Quimioterapia e Cardiotoxicidade: avanços e desafios na cardio-oncologia – Uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49310Palavras-chave:
Cardiotoxicidade, Antineoplásicos, Cardio-oncologia.Resumo
Introdução: O aumento exponencial dos casos de neoplasias tem sido impactante de forma generalizada, culminando com o avanço os fármacos e quimioterapias implicadas no tratamento. Dentre as classes farmacológicas mais utilizadas destacam-se antraciclinas e as anti-HER2, que possuem como maiores exemplos doxorrubicina e trastazumabe, respectivamente. Drogas descritas frequentemente com a associação causal de cardiotoxicidade induzida pelos quimioterápicos. A cardiotoxicidade é definida pela presença confirmada de nova alteração cardiovascular durante ou após o tratamento sem outras possíveis causas etiológicas que possam justificar o quadro. Essa representa importante complicação durante o tratamento dos pacientes oncológicos, merecendo destaque no envolvimento do cardio-oncologista com a identificação precoce do acometimento cardiovascular, seu seguimento e tratamento. Objetivo Estabelecer uma revisão atualizada sobre o tema cardiotoxicidade relacionada aos quimioterápicos, trastuzumabe e doxorrubicina, e importância do desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento. Metodologia: Será realizada uma pesquisa tipo não experimental, descritiva, revisão de literatura tipo integrativa de artigos encontrados nos sites oficiais do Pubmed® e Scielo® disponíveis entre os anos de 2018 e 2024, de acesso ao público. Conclusão: Conclui-se que não há questionamento na relação dos quimioterápicos e a cardiotoxicidade. E reforça-se a importância do acompanhamento cardiológico regular por meio de exames complementares para reconhecimento e intervenção precoce, visando evitar danos cardiovasculares irreversíveis.
Referências
A.C. Camargo Cancer Center. (2023). Observatório do câncer: Registro Hospitalar de Câncer do A.C.Camargo Cancer Center 2000 a 2020 (43 p.). Fundação Antônio Prudente. https://accamargo.org.br/sites/default/files/2023/04/observatorio_do_cancer_rhc_2000-2020.pdf
Abdel-Qadir, H., Thavendiranathan, P., Austin, P. C., Lee, D. S., Amir, E., Tu, J. V., et al. (2019). Development and validation of a multivariable prediction model for major adverse cardiovascular events after early-stage breast cancer: A population-based cohort study. European Heart Journal, 40(48), 3913–3920. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehz487
Adão, R., de Keulenaer, G., Leite-Moreira, A., & Brás-Silva, C. (2013). Cardiotoxicity associated with cancer therapy: Pathophysiology and prevention strategies. Revista Portuguesa de Cardiologia, 32(5), 395–409. https://doi.org/10.1016/j.repc.2012.11.002
Agunbiade, T. A., Zaghlol, R. Y., & Barac, A. (2019). Heart failure in relation to anthracyclines and other chemotherapies. Methodist DeBakey Cardiovascular Journal, 15(4), 243. https://doi.org/10.14797/mdcj-15-4-243
Ala, C. K., Klein, A. L., & Moslehi, J. J. (2019). Cancer treatment-associated pericardial disease: Epidemiology, clinical presentation, diagnosis, and management. Current Cardiology Reports, 21(12), 156. https://doi.org/10.1007/s11886-019-1217-0
Albini, A., Pennesi, G., Donatelli, F., et al. (2010). Cardiotoxicity of anticancer drugs: The need for cardio-oncology and cardio-oncological prevention. Journal of the National Cancer Institute, 102(1), 14–25. https://doi.org/10.1093/jnci/djp440
Alencar Filho, A. C., & Gonçalves, M. J. F. (2011). Metassínteses qualitativas e revisões integrativas: Cardiologia e oncologia: Uma visão interdisciplinar. Saúde & Transformação Social, 1(2), 150–154.
American Cancer Society. (2021). Cancer statistics 2021. CA: A Cancer Journal for Clinicians, 71(1), 7–30. https://doi.org/10.3322/caac.21341
Ananthan, K., & Lyon, A. R. (2020). The role of biomarkers in cardio-oncology. Journal of Cardiovascular Translational Research, 13(4), 431–450. https://doi.org/10.1007/s12265-020-09990-6
Armenian, S. H., Yang, D., Teh, J. B., Atencio, L. C., Gonzales, A., Wong, F. L., et al. (2018). Prediction of cardiovascular disease among hematopoietic cell transplantation survivors. Blood Advances, 2(14), 1756–1764. https://doi.org/10.1182/bloodadvances.2018007792
Armenian, S., & Bhatia, S. (2018). Predicting and preventing anthracycline-related cardiotoxicity. American Society of Clinical Oncology Educational Book, 38, 3–12.
