Justiça restaurativa como fábrica de soft skills

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49430

Palavras-chave:

Gestão de pessoas, Poder judiciário, Soft skills, Justiça restaurativa, Administração pública.

Resumo

O Poder Judiciário brasileiro enfrenta crescente complexidade institucional, demandando novas abordagens para a gestão de pessoas que transcendam o modelo tradicional centrado exclusivamente na expertise técnico-jurídica. Este estudo analisa a integração entre competências socioemocionais (soft skills) e práticas de Justiça Restaurativa como paradigma inovador para a administração de recursos humanos. O problema de pesquisa investiga como a articulação sistemática entre esses dois elementos pode contribuir para o aprimoramento do ambiente organizacional e da eficiência operacional. O objetivo geral consiste em examinar as sinergias entre soft skills e Justiça Restaurativa, propondo modelo integrado de gestão de pessoas. A metodologia adotada caracteriza-se como pesquisa bibliográfica e documental, complementada pela análise de experiência empírica implementada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Os resultados evidenciam que a implementação de práticas restaurativas promove o desenvolvimento de competências intrapessoais (autoconhecimento, autorregulação emocional, resiliência) e interpessoais (comunicação assertiva, empatia, liderança colaborativa), resultando em melhorias mensuráveis nos indicadores de clima organizacional, engajamento de equipes e redução de conflitos internos. Conclui-se que a integração proposta constitui estratégia viável para a modernização da gestão judiciária, alinhando eficiência operacional com humanização das relações de trabalho.

Biografia do Autor

  • Carlos Henrique Borlido Haddad, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados

    Pós-doutor pela Universidade de Michigan. Professor da UFMG e do Mestrado da ENFAM. Juiz Federal. 

  • Flávia Pinheiro Brandão Oliveira, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados

    Juíza de Direito Substituta do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), com ingresso na carreira em 2016. Aluna especial do mestrado profissional em Direito e Poder Judiciário da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM). Pós-graduada em Direito Público pela Faculdade Projeção. Graduada em Direito pela Universidade de Brasília (Unb). Juíza Coordenadora do 3 Núcleo Virtual de Mediação e Conciliação (NUVIMEC) desde 2024. Mediadora e Conciliadora Judicial. Colaboradora do Núcleo de Justiça Restaurativa (NUJURES). Facilitadora em Justiça Restaurativa. Coordenadora da Comissão Local de Combate ao Assédio Moral e à Discriminação de Brazlândia (CLA-BRAZ-TJDFT) desde 2023.

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Publicado

2025-08-28

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais

Como Citar

Justiça restaurativa como fábrica de soft skills. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 8, p. e8014849430, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i8.49430. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/49430. Acesso em: 6 dez. 2025.