Fragmentação humana em saúde à luz da saga Divergente: Um debate sobre especializações na educação médica com metodologias ativas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i1.47911Palavras-chave:
Medicina de Família e Comunidade, Educação Médica, Literatura, Treinamento por Simulação, Educação de Graduação em Medicina, Ensino, Ensino em Saúde.Resumo
Conhecida pelo sucesso de bilheterias e da popularização entre o público adolescente por debater em uma perspectiva filosófica e futurística o avanço de tecnologias associado ao controle governamental de uma cidade subdividida em um sistema de facções, a saga Divergente de Veronica Roth aborda temáticas atuais e que auxiliam como ponte de diálogo entre jovens e docentes sobre discussões de diversas esferas do conhecimento, incluindo problemas complexos existentes na evolução do ensino médico até os desafios da prática médica fragmentada e mecânica. O presente artigo objetiva apresentar um relato de experiência da utilização de uma metodologia ativa de ensino, o Role-playing, associada ao cenário de fantasia da saga Divergente para a problematização da hiperespecialização médica em analogia ao desenvolvimento do sistema de facções. Associa-se a uma revisão narrativa de literatura, com debates estratégicos das etapas de discussão da literatura juvenil inseridos na resolução de um caso clínico complexo, em um contexto de ambulatório de especialidades, discutindo questões como a criação e incentivo desenfreado de ligas acadêmicos subespecializadas contribuindo para a manutenção do modelo biomédico hegemônico e que fortalece a visão hospitalocêntrica e de fragmentação da pessoa humana. Tal processo dificulta o raciocínio clínico em uma perspectiva biopsicossocial, direcionada ao cuidado integrado e centrado nas pessoas. Dessa forma, realiza uma analogia crítica da visão do divergente na saga como uma ameaça ao sistema por não se enquadrar apenas em um grupamento específico, comparando-se ao processo de invisibilização e inferiorização da medicina de família como especialidade médica integral.
Referências
Aragão, J. C. S. et al. (2009). O uso da técnica de role-playing como sensibilização dos alunos de Medicina para o exame ginecológico. Revista Brasileira De Educação Médica, 33(1), 80–83. https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000100011
Balbi, L., Lins, L., & Menezes, M. S. (2017). A Literatura como Estratégia para Reflexões sobre Humanismo e Ética no Curso Médico: um Estudo Qualitativo. Revista Brasileira De Educação Médica, 41(1), 152–161. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v41n1RB20160049
Barros, A. M. D. B. (2024). Manual de trabalhos acadêmico-científicos: relato de experiência. Nova UBM - Centro Universitário de Barra Mansa. Gaia, A. C. A.
De Souza, B. C., & Roazzi, A. (2017). What Is Your Faction? Multidimensional Evidence for the Divergent Series as the Basis for a New Model of Personality and Work Life. Frontiers in psychology, 8, 1751. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.01751
Ferreira, A. S. C. G., Mazzafera, B. L., & Bianchini, L. G. B. (2023). O Uso da Simulação na Formação do Médico Brasileiro: uma Revisão da Literatura. Revista De Ensino, Educação E Ciências Humanas, 23(5), 723–731. https://revistaensinoeeducacao.pgsscogna.com.br/ensino/article/view/10382.
Francischetti, I. et al. (2011). Role-playing: estratégia inovadora na capacitação docente para o processo tutorial. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 15(39), 1207–1218. https://doi.org/10.1590/S1414-32832011000400019
Gaia, A. C. A. & Gaia, A. R. (2020). Relato de experiência: roteiros para elaboração de trabalhos de conclusão de cursos de licenciatura. Ed. CVR.
Gomes, G. R., & Farina, C. (2016). O que nos fala o cinema sobre a juventude? O regime de facções em insurgente e a fixidez identitária. Revista De Humanidades, 31(2), 331–346. https://doi.org/10.5020/23180714.2016.31.2.331-346
Gomes Junior, F. da S. et al. (2024). Educação em Saúde na formação médica: uma análise a partir de projetos pedagógicos e da literatura científica. Ciência & Educação (bauru), 30, e24050. https://www.scielo.br/j/ciedu/a/bqKg7NCS4DZqBw5SsptD3ky/.
