Caracterização das reações hansênicas em pacientes de um centro dermatológico de referência da Amazônia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49328

Palavras-chave:

Hanseníase, Reações hansênicas, Epidemiologia.

Resumo

Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo complexo Mycobacterium leprae, que acomete principalmente a pele e os nervos periféricos. Um dos principais desafios no manejo clínico da doença são as reações hansênicas, manifestações inflamatórias agudas que agravam o quadro clínico e elevam o risco de incapacidade física. Objetivo: Identificar os aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes que desenvolveram reações hansênicas em um centro de referência na Amazônia, entre os anos de 2020 e 2025. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, descritivo e documental de fonte direta com dados de 20 pacientes com episódios reacionais. Os dados epidemiológicos, clínicos e terapêuticos foram descritos e analisados estatisticamente. Resultados e discussão: Entre 94 pacientes diagnosticados com hanseníase, 20 (21,27%) apresentaram reações hansênicas, com predomínio do tipo II (65%) e da forma clínica virchowiana (70%). Observou-se predominância do sexo masculino, casos multibacilares e residentes no município de Belém. Destaca-se o desenvolvimento das reações após a conclusão do tratamento, mesmo entre pacientes com adesão terapêutica considerada satisfatória, o que reforça a necessidade de vigilância prolongada. A ocorrência de efeitos adversos foi baixa, sendo a clofazimina o fármaco mais frequentemente implicado. Não se verificou associação estatisticamente significativa entre sexo, forma clínica, adesão ao tratamento e tipo de reação. Conclusão: O estudo identificou um perfil clínico-epidemiológico característico dos casos de reações hansênicas: pacientes do sexo masculino, multibacilares, com a forma virchowiana da doença, aderentes ao tratamento e com ocorrência de eritema nodoso hansênico após a poliquimioterapia (PQT).

Referências

Alves, T.L. Ferreira, T.L. & Ferreira, I.N. (2024), Hanseníase: avanços e desafios. Universidade de Brasília, NESPROM.

Ambrosano, L., Santos, M.A.S.D., Machado, E.C.F.A., & Pegas, E. S. (2018). Epidemiological profile of leprosy reactions in a referral center in Campinas (SP), Brazil, 2010-2015. Anais brasileiros de dermatologia, 93(3), 460–461. https://doi.org/10.1590/abd1806-4841.20187260.

Antunes, D.E., Santos, D.F., Lima, M.I.S., Caixeta, L.P., Correa, M.B.C., Moraes, E. C. d. S., Conceição, N. C. A., Goulart, L. R., & Goulart, I. M. B. (2022). Clinical, epidemiological, and laboratory prognostic factors in patients with leprosy reactions: A 10‑year retrospective cohort study. Frontiers in Medicine, 9, 841030. https://doi.org/10.3389/fmed.2022.841030

Bernardes, B.G. (2023). Associação do polimorfismo rs2228570 no gene VDR com o desfecho terapêutico em hanseníase. Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru:1-30.

Bif, S.M. Braga, B.W, Viana, J.C., Silvério, Z.E.P.T, Azzalin, M.B., Godoy, A.M.P., Maina, A.D.A. & Jochen, P.D.F. (2024). Hanseníase no Brasil: desafios e avanços na prevenção, diagnóstico e tratamento.. Brazilian Journal Of Implantology And Health Sciences, 6(1), 418-437.

Brasil. Ministério da Saúde. (2023). DATASUS Tabnet. Ministério da Saúde. https://datasus.saude.gov.br/.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. (2024). Leprosy Epidemiological Record 2024. Ministério da Saúde.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis . (2022). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase. Ministério da Saúde.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. (2025). Indicadores de Hanseníase. Ministério da Saúde.

Brito, M.F.M., Ximenes, R.A.A., Gallo, M.E.N. & Bührer-Sékula, S (2008). Associação entre reação hansênica após alta e a carga bacilar avaliada utilizando sorologia anti PGL-I e baciloscopia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical [Internet], 41(2), 67–72.

Coriolano, C.R.F., Neto, W.A.F., Penna, G.O. & Sanchez, M.N. (2021). Fatores associados ao tempo de ocorrência das reações hansênicas numa coorte de 2008 a 2016 em Rondônia, Região Amazônica, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 37(12), e00045321. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00045321.