Ávila, M. S., Siqueira, S. R. R., Waldeck, L., Ayub-Ferreira, S. M., Takx, R., Bittencourt, M. S., et al. (2023). Antagonistas do sistema renina-angiotensina e beta-bloqueadores na prevenção da cardiotoxicidade induzida por antraciclinas: Uma revisão sistemática e meta-análise. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 120(5), e20220298. https://doi.org/10.36660/abc.20220298
Barish, R., Lynce, F., Unger, K., & Barac, A. (2019). Management of cardiovascular disease in women with breast cancer. Circulation, 139, 1110–1120. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.118.039371
Battisti, N. M. L., Andres, M. S., Lee, K. A., Ramalingam, S., Nash, T., Mappouridou, S., et al. (2021). Incidence of cardiotoxicity and validation of the Heart Failure Association–International Cardio-Oncology Society risk stratification tool in patients treated with trastuzumab for HER2-positive early breast cancer. Breast Cancer Research and Treatment, 188(1), 149–163. https://doi.org/10.1007/s10549-021-06121-4
Ben Kridis, W., Sghaier, S., Charfeddine, S., Toumi, N., Daoud, J., Kammoun, S., et al. (2020). A prospective study about trastuzumab-induced cardiotoxicity in HER2-positive breast cancer. American Journal of Clinical Oncology: Cancer Clinical Trials, 43(6), 510–516. https://doi.org/10.1097/COC.0000000000000711
Berenguer, D. R. F., Becker, M. M. C., Buril, R. O., Bertão, P. A., Markman Filho, B., & Brandão, S. C. S. (2024). Evolução da captação miocárdica de 18F-FDG em paciente com diagnóstico de cardiotoxicidade. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 121(2), e20230276. https://doi.org/10.36660/abc.20230276
Borde, C., Kand, P., & Basu, S. (2012). Enhanced myocardial fluorodeoxyglucose uptake following adriamycin-based therapy: Evidence of early chemotherapeutic cardiotoxicity? World Journal of Radiology, 4(5), 220–223. https://doi.org/10.4329/wjr.v4.i5.220
Brant, L. C. C., et al. (2017). Variations and particularities in cardiovascular disease mortality in Brazil and Brazilian states in 1990 and 2015: Estimates from the Global Burden of Disease. Revista Brasileira de Epidemiologia, 20(Suppl. 1), 116–128.
Cameron, D., Piccart-Gebhart, M. J., Gelber, R. D., Procter, M., Goldhirsch, A., de Azambuja, E., et al. (2017). 11 years' follow-up of trastuzumab after adjuvant chemotherapy in HER2-positive early breast cancer: Final analysis of the HERceptin Adjuvant (HERA) trial. Lancet, 389(10075), 1195–1205. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)30468-9
Cardinale, D., Colombo, A., Bacchiani, G., Tedeschi, I., Meroni, C. A., Veglia, F., et al. (2015). Early detection of anthracycline cardiotoxicity and improvement with heart failure therapy. Circulation, 131(22), 1981–1988. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.114.013777
Crossetti, M. G. O. (2012). Revisão integrativa de pesquisa na enfermagem: O rigor científico que lhe é exigido. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33(2), 8–13. http://hdl.handle.net/10183/94920
Esquvias, G. B., & Asteggiano, R. (2015). Cardiac management of oncology patients: Clinical handbook for cardio-oncology. Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-15808-2
European Society of Cardiology. (2022). 2022 ESC guidelines on cardio-oncology developed in collaboration with the European Hematology Association (EHA), the European Society for Therapeutic Radiology and Oncology (ESTRO), and the International Cardio-Oncology Society (IC-OS). European Heart Journal, 43, 4229–4361. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehac244
Ewer, M. S., & Ewer, S. M. (2015). Cardiotoxicity of anti-cancer treatments. Nature Reviews Cardiology, 12(9), 547–558. https://doi.org/10.1038/nrcardio.2015.84
Ewer, M. S., et al. (2005). Reversibility of trastuzumab-related cardiotoxicity: New insights based on clinical course and response to medical treatment. Journal of Clinical Oncology, 23(31), 7820–7826. https://doi.org/10.1200/JCO.2005.13.300
Fava, M. G., Furtado, R. H. M., & Polanczyk, C. A. (2021). Uso de betabloqueadores na prevenção da cardiotoxicidade causada por antraciclinas: Revisão sistemática e meta-análise. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 117(3), 493–504. https://doi.org/10.36660/abc.20200481
Ferreira, M. B., Silva, P. C., & Sanna, G. M. P. (2017). Cardiopatia isquêmica na paciente oncológica: A importância da prevenção. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 109(5), 504–510. https://doi.org/10.5935/abc.20170074
Gil, A. C. (2017). Métodos e técnicas de pesquisa social (7ª ed.). Editora Atlas.
