Más oclusões em adolescentes brasileiros: comparação entre os dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010 com a de 2023 e perspectivas para a ampliação do tratamento ortodôntico no Sistema Único de Saúde (SUS)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i9.49484Palavras-chave:
Ortodontia, Saúde Pública, Maloclusão, Adolescente.Resumo
As más oclusões constituem um dos principais agravos em saúde bucal, com impactos funcionais, estéticos e psicossociais, especialmente na adolescência. O objetivo deste trabalho é comparar e analisar a prevalência das más oclusões entre adolescentes brasileiros de 12 anos e de 15 a 19 anos, com base nos dados das edições de 2010 e 2023 do Projeto SB Brasil, e discutir as possibilidades de ampliação do acesso ao tratamento ortodôntico no SUS. Trata-se de um estudo descritivo, com análise de dados secundários obtidos dos relatórios do SB Brasil 2010 e 2023. Aos 12 anos, observou-se estabilidade na proporção de adolescentes sem oclusopatias, com redução dos casos definidos e graves, mas aumento nos muito graves (de 7,1% para 11,69%). Na faixa de 15 a 19 anos, houve aumento da ausência de oclusopatia (de 65,1% para 67,1%) e redução nos casos muito graves (de 10,3% para 8,25%). Apesar da estabilidade nos indicadores nacionais, as variações regionais indicam desigualdade no acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento ortodôntico. A ampliação da cobertura por meio dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), com maior financiamento federal e triagens baseadas em critérios clínicos e sociais, é essencial para garantir o princípio da equidade em saúde bucal no SUS.
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