O envelhecimento e as respostas do P300 com estímulo de fala no ruído em campo sonoro
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49385Palavras-chave:
Envelhecimento, Potenciais Relacionados a Eventos, P300, Ruído.Resumo
Introdução: os idosos frequentemente se queixam de dificuldade em compreender a fala em ambientes com ruído. Fato não atribuído completamente às perdas de audição comuns no envelhecimento. O potencial auditivo P300 tem demonstrado ser uma medida interessante para investigar o processamento cognitivo no envelhecimento. Objetivo: Analisar as diferenças na latência e amplitude do P300 por meio do estímulo de fala, entre idosos e adultos jovens, no silêncio e na presença do ruído, na SNR 0 e +10, em campo sonoro. Método: Estudo observacional, descritivo, transversal, comparativo, com amostra composta por 44 sujeitos normo-ouvintes, na faixa etária entre 19 e 65 anos de idade, que realizaram o potencial auditiva P300 com estímulo de fala em diferentes relações sinal-ruído competitivo (0 e +10) em campo sonoro. Resultado: Os valores de latência média do P300 no silêncio foram maiores no grupo de idosos. O mesmo aconteceu com os dados de latência nas condições de SNR 0 e +10 (p < 0,05). Por outro lado, a amplitude não foi diferente entre os dois grupos no silêncio e nas condições de SNR 0 e +10 (p > 0,05). Conclusão: Por meio da análise dos resultados deste estudo podemos concluir que o grupo de idosos apresentou valores de latências médias maiores que nos jovens, na condição do silêncio e na presença do ruído nas SNR 0 e +10. A amplitude não mudou nas três condições de escuta, em nenhum dos grupos etários.
Referências
Amaral, M. S. A. (2019). Comportamento do P300 em pacientes usuários de implante coclear com eletroestimulação unilateral (Tese de doutorado). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Apolinario, D., Lichtenthaler, D. G., Magaldi, R. M., Soares, A. T., Busse, A. L., Das Gracas Amaral, J. R., Jacob-Filho, W., & Brucki, S. M. D. (2016). Using temporal orientation, category fluency, and word recall for detecting cognitive impairment: The 10-point cognitive screener (10-CS). Int. J. Geriatr. Psychiatry, 31(1), 4–12. https://doi.org/10.1002/gps.4262.
Billings, C. J., & Madsen, B. M. (2018). A perspective on brain-behavior relationships and effects of age and hearing using speech-in-noise stimuli. Hear. Res., 369, 90–102. https://doi.org/10.1016/j.heares.2018.05.001
Calderaro, V. G. (2020). Avaliação eletrofisiológica (P300) e de percepção de fala em indivíduos com perda auditiva antes e após adaptação de AASI (Dissertação de mestrado). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Caporali, S. A., & Silva, J. A. da (2004). Reconhecimento de fala no ruído em jovens e idosos com perda auditiva. Revista Brasileira De Otorrinolaringologia, 70(4), 525–532. https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000400014
Cardoso, M. J. F., Alvarenga, K. de F., Tabaquim, M. de L. M., Lopes, T. de A., Costa Filho, O. A., & Jacob, L. C. B. (2024). Idosos com perda auditiva e declínio cognitivo: desempenho da percepção de fala no ruído. Codas, 36(3), e20230094. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20242023094pt
Colafêmina, J. F., Fellipe, A. C. N., Junqueira, C. A. O., & Frizzo, A. C. (2000). Potenciais evocados auditivos de longa latência (P300) em adultos jovens saudáveis: Um estudo normativo. Rev. Bras. Otorrinolaringol., 66(2), 144–148.
Cóser, M. J. S., Cóser, P. L., Pedroso, F. S., Rigon, F., & Cioqueta, E. (2010). P300 auditory evoked potential latency in elderly. Braz. J. Otorhinolaryngol., 76(3), 287–293. https://doi.org/10.1590/S1808-86942010000300009
Cowell, P. E., Turetsky, B. I., Gur, R. C., Grossman, R. I., Shtasel, D. L., & Gur, R. E. (1994). Sex differences in aging of the human frontal and temporal lobes. J. Neurosci., 14(8), 4748–4755. https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.14-08-04748.1994
Dillon, H. (2005). So, baby, how does it sound? Cortical assessment of infants with hearing aids. Hear. J., 58(10), 10–17.
