Testemunhas de Jeová e Hemotransfusão: Desafios e implicações éticas na atualidade
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i2.48252Palavras-chave:
Transfusão Sanguínea, Testemunha de Jeová, Emergência em Saúde.Resumo
Introdução: Questões éticas e bioéticas são abordadas quando se coloca em discussão a recusa dos Testemunhas de Jeová (TJ) em aceitar transfusões sanguíneas. O debate envolve princípios fundamentais: a autonomia e a beneficência. O artigo objetivou avaliar os pontos positivos e negativos relacionados à tomada de decisão médica em transfundir sangue para os pacientes Testemunhas de Jeová, nos casos de risco iminente de morte. Metodologia: Revisão integrativa baseada em artigos científicos encontrados nas bases de dados Lilacs, Pubmed e Scielo de acesso gratuito. Foram também analisados livros acadêmicos, normativas legais e decisões judiciais pertinentes ao tema. Resultados: Segundo o Código de Ética Médica é vedado ao médico não obter consentimento do paciente ou representante legal após o esclarecimento de um procedimento, com exceção dos casos de risco iminente de morte. O médico ainda deve executar alternativas que sejam autorizadas pelo paciente para evitar sua morte, não partindo diretamente para a intervenção não consensual. Discussão: A recusa à transfusão sanguínea está enraizada nas crenças religiosas dos TJ, por considerarem uma violação de mandamentos divinos. O médico deve respeitar a decisão informada do paciente, porém deve ponderar as implicações dessa escolha sobre a vida do indivíduo. Recentemente esse tema foi discutido pelo Superior Tribunal Federal (STF), que decidiu em favor da liberdade religiosa. Conclusão: Diante desse dilema, é fundamental ampliar o arsenal terapêutico disponível e fortalecer o diálogo dos médicos com os pacientes Testemunhas de Jeová, garantindo que suas crenças sejam respeitadas, sem comprometer a qualidade do cuidado recebido.
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