A escrita de casos clínicos: dos efeitos no analista e da transmissão da psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19639Palavras-chave:
Psicanálise; Escrita de caso clínico; Transmissão; Analista.Resumo
O presente trabalho se propôs a investigar os possíveis efeitos da escrita de um caso clínico para o analista e para a transmissão. Para tanto, empreendemos uma pesquisa teórica em psicanálise, que teve como fruto este ensaio. Como resultados e discussões elaboramos duas seções. A primeira destaca o lugar do caso clínico como privilegiado e original no desenvolvimento de pesquisas psicanalíticas, demarcando funções a partir de sua escrita, entre elas, interrogar a teoria, problematizar o encontro analítico em sua dimensão singular e propiciar a ancoragem para construções metapsicológicas. Na segunda seção, discutimos acerca dos efeitos da escrita do caso para o psicanalista que, em seu trabalho de composição escrita, pode fazer o luto do processo vivido, como parte de uma elaboração necessária para a dissolução da lógica transferencial. Abordamos ainda como a transmissão opera em seu valor de possibilidade/incompletude, marcada pelo real da clínica. Como considerações finais, destacamos a dimensão não-toda da escrita, acima de tudo, a aposta de que não devemos recuar frente ao desafio de escrever a clínica.
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