojia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiolojico de nova entidade morbida do homem. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 1, 159–218.

Coura, J. R., & De Castro, S. L. (2002). A critical review on Chagas disease chemotherapy. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 97(1), 3–24. https://doi.org/10.1590/S0074-02762002000100001

Cucunubá, Z. M., Gutiérrez-Romero, S. A., Ramírez, J. D., et al. (2024). The epidemiology of Chagas disease in the Americas. The Lancet Regional Health – Americas, 37, 100602. https://doi.org/10.1016/j.lana.2024.100602

de Almeida, A. M., de Matos Soares, J. A., Crizanto, L. M., et al. (2021). Doença de Chagas: Aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e de transmissão. Brazilian Journal of Health Review, 4, 18931–18944. https://doi.org/10.34119/bjhrv4n3-238

Departamento de Informática do SUS. (2021). Mortalidade: Doença de Chagas. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10br.def

Dias, J. C. P., Ramos Jr., A. N., Gontijo, E. D., et al. (2016). II Consenso Brasileiro em Doença de Chagas, 2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 25(esp), 7–86. https://doi.org/10.5123/S1679-49742016000500002

Ferreira, I. D., & Tabosa, T. P. (2006). Transmission elimination of Chagas' disease by Triatoma infestans in Brazil: An historical fact. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 39(3), 350–351.

Galvão, C. (2014). Vetores da doença de Chagas no Brasil. Sociedade Brasileira de Zoologia.

Goes, J. A., Andrade, L. A., Carvalho, M. S., et al. (2020). Spatial patterns and temporal tendency of mortality related to Chagas disease in an endemic area of northeastern Brazil. Tropical Medicine & International Health, 25(11), 1298–1305. https://doi.org/10.1111/tmi.13484

Marin-Neto, J. A., Rassi, A. Jr., Avezum, A. Jr., et al. (2009). The BENEFIT trial: Testing the hypothesis that trypanocidal therapy is beneficial for patients with chronic Chagas heart disease. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 104(3), 319–324. https://doi.org/10.1590/S0074-02762009000300019

Martins-Melo, F. R., Pinheiro, M. C., Ramos, A. N. Jr., et al. (2015). Spatiotemporal patterns of schistosomiasis-related deaths, Brazil, 2000–2011. Emerging Infectious Diseases, 21(10), 1820–1823. https://doi.org/10.3201/eid2110.150504

Martins-Melo, F. R., Ramos, A. N. Jr., Alencar, C. H., et al. (2012). Epidemiology of mortality related to Chagas' disease in Brazil, 1999–2007. PLoS Neglected Tropical Diseases, 6(2), e1508. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0001508

Nolte, E., & McKee, M. (2004). Measuring the health of nations: Analysis of mortality amenable to health care. Journal of Epidemiology and Community Health, 58(5), 326–330. https://doi.org/10.1136/jech.2003.015297

Olivera, M. J., Porras-Villamil, J. F., Villar, J. C., et al. (2021). Chagas disease-related mortality in Colombia from 1979 to 2018: Temporal and spatial trends. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 54, e0768-2020. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0768-2020

Pan American Health Organization. (2020). Chagas disease. https://www.paho.org/en/topics/chagas-disease

Pereira, L., Karpouzoglou, T., Frantzeskaki, N., & Olsson, P. (2018). Designing transformative spaces for sustainability in social-ecological systems. Ecology and Society, 23(4), 27.

Peres, T. A., Oliveira, S. V., Gomes, D. C., et al. (2022). Chronic Chagas cardiomyopathy: Characterization of cases and possibilities of action in primary healthcare. Cadernos de Saúde Pública, 38, e00290321. https://doi.org/10.1590/0102-311X00290321

Pérez-Molina, J. A., & Molina, I. (2018). Chagas disease. The Lancet, 391(10115), 82–94. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)31612-4

Rassi, A., & Marin-Neto, J. A. (2010). Chagas disease. The Lancet, 375(9723), 1388–1402. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)60061-X

Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. (2021). Boletim epidemiológico: Doenças de Chagas 2021 (número especial). https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/especiais/2021/boletim_especial_chagas_14abr21_b.pdf

Shitsuka, R., Shitsuka, I. C. M., Shitsuka, D. M., & Caleb, C. D. (2015). Matemática fundamental para tecnologia. Editora Érica.

Silveira, A. C., & Dias, J. C. P. (2011). The control of vectorial transmission. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 44(Suppl. 2), 52–63.

Sousa, G. J., Farias, M. S., Cestari, V. R. F., et al. (2020). Spatiotemporal trends of Chagas disease-related mortality in the Northeast of Brazil, 2007–2017. Parasitology, 147(12), 1552–1558. https://doi.org/10.1017/S003118202000150X

World Health Organization. (2007). International statistical classification of diseases and related health problems: 10th revision (ICD-10). WHO.

World Health Organization. (2020). Chagas disease (American trypanosomiasis). https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/chagas-disease-(american-trypanosomiasis)

Downloads

Publicado

2025-06-23

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas

Como Citar

Mortalidade por Doença de Chagas no Nordeste do Brasil: Tendências e análise espacial (2012-2023). Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 6, p. e8814649107, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i6.49107. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/49107. Acesso em: 27 ago. 2025.