O vírus do mercado: Sindemia e as contribuições das ecovilas para a reconfiguração da relação ser humano/natureza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i8.17153

Palavras-chave:

Sindemia, Ecovilas, Ecologia, Agroecologia.

Resumo

Afirmamos nesse artigo que a crise provocada pelo Sars-CoV-2, causador da Covid-19, é uma crise ecológica. O agenciamento de ações efetivas para seu controle e superação requer compreensão sistêmica do fenômeno e o conceito de sindemia é mais adequado à medida que abarca tal complexidade. Discutimos, assim, a ruptura do sociometabolismo entre ser humano/natureza em meio à relações alienadas de produção efetivadas no mercado e como o movimento de ecovilas contribui para reconfigurar a relação ser humano/natureza a partir de bases ecológicas. A indústria agrícola e da construção, que modelam a distribuição espacial tanto no campo quanto na cidade a partir da lógica de acumulação do capital, exercem forte pressão nos ecossistemas e são tomados como referência nesta investigação. Experiências de quatro ecovilas, por meio de pesquisa de inspiração etnográfica, revelam um tipo organizacional que, uma vez orientado à autossuficiência mediada pelo trabalho comunal autogestionário, tem potencial para reconfigurar a relação ser humano/natureza mitigando embaraços do enclave mercado e consequências da sindemia via práticas de policultivos, bioconstruções e difusão de seus ideais por sua militância e educação ecológica ao mesmo tempo que toca em pontos fundantes da crise, ou seja, a degradação socioambiental.

Biografia do Autor

  • Guilherme Smaniotto Tres, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Doutor em Administração (UFRN), Mestre em Adminsitração (UFRN), Engenheiro de Telecomunicações (FURB), possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV.

  • Washington José de Sousa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Professor Titular do Departamento de Administração Pública e Gestão Social (DAPGS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atua em ensino, pesquisa e extensão no campo da Gestão Social e orienta alunos de graduação, especialização, mestrado e doutorado em temas como economia solidária, reforma agrária, agricultura familiar, trabalho voluntário, gestão de organizações não governamentais e gestão social de políticas públicas com foco na participação e no controle social. Coordena o Curso de Graduação Tecnológica em Gestão de Cooperativas desde 2014. É membro titular do Conselho Estadual de Cooperativismo (Cecoope) do Rio Grande do Norte. É membro da Rede de Pesquisadores em Gestão Social, Rede Brasileira de Pesquisa e Gestão em Desenvolvimento Territorial, Rede Latino-Americana de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional, Rede Internacional de Pesquisadores sobre Comunidades Tradicionais e Rede Unitrabalho. É membro do Comitê Estadual de Investimentos e Negócios de Impacto Social (Cenis) como representante da UFRN. Integra a equipe do Projeto Sisan Universidades em consórcio UFRPE, UFPB e UFRN. Realizou Estágio Sênior, no campo da Gestão Social, na Royal Holloway of the University of London (RHUL), entre 2013 e 2014, pesquisando tendências contemporâneas no financiamento do Terceiro Setor. O Estágio foi apoiado pela CAPES. Realizou Pós-Doutorado na Birmingham Business School, University of Birmingham, entre 2004 e 2005, igualmente com apoio da CAPES, pesquisando bases históricas da Gestão Social. É vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Administração e líder do grupo de ensino, pesquisa e extensão ?Organização de Aprendizagens e Saberes em Iniciativas Solidárias e Estudos no Terceiro Setor?. É graduado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará. Realizou Estágio de Doutorado no Institute of Education, University of London, entre 1997 e 1998, com bolsa da CAPES e apoio do Conselho Britânico.

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Publicado

2021-07-12

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais

Como Citar

O vírus do mercado: Sindemia e as contribuições das ecovilas para a reconfiguração da relação ser humano/natureza. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 8, p. e29510817153, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i8.17153. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/17153. Acesso em: 5 dez. 2025.