Dewi, D.A.R., Djatmiko, C.B.P., Rachmawati, I., Arkania, N., Wiliantari, N.M., & Nadhira, F. (2023). Immunopathogenesis of Type 1 and Type 2 Leprosy Reaction: An Update Review. Cureus, 15(11), e49155. https://doi.org/10.7759/cureus.49155.

Espanhol, H.A., Hamada, J.P.C.B., Antonio, G.L.N. & Abreu, M.A.M.M. (2025). Efeitos adversos no tratamento da hanseníase: uma revisão sistemática. Brazilian Journal Of Health Review, 8(1), 6876.

Filho, S.D., Barbosa, M.F., Sacchetim, S.C., Costa, G.V., Costa, G.F.O. & Faria, A.A.S. (2021). Perfil das reações Hansênicas e acometimento de nervo(s) periférico(s) nos pacientes admitidos e tratados na Unidade de Saúde Dr. Ilion Fleury no município de Anápolis, entre 2011 e 2013. Brazilian Journal of Health Review, 4(1), 53-71.

Foss, N.T. (2003) Episódios reacionais na hanseníase. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet], 36(2/4), 453-459.

Franco, L.A. (2014). Reações adversas a poliquimioterapia em hanseníase. [Dissertação de Mestrado em Ciências da Saúde] - Universidade Federal de Sergipe, Aracaju.

Giordano, M.P.L. & Carneiro, F.R.O. (2024). Hanseníase em menores de 15 anos de idade na Amazônia: epidemiologia, vigilância e desafios no estado do Pará, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saude [Internet], 15, e202401570. http://dx.doi.org/10.5123/s2176-6223202401570.

Gonçalves, S.D., Sampaio, R.F. & Antunes, C.M. de F. (2008). Ocorrência de neurite em pacientes com hanseníase: análise de sobrevida e fatores preditivos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical [Internet], 41(5), 464–469.

Junio, L.F.V., Carvalho, R.R.X., Campos, F.J.S.S., Sabbá, A.D.C.S., Varela, A.P.A.S., Silvestre, L.C., & Tannus, L.de O. (2024). Análise dos casos de Hanseníase no Estado do Pará, Brasil. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 24(9), e17142. https://doi.org/10.25248/reas.e17142.2024.

Klein, S. L., & Flanagan, K. L. (2016). Sex differences in immune responses. Nature reviews. Immunology, 16(10), 626–638. https://doi.org/10.1038/nri.2016.90.

Kubota, R.M.M., Brancini, V.C, Gouveia, A.S., Nardi, S.M.T., Paschoal, V.D.A. & Vendramini, S.H.F (2014). Efeitos adversos da poliquimioterapia para hanseníase: utilização de doses alternativas e avaliação pós alta. Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas, 39(1), 8-21.

Kumar, B., Dogra, S., & Kaur, I. (2004). Epidemiological characteristics of leprosy reactions: 15 years experience from north India. International journal of leprosy and other mycobacterial diseases : official organ of the International Leprosy Association, 72(2), 125–133. https://doi.org/10.1489/1544-581X(2004)072<0125:ECOLRY>2.0.CO;2

Lafratta, T.E., Marzliak, M.L.C., Henriques, I.M.S., Queiroz, E.R.P., Lourenço, S.C., Borges, M.D.V., Santos, L.C.B. & Luz, D.G. (2023) Hanseníase. Bepa, 20(220), 1-23. Acesso em (2024, dezembro 27).

Lima, G.C.A. (2024). Detecção de mutações relacionadas a droga resistência no gene GYRB do Mycobacterium Leprae. Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru:1-34.

Lopes, F.C., Ramos, A.C.V., Pascoal, L.M., Santos, F.S., Rolim, I.L.T.P., Serra, M.A.A.O., Santos, L.H. & Neto, M.S. (2021). Hanseníase no contexto da Estratégia Saúde da Família em cenário endêmico do Maranhão: prevalência e fatores associados. Ciência e saúde coletiva [Internet], 26(5), 1805–1816. https://doi.org/10.1590/1413-81232021265.04032021.