Emmerson, R. Y., Dustman, R. E., Shearer, D. E., & Turner, C. W. (1989). P3 latency and symbol digit performance correlations in aging. Exp. Aging Res., 15(3), 151–159. https://doi.org/10.1080/03610738908259732
Figueiredo, S. S. R. (2015). Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência em crianças usuárias de implante coclear (Dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Frisina, D. R., & Frisina, R. D. (1997). Speech recognition in noise and presbycusis: Relations to possible neural mechanisms. Hear. Res., 106(1-2), 95–104. https://doi.org/10.1016/S0378-5955(97)00011-4
Gaal, Z. A., Csuhaj, R., & Molnar, M. (2007). Age-dependent changes of auditory evoked potentials–effect of task difficulty. Biol. Psychol., 76(3), 196–208. https://doi.org/10.1016/j.biopsycho.2007.06.004
George, E. L., Zekveld, A. A., Kramer, S. E., Goverts, S. T., Festen, J. M., & Houtgast, T. (2007). Auditory and nonauditory factors affecting speech reception in noise by older listeners. J. Acoust. Soc. Am., 121(4), 2362–2375. https://doi.org/10.1121/1.2645556
Getzmann, S., & Wascher, E. (2016). Postdeviance distraction in younger and older adults: Neuro-behavioral evidence from speech perception. Psychol. Aging, 31(8), 943–957. https://doi.org/10.1037/pag0000128
Guerrero, L., Bouazzaoui, B., Isingrini, M., & Angel, L. (2022). Involvement of executive control in neural capacity related to working memory in aging: An ERP P300 study. Cogn. Affect. Behav. Neurosci., 22, 1311–1333. https://doi.org/10.3758/s13415-022-01021-4
Gur, R. C., Mozley, P. D., Resnick, S. M., Gottlieb, G. L., Kohn, M., Zimmerman, R., Herman, G., Atlas, S., Grossman, R., & Berretta, D. (1991). Gender differences in age effect on brain atrophy measured by magnetic resonance imaging. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., 88(7), 2845–2849. https://doi.org/10.1073/pnas.88.7.2845
Humes, L. E. (2021). Factors underlying individual differences in speech-recognition threshold (SRT) in noise among older adults. Front. Aging Neurosci., 13, 702739. https://doi.org/10.3389/fnagi.2021.702739
Jasper, H. H. (1958). The ten-twenty electrode system of the International Federation. Electroencephalogr. Clin. Neurophysiol., 10(2), 371–375. https://doi.org/10.1016/0013-4694(58)90053-1
Jerger, J., & Lew, H. L. (2004). Principles and clinical applications of auditory evoked potentials in the geriatric population. Phys. Med. Rehabil. Clin. N. Am., 15(1), 235–250. https://doi.org/10.1016/S1047-9651(03)00112-3
Johnson, R., Jr., Pfefferbaum, A., & Kopell, B. S. (1985). P300 and long-term memory: Latency predicts recognition performance. Psychophysiology, 22(5), 497–507. https://doi.org/10.1111/j.1469-8986.1985.tb01545.x
Kestens, K., Van Yper, L., Degeest, S., & Keppler, H. (2023). The P300 auditory evoked potential: A physiological measure of the engagement of cognitive systems contributing to listening effort? Ear Hear., 44(6), 1389–1403. https://doi.org/10.1097/AUD.0000000000001339
Koerner, T. K., Zhang, Y., Nelson, P. B., Wang, B., & Zou, H. (2017). Neural indices of phonemic discrimination and sentence-level speech intelligibility in quiet and noise: A P3 study. Hear. Res., 350, 58–67. https://doi.org/10.1016/j.heares.2017.07.001
Kosaner, J., Bayguzina, S., & Gültekin, M. (2014). Monitoring adequacy of audio processor programs and auditory maturity using aided cortical assessment (ACA). Paper presented at the World Congress of Audiology, Brisbane, Australia.
Macambira, Y. K. S., Ferreira, M. C., & Reis, A. C. M. B. (2025). Envelhecimento e respostas do potencial P300 no ruído: Uma revisão sistemática. Research, Society and Development, 14(8), e3114849369. https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49369
Machado, C. S. S., Carvalho, A. C. O., & Silva, P. L. G. E. (2009). Caracterização da normalidade do P300 em adultos jovens. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol., 14(1), 83–90. https://doi.org/10.1590/S1516-80342009000100013
McCullagh, J., Musiek, F. E., & Shinn, J. B. (2012). Auditory cortical processing in noise in normal-hearing young adults. Audiol. Med., 10(3), 114–121. https://doi.org/10.3109/1651386X.2012.704772
McCullagh, J., & Shinn, J. B. (2018). Auditory P300 in noise in younger and older adults. J. Am. Acad. Audiol., 29(10), 909–916. https://doi.org/10.3766/jaaa.17144
Nunes, F. B. (2002). Da avaliação do P300 e do processamento auditivo em pacientes idosos com e sem queixa auditiva (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Paulo.
Pearson, D. V., Shen, Y., Hetrick, W. P., O'Donnell, B. F., Lundin, N. B., McAuley, J. D., & Kidd, G. R. (2025). P300 as an index of speech-in-noise understanding in complex acoustic environments in young and older adults. Front. Neurosci., 19, 1497781. https://doi.org/10.3389/fnins.2025.1497781
Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free e-book]. Santa Maria/RS. Ed. UAB/NTE/UFSM.