Hilário, L. C. (2013). Teoria Crítica e Literatura: a distopia como ferramenta de análise radical da modernidade. Anuário De Literatura, 18(2), 201–215. https://doi.org/10.5007/2175-7917.2013v18n2p201
Landsberg, G. de A. P. (2009). Vendo o outro através da tela: cinema, humanização da educação médica e Medicina de Familia e Comunidade. Revista Brasileira De Medicina De Família E Comunidade, 4(16), 298–304. https://doi.org/10.5712/rbmfc4(16)422
Marques, E. M. de & Pereira, Â. M. (2017). A justaposição do pós-humano e do transumano no gênero distopia: uma análise das trilogias Divergente e A 5ª Onda. Ilha Do Desterro, 70(2), 119–127. https://doi.org/10.5007/2175-8026.2017v70n2p119
Matangrano, B. A. (2019). Ordem vermelha: filhos da degradação, entre a alta fantasia e a distopia. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (56), e5620. https://doi.org/10.1590/2316-40185620
Moliterno, N. V. et al. (2024). A percepção do estudante de medicina sobre a simulação realística em pediatria. Revista Brasileira de Educação Médica, 48(1), e017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/jmvmsFr3fYP7WXLhxdMd6Nk/.
Mussi, R. F. D. F., Flores, F. F., & Almeida, C. B. D. (2021). Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico. Revista práxis educacional, 17(48), 60-77. https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/9010
Paulino, D. B. et al. (2019). Role-Play como Estratégia Pedagógica para Problematizar as Linhas de Cuidado Integral em Saúde aos Adolescentes e Jovens. Revista Brasileira De Educação Médica, 43(1), 662–671. https://doi.org/10.1590/1981-5271v43suplemento1-20180151
Peixoto, J. M. et al. (2018). Processos de desenvolvimento do raciocínio clínico em estudantes de medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, 42(1), 75-83. https://www.scielo.br/j/rbem/a/Rv5TKsZD5M5W8sHvWcZ7XHr/?format=pdf&lang=pt
Pereira, A.M. & Marques, E.M. (2016). A atualização do "não-lugar" em distopias contemporâneas: a intertextualidade na obra divergente de Veronica Roth sob um olhar transumano. E-scrita Revista do Curso de Letras da UNIABEU Nilópolis, 7(3), 29-43. A_atualização_do_não_lugar_em_distopias_contemporâneas_a_intertextualidade_na_obra_Divergente_de_Veronica_Roth_sob_um_olhar_transumano
Pereira, Â. M. (2018). Tendências distópicas no Brasil: a fantasia como possibilidade de lidar com o pesadelo na literatura nacional. Alea: Estudos Neolatinos, 20(3), 223–238. https://doi.org/10.1590/1517-106X/203223238
Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free e-book]. Editora UAB/NTE/UFSM.
Pereira, A. M. (2017). Divergência, insurgência e convergência: uma análise da trilogia Divergente sob a luz das distopias modernas e contemporâneas. Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Letras), Centro de Letras e Comunicação, Universidade Federal de Pelotas. http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/3474
Pereira, Â. M. (2019). The hunger games is a utopia? the feminine as a bridge to the return to nature in contemporary dystopia. Trabalhos em Linguística Aplicada, 58(2), 743–758. https://doi.org/10.1590/010318135621615822019
Pereira M. V. da S. et al. (2024). Metodologias ativas na educação médica no Brasil. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 24(2), e15032. https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/15032.
Rodrigues, D. R. (2024). O existencialismo vulgar na cultura pop: entre a utopia e a distopia no imaginário contemporâneo. Trans/form/ação, 47(3), e02400175. https://doi.org/10.1590/0101-3173.2024.v47.n3.e02400175
Roth, V. The Divergent Series Complete Collection. New York City, NY: Harper Collins Publishers, 2013.
Silva, F. E. (2018). A Avaliação Crítica da Literatura Médica como Instrumento de Complementação Educacional no Internato de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, 42(1), 27–30. https://doi.org/10.1590/1981-52712018v42n1RB20160109
Silva, C. S. da & Cavalcanti, E. L. D. (2024). Classificação, abordagem metodológica e objetivo das pesquisas sobre o RPG na Educação em Ciências: um estudo bibliográfico das teses e dissertações. Ciência & Educação (bauru), 30, e24044. https://doi.org/10.1590/1516-731320240044
Sória, R. G. de L., & Macuch, R. da S. (2024). Aplicações da técnica do role-play proposta pelo método psicodramático. Revista Brasileira de Psicodrama, 32, e1024. https://doi.org/10.1590/psicodrama.v32.646
Talone, V. da G. (2018). Distopias presentes, passadas e futuras: os monstros da sociedade. Sociologias, 20(49), 368–380. https://doi.org/10.1590/15174522-02004931
Vasconcellos, P. S., & Pazinato, M. (2023). Um panorama da utilização do Role Playing Game para o Ensino de Química durante a última década. Revista Eletrônica Ludus Scientiae, 7. https://revistas.unila.edu.br/relus/article/view/4093
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Cely Carolyne Pontes Morcerf; João Mazzoncini de Azevedo Marques

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
