Alteridade e deficiência na educação: Uma revisão de literatura
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49381Palavras-chave:
Alteridade, Deficiência, Comunicação, Inclusão, Equidade, Ensino e Aprendizagem.Resumo
Relatamos neste manuscrito uma revisão da literatura procurou analisar o conceito de alteridade utilizado em pesquisas o campo da Psicologia e Educação. Nesta iniciativa refletimos sobre implicações da popularização de formas de interpretar a deficiência para a vida de pessoas que com ela convivem. Observamos, ao longo da história, que muitas dessas interpretações originaram matrizes que ainda sustentam práticas de exclusão e silenciamento das diferenças nos espaços educativos. Destacamos lacunas nos documentos reguladores da proposta pedagógica de inclusão quanto ao enfoque nos processos comunicativos, enquanto parâmetro teórico metodológico necessário para o atendimento apropriado à diversidade humana e promoção de justiça social nos cenários educacionais. Com essa justificativa, focalizamos concepções de alteridade utilizados em pesquisas que investigam a interação e comunicação com pessoas que convivem com alguma deficiência. O objetivo dessa revisão foi apontar características do conceito de alteridade e destacar condutas metodológicas para a investigação desse fenômeno e implicações do conhecimento produzido para práticas educacionais. A nossa expectativa foi ratificar o potencial da alteridade para ensejar o exercício ético da comunicação em cenários educacionais. As buscas por artigos foram realizadas nas bases SciELO, Portal de Periódicos da CAPES e PePSIC, Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, selecionamos dez artigos considerados mais relevantes. Na análise desses textos visualizamos diferentes nuances no conceito de alteridade, que ora reproduzem lógicas excludentes, ora propõem encontros pautados na escuta e exercício da ética. Como conclusão argumentamos sobre a apropriação da definição de alteridade como processo mediado pela linguagem.
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