Barreiras ao acesso à saúde para pessoas transgênero na atenção primária

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i6.49104

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Equidade em Saúde, Pessoas Transgênero, Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde.

Resumo

O presente estudo teve como objetivo analisar as principais barreiras enfrentadas por pessoas transgênero no acesso à Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada por meio de busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), entre fevereiro e junho de 2025, utilizando os descritores controlados e a estratégia PICo, além do protocolo PRISMA para seleção dos estudos. Foram identificados 62 artigos, dos quais 10 atenderam aos critérios de inclusão e compuseram o corpus da análise. Os resultados evidenciaram oito principais barreiras que dificultam o acesso das pessoas transgênero aos serviços de APS, entre elas: o uso incorreto do nome social, o medo da discriminação, a prática de automedicação sem acompanhamento profissional, a carência de estruturas adequadas, a falta de profissionais capacitados, as falhas na implementação de políticas públicas, além de impactos significativos na saúde mental dessa população. Observou-se que o despreparo dos profissionais, associado à ausência de formação específica sobre diversidade de gênero, agrava a exclusão social e institucional. Ademais, a concentração dos serviços especializados em grandes centros urbanos dificulta o acesso, especialmente para quem vive em regiões periféricas. Conclui-se que é urgente fortalecer as políticas públicas, promover capacitações permanentes para os profissionais de saúde e adotar práticas de acolhimento e escuta ativa, a fim de garantir um atendimento integral, humanizado e livre de discriminação, contribuindo para a construção de um Sistema Único de Saúde (SUS) mais equitativo e inclusivo.

Referências

Bender, M. S., Paz, I., Beranger, K. S., & Garcia, E. L. (2024). Itinerários de acesso ao processo transexualizador no Brasil: Uma revisão de escopo. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 33(1), 2024311. https://doi.org/10.1590/S2237-96222024v33e2024311.especial.pt.

Bonifácio, J. H., Maser, C., Stadelman, K., & Palmert, M. (2019). Management of gender dysphoria in adolescents in primary care. Canadian Medical Association Journal, 191(3), 69–75. https://doi.org/10.1503/cmaj.180672.

Borgert, V., Stefanello, S., & Signorelli, M. C. (2022). “A gente só quer ser atendida com profissionalismo”: Experiências de pessoas trans sobre atendimentos de saúde em Curitiba-PR, Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 33, 33036. http://doi.org/10.1590/S0103-7331202333036.

Brasil. (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil03/constituicao/constituicao.htm.

Brasil. Ministério da Saúde. (2024). Saiba mais sobre a Atenção Primária à Saúde. https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/saiba-mais-sobre-a-aps.

Gomes, A. C. M. da S., Sousa, F. J. G., Janini, J. P., Vargas, L. A., Gomes, M. dos S., & Lemos, A. (2023). Atendimento na atenção primária à saúde: Olhares de pessoas trans. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental, 15, 12260. https://doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v15.12260.

Gomes, D. de F., Teixeira, E. R., Sauthier, M., & Paes, G. O. (2022). Restrição de políticas públicas de saúde: um desafio dos transexuais na atenção básica. Escola Anna Nery, 26, 20210425, 2022. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0425en.

Dantas, H. L. de L., Costa, C. R. B., Costa, L. de M. C., Lúcio, I. M. L., & Comassetto, I. (2021). Como elaborar uma revisão integrativa: Sistematização do método científico. Revista Recien, 37, 334-345. https://doi.org/10.24276/rrecien2022.12.37.334-345.

Jesus, M. K. M. R. de, Moré, I. A. A., Querino, R. A., & Oliveira, V. H. de. (2023). Experiências de mulheres transexuais no sistema de saúde: Visibilidade em direção à equidade. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 27, 220369. https://doi.org/10.1590/interface.220369.

