Atividade leishmanicida de Aspidosperma nitidum Benth. Ex Müll. Arg
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12646Palavras-chave:
Aspidosperma; Leismania; Extrato; Fração.Resumo
O tratamento medicamentoso da leishmaniose pode acarretar várias reações adversas e já foram encontrados isolados de Leishmania resistentes a terapêutica. Neste cenário, torna-se imprescindível a busca de alternativas terapêuticas e alcaloides, isolados de plantas pertencentes ao gênero Aspidosperma, têm se mostrado promissores como antiparasitário. O presente estudo avaliou a atividade antipromastigota, amastigota e citotoxicidade do extrato e frações pertencentes a A. nitidum. O extrato etanólico das cascas (EE) foi obtido por maceração e submetido a partição ácido:base, sendo obtidas as frações FN e FA. Além disso, o EE foi submetido ao fracionamento sob refluxo, obtendo-se as frações FrHEX, FrDCL, FrAcOEt e FrMeOH. A atividade antipromastigota em L. amazonensis e citotoxicidade para macrófagos foram avaliadas através do ensaio de viabilidade (MTT). Após a invasão dos macrófagos pelo parasito, realizou-se o tratamento com diferentes concentrações das amostras por 72 h, seguida de fixação e coloração das amostras e leitura em microscópio óptico. Somente a FrDCL mostrou-se moderadamente ativa contra promastigota (CI50= 105,7±1,12 µg/mL). No entanto, o EE (CI50= 23,87 ±0,87 µg/mL) e FA (CI50= 18,5 ±0,94 µg/mL) mostraram-se ativos contra amastigota, enquanto que na FrDCL (CI50= 204,5 ± 0,71 µg/mL) e FrHEX (CI50= 143,0 ±0,82 µg/mL) observou-se atividade moderada. Quando se relaciona a citotoxicidade das amostras a atividade antiamastigota, observa-se que o EE (CC50= 491,8 + 1,86 µg/mL; IS= 21) parece ser mais promissor que a FA (CC50= 209,1 + 1,7 µg/mL; IS=11). Em síntese, a A. nitidum mostrou-se promissora como leishmanicida.
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