Monteiro, A.T.A., Feitosa, A.N.A., Seabra, C.A.M. & França, J.L. (2024). Manejo das reações hansênicas na atenção primária à saúde: desafios clínicos e perspectivas para a prática médica. Revista Interdisciplinar em Saúde, 11(1), 649-662.

Monteiro, L.D., Martins-Melo, F.R., Pires, B.S. (2020) Tendência temporal e distribuição espacial da mortalidade relacionada à hanseníase no estado do Tocantins, 2000-2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde [Internet], 29(3), e2018336. <https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000300003>.

Nery, J.A.D.C., Sales, A.M., Illarramendi, X., Duppre, N.C., Jardim, M.R. & Machado, A.M. (2006). Contribution to diagnosis and management of reactional states: a practical approach. Anais Brasileiros de Dermatologia, 81(4), 367-375.

Neumann, A.D.S., Fontes, A.N.B., Lopes, M.Q.P., Suffys, P.N., Moraes, M.O. & Lara, F.A. (2022). Heterogeneous persistence of Mycobacterium leprae in oral and nasal mucosa of multibacillary patients during multidrug therapy. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, 117, e220058. https://doi.org/10.1590/0074-02760220058.

Niitsuma, E.N.A., Bueno, I.C., Arantes, E.O., Carvalho, A.P.M., Xavier Junior, G.F., Fernandes, G.D.R. & Lana, F.C.F. (2021). Factors associated with the development of leprosy in contacts: a systematic review and meta-analysis. Revista Brasileira de Epidemiologia [online] 24, e210039. https://doi.org/10.1590/1980-549720210039.

Penna, G.O., Pontes, M.A.A., Nobre, M.L., & Pinto, L.F. (2022). National Health Survey reveals high percentage of signs and symptoms of leprosy in Brazil. Ciencia & saude coletiva, 27(6), 2255–2258. https://doi.org/10.1590/1413-81232022276.18322021.

Penna, M.L., Buhrer-Sékula, S., Pontes, M.A., Cruz, R., Gonçalves, H.S. & Penna, G.O. (2012). Primary results of clinical trial for uniform multidrug therapy for leprosy patients in Brazil (U-MDT/CT-BR): reactions frequency in multibacillary patients. Leprosy Review, 83(3), 308-19.

Pereira, A.S., Shitsuka, D.M., Parreira, F.J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica [e-book gratuito]. Santa Maria: Editora da UFSM.

Pinheiro, M.G.C., Lins, S.L.D.F., Gomes, B.R.D.S., Simpson, C.A., Mendes, F.R.P., & Miranda, F.A.N. (2019). Contextual analysis of health care at discharge in leprosy: an integrative review. Análise contextual da atenção à saúde na alta em hanseníase: uma revisão integrativa. Revista gaúcha de enfermagem, 40, e20180258. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180258.

Pires, C.A.A., Santos, M.A.L.S, Biasi, B.H., Moreira, A.G., Coimbra, A.C., Ferreira, M.C., Nascimento, M.S., Brito, J.B.N. & Carneiro, F.R.O. (2021). Análise da ocorrência de reações adversas à poliquimioterapia no tratamento para hanseníase. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 13(2), 6233.

Propércio, A.N.A, Oliveira, F.A., Vale, T.N., Bandeira, D.R. & Marinho A.M.S. (2021). O Tratamento da Hanseníase a partir de uma Revisão Integrativa. Brazilian Journal of Health Review. 4(2), 8076-8101. http://dx.doi.org/10.34119/bjhrv4n2-339.

Queiroz, T.A., Carvalho, F.P., Simpson, C.A., Fernandes, A.C., Figueiredo, D.L. & Knackfuss, M.I. (2015). Perfil clínico e epidemiológico de pacientes em reação hansênica. Revista Gaúcha de Enfermagem, 36(1), 185-191. doi: 10.1590/1983-1447.2015.esp.57405.