Lampalzer, U., Behrendt, P., Dekker, A., & Nieder, P. B. T. O. (2019). The needs of LGBTI people regarding health care structures, prevention measures and diagnostic and treatment procedures: A qualitative study in a German metropolis. International Journal of Environmental Research and Public Health, 16(19), 3547. https://doi.org/10.3390/ijerph16193547.

Ministério da Saúde. (2011, 1 de dezembro). Portaria n. 2.836, de 1º de dezembro de 2011 (Institui a Política Nacional de Saúde Integral LGBT no âmbito do SUS). Diário Oficial da União.

Melnyk, B. M., & Fineout-Overholt, E. (2023). Evidence-based practice in nursing & healthcare: A guide to best practice. (6rd ed.) Wolters Kluwer.

Menezes, L., Silva, L. da S., Murgo, C., & Rahe, B. (2024). Invisibilização e preconceitos velados: barreiras para o acesso aos serviços de atenção básica pela população trans. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 19(46), 3961. https://doi.org/10.5712/rbmfc19(46)3961.

Morenz, A. M., Goldhammer, H., Lambert, C. A., Hopwood, R., & Keuroghlian, A. S. (2025). A blueprint for planning and implementing a transgender health program. Annals of Family Medicine, 18(1), 73–79. https://doi.org/10.1370/afm.2473.

ONUSIDA Brasil. (2020, janeiro). Mais de 90% da população trans já sofreu discriminação na vida. https://unaids.org.br/2020/01/mais-de-90-da-populacao-trans-ja-sofreu-discriminacao-na-vida.

Page, M. J., McKenzie, J. E., Bossuyt, P. M., Boutron, I., Hoffmann, T. C., Mulrow, C. D., Shamseer, L., Tetzlaff, J. M., Akl, E. A., Brennan, S. E., Chou, R., Glanville, J., Grimshaw, J. M., Hróbjartsson, A., Lalu, M. M., Li, T., Loder, E. W., Mayo-Wilson, E., McDonald, S., McGuinness, L. A., Stewart, L. A., Thomas, J., Tricco, A. C., Welch, V. A., Whiting, P., & Moher, D. (2021). The PRISMA 2020 statement: An updated guideline for reporting systematic reviews. Systematic Reviews, 10(1), 89. https://doi.org/10.1186/s13643-021-01626-4.

Pereira A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free e-book]. Santa Maria/RS. Ed. UAB/NTE/UFSM.

Roever, L., Gomes-Neto, M., Durães, A. R., Reis, P. E. O, Pollo-Flores, P., Silva, R. M. L., & Resende, E. S. (2021). Compreendendo o GRADE: PICO e qualidade dos estudos. Revista Sociedade Brasileira de Clínica Médica, 19(1), 54–61. https://docs.bvsalud.org/biblioref/2022/03/1361752/54-61.pdf.

Sampaio, L. L. P, & Coelho, M. T. Á. D. (2012). Transsexuality: Psychological characteristics and new demands on the healthcare sector. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 6(42), 637–649. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012000300005.

Snyder, H. (2019). Literature review as a research methodology: An overview and guidelines. Journal of Business Research, 104, 333-339. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.07.039.

UNAIDS. (2023). HIV and transgender people [Thematic briefing note]. UNAIDS. Recuperado de https://thepath.unaids.org/wp-content/themes/unaids2023/assets/files/thematic_fs_hiv_transgender_people.pdf

Ziegler, E. Carrol, B., Chyzzy, B., Rose, D. N., & Espin, S. (2024). ‘A void in our community’: Exploring the complexities of delivering and implementing primary care services for transgender individuals in Northern Ontario. Primary Health Care Research & Development, 25(36), 1–8. https://doi.org/10.1017/S1463423624000203.

Downloads

Publicado

2025-06-30

Edição

Seção

Ciências da Saúde

Como Citar

Barreiras ao acesso à saúde para pessoas transgênero na atenção primária. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 6, p. e11214649104, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i6.49104. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/49104. Acesso em: 5 dez. 2025.