Neurite óptica: uma revisão narrativa sobre biomarcadores e imagem no diagnóstico diferencial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i11.49910

Palavras-chave:

Neurologia, Neurite óptica, Diagnóstico diferencial, Tomografia de coerência óptica, Oftalmologia.

Resumo

A Neurite Óptica (NO), uma inflamação aguda do nervo óptico, é a neuropatia óptica mais comum em adultos jovens e constitui uma emergência neuro-oftalmológica. Durante anos, a NO foi vista principalmente como um evento sentinela para a Esclerose Múltipla (EM). No entanto, descobertas recentes, particularmente os anticorpos séricos contra a aquaporina-4 (AQP4-IgG) e a glicoproteína da mielina de oligodendrócitos (MOG-IgG), redefiniram o panorama diagnóstico. Esta revisão narrativa tem como objetivo sintetizar as evidências científicas mais recentes (2020-2024) sobre a abordagem da NO, focando nos achados clínicos, sorológicos e de imagem que diferenciam essas etiologias. Métodos: Foi realizada uma revisão narrativa, com busca no PubMed, SciELO e LILACS por publicações de 2020 a 2024 usando descritores relevantes. Resultados: A literatura sintetizada indica que apresentações atípicas (como bilateralidade, perda visual grave, papilite pronunciada, má recuperação) exigem investigação sorológica imediata. A NO associada ao MOGAD (MOGAD-ON) frequentemente se apresenta com edema de disco significativo, mas com uma forte resposta a esteroides, enquanto a NO associada ao NMOSD (NMOSD-ON, AQP4+) está ligada a um prognóstico visual ruim e alto risco de recidiva. Ferramentas como a Tomografia de Coerência Óptica (OCT) são essenciais para quantificar o dano axonal (camada de fibras nervosas da retina), que é demonstravelmente mais grave na NMOSD. O manejo terapêutico difere drasticamente; terapias para EM podem ser ineficazes ou prejudiciais na NMOSD. Conclusão: A abordagem da neurite óptica não é mais monolítica. O oftalmologista desempenha um papel central na suspeita inicial e deve usar biomarcadores e exames de imagem (OCT, RM) para uma classificação etiológica precisa, que dita a terapia aguda e a necessidade de imunossupressão crônica.

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Publicado

2025-11-01

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Artigos de Revisão

Como Citar

Neurite óptica: uma revisão narrativa sobre biomarcadores e imagem no diagnóstico diferencial. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 11, p. e10141149910, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i11.49910. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/49910. Acesso em: 5 dez. 2025.