Ramos, A.C.V., Martoreli Júnior, J. F., Berra, T.Z., Alves, Y.M., Barbosa, T.P., Scholze, A.R., Assis, I.S., Palha, P.F., Gomes, D. & Arcêncio, R.A. (2022). Temporal evolution and spatial distribution of leprosy in a municipality with low endemicity in São Paulo state, Brazil. Epidemiologia e serviços de saúde: revista do Sistema Único de Saude do Brasil, 31(1), e2021951. https://doi.org/10.1590/S1679-49742022000100018.

Santos, M.A.S. dos, Mercadante, L.M., Pegas, E.S., & Kadunc, B.V. (2018). Relationship between bacilloscopy and operational classification of Hansen’s disease in patients with reactions. Anais Brasileiros de Dermatologia, 93(3), 454–456. https://doi.org/10.1590/abd1806-4841.20186725

Santos, W.E.A., Alencar, S.F.A., Souza, D.G.P., Nascimento, J.F. & Macedo, S.F. (2024). Poliquimioterapia e reações hansênicas: perfil e percepções de usuários de um serviço especializado. Observatório de La Economía Latinoamericana, 22(9), 6712.

Scollard, D. M., Joyce, M. P., & Gillis, T. P. (2006). Development of leprosy and type 1 leprosy reactions after treatment with infliximab: a report of 2 cases. Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of America, 43(2), e19–e22. https://doi.org/10.1086/505222.

Scollard, D.M., Smith, T., Bhoopat, L., Theetranont, C., Rangdaeng, S. & Morens, D.M. (1994). Epidemiologic characteristics of leprosy reactions. International journal of leprosy and other mycobacterial diseases: official organ of the International Leprosy Association, 62(4), 559–567.

Shitsuka, R., Souza, M.A., Rosa, L.M.B., & Silva, R.S. (2014). Matemática fundamental para tecnologia. (2ed). Editora Érica.

Silva, M.S., Cavalcante, L.T., Teixeira, D.C.Q., Albuquerque, R.J.A. & Barreto, B.B.N.H. (2021). Perfil epidemiológico e clínico de pacientes com reação hansênica acompanhados em um hospital de referência. Revista de Ciências da Saúde Nova Esperança, 19(1), 13-23.

Suchonwanit, P., Triamchaisri, S., Wittayakornrerk, S., & Rattanakaemakorn, P. (2015). Leprosy Reaction in Thai Population: A 20-Year Retrospective Study. Dermatology research and practice, 2015, 253154. https://doi.org/10.1155/2015/253154.

Tavares, L.G.F., Lopes, A.A., Meira, I.M.A., Pinto, T.T.M.M., Gomes, L.S., Ribeiro, L.P., Ganzer, G.G.S, Gomes, F.A.S., Leal, V.F.A. & Castro, S.F. (2024). Hanseníase no estado do Pará: perfil clínico epidemiológico antes e depois da Covid-19. Revista FT [Internet], 137(28). https://doi.org/10.69849/revistaft/ar10202408212300.

Teixeira, C.S.S., Medeiros, D.S., Alencar, C.H., Ramos Júnior, A.N., & Heukelbach, J. (2019). Nutritional aspects of people affected by leprosy, between 2001 and 2014, in semi-arid Brazilian municipalities. Ciencia & saude coletiva, 24(7), 2431–2441. https://doi.org/10.1590/1413-81232018247.19642017.

Teixeira, M.A., Silveira, V.M. & França, E.R. (2010). Características epidemiológicas e clínicas das reações hansênicas em indivíduos paucibacilares e multibacilares, atendidos em dois centros de referência para hanseníase, na Cidade de Recife, Estado de Pernambuco. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 43(3), 287-292.

Toassi, R.F.C. & Petry, P. C. (2021). Metodologia científica aplicada à área de saúde. (2ed). Editora da UFRGS.

Vieira, S. (2021). Introdução à bioestatística. Editora GEN/Guanabara Koogan.

World Health Organization. Regional Office for South-East Asia. (2020). Leprosy: Management of reactions and prevention of disabilities: Technical guidance. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/332765.

Downloads

Publicado

2025-08-04

Edição

Seção

Ciências da Saúde

Como Citar

Caracterização das reações hansênicas em pacientes de um centro dermatológico de referência da Amazônia. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 8, p. e0914849328, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i8.49328. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/49328. Acesso em: 6 dez. 2025.