Análise da qualidade de drogas vegetais comercializadas como “erva-cidreira" em comparação com espécies autênticas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49357Palavras-chave:
Farmacognosia, Farmacopeia, Plantas medicinais.Resumo
No Brasil há plantas medicinais com o nome vernáculo de ´´cidreira´´ pertencentes a diferentes famílias e espécies vegetais, popularmente utilizadas como calmantes com potencial de uso para o Sistema Único de Saúde (SUS). Muitas são comercializadas como drogas vegetais em estabelecimentos comerciais de alimentos, sendo escassos os controles de qualidade desses produtos. A presente investigação objetiva apresentar a análise de qualidade de drogas vegetais comercializadas como cidreira no Oeste do Paraná. Foram realizadas as análises farmacognósticas de qualidade preconizados pela Farmacopeia Brasileira VI sobre 15 (quinze) amostras de cidreira obtidas aleatoriamente no comércio de Cascavel-PR. Ensaios de identidade botânica, perfil químico cromatográfico, testes de pureza (matéria estranha, perda por dessecação, cinzas totais) e doseamento de óleo volátil foram aplicados e comparados com os parâmetros estabelecidos e com padrões dos quatro grupos de espécies de “cidreira” pesquisadas e devidamente identificadas. Todas as amostras comerciais avaliadas foram reprovadas quanto a qualidade. Uma das amostras apresentou identidade equivocada, não sendo M. officinalis e sim L. alba. Os testes de matéria estranha (53%), perda por dessecação (92%) indicaram que a maior parte das amostras avaliadas se apresentada com valores acima dos limites estabelecidos, enquanto ao teor de cinzas, 7% apresentaram valores extrapolados. Quanto ao teor de óleo volátil, 100% das amostras estavam abaixo do mínimo preconizado. Em relação aos testes farmacognósticos realizados, todas as amostras apresentaram qualidade inferior a preconizada pela Farmacopeia Brasileira, indicando a necessidade de um maior controle nos processos do comércio de drogas vegetais.
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