Gonzaga, T. D., Silva, M. T. S., & Barbosa, F. M. (2018). Uso da ecocardiografia na avaliação da cardiotoxicidade por antraciclinas: Revisão sistemática. Revista Brasileira de Cancerologia, 64(4), 429–435. https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2018v64n4.733
Herrmann, J., et al. (2016). Evaluation and management of patients with heart disease and cancer: Cardio-oncology. Expert Review of Cardiovascular Therapy, 14(10), 1163–1173. https://doi.org/10.1586/14779072.2016.1201070
Keramida, K., & Varela, A. (2017). Cardiotoxicity in breast cancer treatments. Breast Cancer: Targets and Therapy, 9, 43–53. https://doi.org/10.2147/BCTT.S119952
Khan, S., et al. (2022). Cardiovascular complications of cancer therapy: A comprehensive review. Journal of the American College of Cardiology, 79(4), 337–350. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2021.11.019
Larsen, A. I., Haugen, T. B., Aakhus, S., Kvaløy, S., Mjølstad, O. C., & Hagve, T. A. (2015). Predictors of trastuzumab-induced cardiotoxicity in breast cancer patients: A prospective study. European Journal of Heart Failure, 17(3), 324–330. https://doi.org/10.1002/ejhf.228
Lobato, J., & Brito, F. A. (2020). Cardiotoxicidade por quimioterapia: Atualização e monitoramento. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 114(5), 891–899. https://doi.org/10.36660/abc.20190212
Lu, J., Mills, G., & Elmore, J. (2020). Biomarkers for early detection of chemotherapy-induced cardiotoxicity. Journal of Clinical Oncology, 38(27), 3060–3068. https://doi.org/10.1200/JCO.20.00567
Menna, P., Salvatorelli, E., & Minotti, G. (2008). Cardiotoxicity of antitumor anthracyclines. Chemical Research in Toxicology, 21(8), 1437–1449. https://doi.org/10.1021/tx800177r
Moslehi, J. J. (2016). Cardiovascular toxic effects of targeted cancer therapies. The New England Journal of Medicine, 375(15), 1457–1467. https://doi.org/10.1056/NEJMra1100265
Nishimura, R. A., Tajik, A. J., & Bailey, K. R. (1997). Cardiotoxicity of chemotherapy. Current Problems in Cardiology, 22(11), 637–681. https://doi.org/10.1016/s0146-2806(97)80002-9
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica [eBook gratuito]. Editora da UFSM. https://repositorio.ufsm.br/handle/1/1582
Pérez, J. M., et al. (2019). Cardiotoxicity of chemotherapy agents: Clinical presentation and management. Oncology Reports, 42(4), 1563–1572. https://doi.org/10.3892/or.2019.7237
Plana, J. C., et al. (2014). Expert consensus for multimodality imaging evaluation of adult patients during and after cancer therapy: A report from the American Society of Echocardiography and the European Association of Cardiovascular Imaging. Journal of the American Society of Echocardiography, 27(9), 911–939. https://doi.org/10.1016/j.echo.2014.07.012
Trousseau, A. (1865). Phlegmasia alba dolens. Clinical Lectures on Surgical Subjects. London: Walton & Maberly.
Zamorano, J. L., Lancellotti, P., Rodriguez Muñoz, D., Aboyans, V., Asteggiano, R., Galderisi, M., et al. (2016). 2016 ESC Position Paper on cancer treatments and cardiovascular toxicity developed under the auspices of the ESC Committee for Practice Guidelines: The Task Force for cancer treatments and cardiovascular toxicity of the European Society of Cardiology (ESC). European Heart Journal, 37(36), 2768–2801. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehw211
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Kênio Salgueiro Okamura, Géssica Dorta Souza, Isabella Ibrahim, Nathalia de Souza Fernandes, Flávia Helena Fornazeiro Abegão, Bruna de Souza Gameiro Jorge da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
