Estado nutricional de crianças indígenas nas regiões de saúde do estado do Pará em 2024
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i12.50281Palavras-chave:
Estado nutricional, Crianças indígenas, Pará.Resumo
A avaliação do estado nutricional infantil constitui um indicador essencial de saúde pública, especialmente entre as populações indígenas, que historicamente enfrentam situações de vulnerabilidade social, econômica e sanitária. O presente estudo tem como objetivo analisar o estado nutricional das crianças indígenas nas treze regiões de saúde do Estado do Pará no ano de 2024, a partir dos dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). A pesquisa, de abordagem quantitativa utilizou informações secundárias disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, permitindo identificar os índices de desnutrição, eutrofia e excesso de peso entre as populações indígenas infantis. Os resultados evidenciaram um cenário marcado pela dupla carga de má nutrição, com a coexistência de casos de desnutrição em regiões mais vulneráveis, como Tapajós e Lago de Tucuruí, e o aumento de sobrepeso em outras localidades, reflexo da transição nutricional e da inserção de alimentos industrializados nas aldeias. Esses dados revelam desigualdades sociais e territoriais que comprometem o pleno desenvolvimento infantil e evidenciam a necessidade de políticas públicas intersetoriais, culturalmente sensíveis e participativas. Conclui-se que o fortalecimento do SISVAN e a valorização dos saberes alimentares tradicionais são fundamentais para a promoção da segurança alimentar, da equidade em saúde e da soberania dos povos indígenas do Pará.
Referências
Aguiar, I. W. O., Carioca, A. A. F., Barbosa, B. B., Adriano, L. S., Barros, A. Q. S., & Kendall, C. (2023). Indicadores antropométricos em povos e comunidades tradicionais do Brasil: Análise de registros individuais do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, 2019. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 32(4), e2023543.
Brasil. (2009a). Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica. Diário Oficial da União.
Brasil. (2009b). Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006: Dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Ministério da Saúde.
Brasil. Ministério da Saúde. (2024). Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN: Relatório consolidado 2024. MS.
Chung, S. T., Onuzurike, A. U., & Magge, S. N. (2018). Cardiometabolic risk in obese children. Annals of the New York Academy of Sciences, 1411, 166–183. https://doi.org/10.1111/nyas.13602
Coimbra Jr., C. E. A., & Santos, R. V. (2000). Saúde, minorias e desigualdade: Algumas teias de interrelações, com ênfase nos povos indígenas do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 5, 125–130.
Coimbra Jr., C. E. A. (2014). Saúde e povos indígenas no Brasil: Reflexões a partir do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena. Cadernos de Saúde Pública, 30(4), 855–859.
Garnelo, L., & Pontes, A. L. (2012). Saúde indígena: Uma introdução ao tema. MEC/SECADI.
Hawkes, C., et al. (2020). Double-duty actions: Seizing programme and policy opportunities to address malnutrition in all its forms. The Lancet, 395(10218), 142–155. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)32506-1
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2023). Censo Demográfico 2022: População indígena. IBGE.
Lôbo, M. K. B. dos S., Santos, R. A. S. dos, & Luz, R. T. (2024). Determinantes da desnutrição nas crianças indígenas. Revista Saúde.Com, 20(4), 3594–3603.
Maciel, V. B. da S., Coca, K. P., Castro, L. S., & Abraão, A. C. F. de. (2021). Diversidade alimentar de crianças indígenas de dois municípios da Amazônia Ocidental brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, 26(7).
Mendes, L. C. (2023). A história do direito dos povos indígenas no Brasil (Monografia de Bacharelado em Direito). Universidade de Araraquara.
Ministério da Saúde (Brasil). (2013). Política Nacional de Alimentação e Nutrição (1ª ed., 1ª reimpr.). Ministério da Saúde.
Ministério da Saúde (Brasil). (2015). Marco de referência da vigilância alimentar e nutricional na atenção básica. Ministério da Saúde.
Ministério da Saúde (Brasil). (2021). SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional: Relatórios públicos. Ministério da Saúde.
NCPI – Núcleo Ciência pela Infância. (2024). Desigualdades em saúde de crianças indígenas. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
Pereira, A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free ebook]. Santa Maria. Editora da UFSM.
Popkin, B. M., Corvalán, C., & Grummer-Strawn, L. M. (2020). Dynamics of the double burden of malnutrition and the changing nutrition reality. The Lancet, 395(10217), 65–74. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)32497-3
Shitsuka, R. et al. (2014). Matemática fundamental para tecnologia. (2ed). Editora Érica.
Simoni, A. T., Guimarães, B. N., & Santos, R. V. (2024). “Nunca mais o Brasil sem nós”: Povos indígenas no Censo Demográfico 2022. Cadernos de Saúde Pública.
Soares, F. R., Cunha, D. M., & Oliveira, C. S. (2022). Políticas de alimentação escolar e comunidades indígenas: Desafios e perspectivas. Revista de Políticas Públicas e Desenvolvimento, 12(2), 45–63.
Victora, C. G., et al. (2008). Maternal and child undernutrition: Consequences for adult health and human capital. The Lancet, 371(9609), 340–357. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(07)61692-4
World Health Organization. (2006). WHO Child Growth Standards: Length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: Methods and development. WHO.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Renato dos Santos Anicá, Luísa Margareth Carneiro da Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