Pichora-Fuller, M. K. (2003). Cognitive aging and auditory information processing. Int. J. Audiol., 42(S1), 2S26–2S32. https://doi.org/10.3109/14992020309074638
Pichora-Fuller, M. K., Schneider, B. A., & Daneman, M. (1995). How young and old adults listen to and remember speech in noise. J. Acoust. Soc. Am., 97(1), 593–608. https://doi.org/10.1121/1.412282
Pinal, D., Zurron, M., & Diaz, F. (2015). An event related potentials study of the effects of age, load and maintenance duration on working memory recognition. PLoS One, 10(8), e0143117. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0143117
Polich, J. (2003). Theoretical overview of P3a and P3b. In J. Polich (Ed.), Detection of change (pp. 83–98). Kluwer Academic Press.
Polich, J. (2007). Updating P300: An integrative theory of P3a and P3b. Clin. Neurophysiol., 118(10), 2128–2148. https://doi.org/10.1016/j.clinph.2007.04.019
Polich, J., Howard, L., & Starr, A. (1983). P300 latency correlates with digit span. Psychophysiology, 20(6), 665–669. https://doi.org/10.1111/j.1469-8986.1983.tb01547.x
Polich, J., Howard, L., & Starr, A. (1985). Stimulus frequency and masking as determinants of P300 latency in event-related potentials from auditory stimuli. Biol. Psychol., 21(4), 309–318. https://doi.org/10.1016/0301-0511(85)90045-6
Punch, S., Van Dun, B., King, A., Carter, L., & Pearce, W. (2016). Clinical experience of using cortical auditory evoked potentials in the treatment of infant hearing loss in Australia. Semin. Hear., 37(1), 36–52. https://doi.org/10.1055/s-0036-1586762
Reis, A. C. M. B., Frizzo, A. C. F., Lozano, A. C., Santos, F. R. dos, Anastasio, A. R. T., & Hyppolito, M. A. (2014). Variabilidade do registro de latência e amplitude do potencial evocado auditivo de longa latência (P3) na condição teste e reteste. Audiol. Commun. Res., 19(3), 293–298. https://doi.org/10.1590/S2317-64312014000300013
Rönnberg, J., Lunner, T., Zekveld, A., Sorqvist, P., Danielsson, H., Lyxell, B., Dahlstrom, O., Signoret, C., Stenfelt, S., Pichora-Fuller, M. K., & Rudner, M. (2013). The Ease of Language Understanding (ELU) model: Theoretical, empirical, and clinical advances. Front. Syst. Neurosci., 7, 31.https://doi.org/10.3389/fnsys.2013.00031
Salisbury, D. F., Desantis, M. A., Shenton, M. E., & McCarley, R. W. (2002). The effect of background noise on P300 to suprathreshold stimuli. Psychophysiology, 39(1), 111–115. https://doi.org/10.1017/S0048577201391131
Schneider, B. A., & Pichora-Fuller, M. K. (2001). Age related changes in temporal processing: Implications for speech perception. Semin. Hear., 22(3), 227–239. https://doi.org/10.1055/s-2001-13804
Schochat, E. (2004). Avaliação eletrofisiológica da audição. In L. P. Ferreira, D. M. Befi-Lopes, & S. O. Limongi (Orgs.), Tratado de Fonoaudiologia (pp. 656–669). Roca.
Shitsuka, R. et al. (2014). Matemática fundamental para tecnologia. (2ed). Editora Érica.
Silva, L. A. F., Couto, M. I. V., Magliaro, F. C. L., Tsuji, R. K., Bento, R. F., Carvalho, A. C. M., & Matas, C. G. (2017). Cortical maturation in children with cochlear implants: Correlation between electrophysiological and behavioral measurement. PLoS One, 12(2), e0171177. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0171177
Silva, L. A. F., Couto, M. I. V., Tsuji, R. K., Bento, R. F., Matas, C. G., & Carvalho, A. C. M. (2014). Estudo da maturação das vias auditivas pós-implante coclear por meio dos potenciais evocados auditivos de longa latência. Braz. J. Otorhinolaryngol., 80(2), 131–137. https://doi.org/10.5935/1808-8694.20140025
Silva, R. F., Advíncula, K. P., Gonçalves, P. A., Leite, G. A., Pereira, L. D., Griz, S. M. S., & Menezes, D. C. (2021). Efeito da idade e da taxa de modulação no reconhecimento da fala intermitente. Rev. CEFAC, 23(2), e4120. https://doi.org/10.1590/1982-02162021002324120
Wilson, R. H., McArdle, R., Betancourt, M. B., Herring, K., Lipton, T., & Chisolm, T. H. (2010). Word-recognition performance in interrupted noise by young listeners with normal hearing and older listeners with hearing loss. J. Am. Acad. Audiol., 21(2), 90–109. https://doi.org/10.3766/jaaa.21.2.4
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Ysa Karen dos Santos Macambira, Karina Paes Advíncula, Ana Cláudia Figueredo Frizzo, Pedro de Lemos Menezes, Ana Cláudia Mirândola Barbosa Reis

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
