Plasticidade dos estômatos em folhas de Ichthyothere terminalis (Spreng) Blake (Asteraceae) em diferentes estações do ano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10291

Palavras-chave:

Cerrado; Densidade estomática; Sazonalidade climática; Seca.

Resumo

O Cerrado possui a flora diversificada que ocorre em diferentes fisionomias. Uma das características marcantes do bioma é a ocorrência de estações chuvosa e seca bem definidas. Durante a seca as plantas do Cerrado estão sujeitas à restrição de água. Os estômatos, que são estruturas epidérmicas responsáveis pelas trocas gasosas, são essenciais para a manutenção do estado hídrico das plantas. Ichthyothere terminalis (Spreng.) Blake é uma Asteraceae herbácea frequente nas formações abertas do Cerrado. A espécie possui sistema subterrâneo espessado, que contribui para persistência da planta no ambiente. No final da seca, ocorre a rebrota dos órgãos aéreos. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as dimensões dos estômatos em folhas de Ichthyothere terminalis em diferentes épocas do ano. Foram realizadas coletas em fisionomias abertas do Cerrado em períodos secos e chuvosos, nos quais as plantas estavam em diferentes fases fenológicas. As folhas foram coletadas, preservadas e fixadas seguindo métodos usuais para análises anatômicas e histométricas. As epidermes foram destacadas e as medições e contagens foram feitas em microscópio de luz. As folhas de Ichthyothere terminalis são anfiestomáticas, com maior densidade estomática na face abaxial. A densidade de estômatos na face abaxial foi maior na transição entra as estações seca e chuvosa. A área dos poros estomáticos foi maior no início da seca nas duas faces epidérmicas. A espécie mostrou capacidade de alterar os atributos dos estômatos em diferentes estações, e isso pode contribuir para sua ocorrência em habitats sujeitos à seca sazonal.

Biografia do Autor

Dayana Figueiredo Abdalla, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás

Doutoranda em Agronomia na área de Produção Vegetal pela Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil. Docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Itumbiara, Itumbiara-GO, Brasil.

Referências

Abdalla, D. F., Moraes, M. G., Rezende, M. H., Hayashi, A. H. & Carvalho, M. A. M. (2016). Morpho-anatomy and fructans in the underground system of Apopyros warmingii and Ichthyothere terminalis (Asteraceae) from the cerrado rupestre. Journal of the Torrey Botanical Society, 143: 69–86. http://dx.doi.org/10.3159/TORREY-D-14-00050.1.

Batalha, M. A., Aragaki, S., & Mantovani, W. (1997). Variações fenológicas das espécies do cerrado em Emas-Pirassununga, SP. Acta Botanica Brasilica, 11: 61-78. https://doi.org/10.1590/S0102-33061997000100007.

Camargo, M. A. B., & Marenco, R. A. (2011). Density, size and distribution of stomata in 35 rainforest tree species in Central Amazonia. Acta Amazonica, 41: 205-212. https://doi.org/10.1590/S0044-59672011000200004.

Costa, B. N., Costa, I. J., Souza, G. A., Santos, D. N., Silveira, F. A., Melo, E. T., Martins, A. D., Pasqual, M., Setotaw, T. A., & Rodrigues, F. A. (2018). Anatomical modifications of Butia capitata propagated under colored shade nets. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 90: 3615-3624. https://doi.org/10.1590/0001-3765201820170347.

Coutinho, L. M. (2002). O bioma do cerrado. In: Klein, A. Eugen Warming e o cerrado brasileiro: um século depois. São Paulo: Editora UNESP. 77–91.

de Almeida, L. V., Ferri, P. H., Seraphin, J. C., & de Moraes, M. G. (2017). Seasonal changes of fructans in dimorphic roots of Ichthyothere terminalis (Spreng.) Blake (Asteraceae) growing in Cerrado. Science of The Total Environment, 598: 404-412. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2017.04.100

De Micco, V., & Aronne, G. (2012). Morpho-anatomical traits for plant adaptation to drought. In: Aroca, R., Plant responses to drought stress. Springer, Berlin, Heidelberg. 37-61.

Dunn, J., Hunt, L., Afsharinafar, M., Meselmani, M. A., Mitchell, A., Howells, R., Wallington, E., Fleming, A. J. & Gray, J. E. (2019). Reduced stomatal density in bread wheat leads to increased water-use efficiency. Journal of Experimental Botany, 70: 4737-4748. https://doi.org/10.1093/jxb/erz248.

Evert, R. F. (2006). Esau's plant anatomy: meristems, cells, and tissues of the plant body: their structure, function, and development. John Wiley & Sons. 601 p.

Fanourakis, D., Giday, H., Milla, R., Pieruschka, R., Kjaer, K. H., Bolger, M., Vasilevski, A. Nunes-Nesi, A., Fiorani, F. & Ottosen, C. O. (2015). Pore size regulates operating stomatal conductance, while stomatal densities drive the partitioning of conductance between leaf sides. Annals of Botany, 115: 555-565. https://doi.org/10.1093/aob/mcu247.

Franco, A. C. (2002). Ecophysiology of woody plants. In: Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna. Columbia University Press. pp. 178–197.

Hammer, Ø., Harper, D. A., & Ryan, P. D. (2001). PAST: Paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia electronica, 4: 9. Recuperado em: https://palaeo-electronica.org/2001_1/past/past.pdf.

Hetherington, A. M., & Woodward, F. I. (2003). The role of stomata in sensing and driving environmental change. Nature, 424: 901-908. https://doi.org/10.1038/nature01843.

Hoffmann, W. A. (1998). Post-burn reproduction of woody plants in a neotropical savanna: the relative importance of sexual and vegetative reproduction. Journal of Applied Ecology, 35: 422–433. https://doi.org/10.1046/j.1365-2664.1998.00321.x.

Johansen, D. A. (1940). Plant microtechnique. McGraw-Hill Book Company, Inc: London; 530p.

Lawson, T., James, W., & Weyers, J. (1998). A surrogate measure of stomatal aperture. Journal of Experimental Botany, 49: 1397-1403. https://doi.org/10.1093/jxb/49.325.1397.

Lawson, T., & Matthews, J. (2020). Guard cell metabolism and stomatal function. Annual Review of Plant Biology, 71: 273-302. https://doi.org/10.1146/annurev-arplant-050718-100251.

Mantovani, W., & Martins, F. R. (1988). Variações fenológicas das espécies do cerrado da Reserva Biológica de Moji-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, 11: 101–112.

Muir, C. D. (2015). Making pore choices: repeated regime shifts in stomatal ratio. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 282: 20151498. https://doi.org/10.1098/rspb.2015.1498.

Nakajima, J.N., & Mondin, C.A. 2020. Ichthyothere in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB16146>. Acesso em: 15 nov. 2020

Pautov, A., Bauer, S., Ivanova, O., Krylova, E., Sapach, Y., & Gussarova, G. (2017). Role of the outer stomatal ledges in the mechanics of guard cell movements. Trees, 31, 125-135. https://doi.org/10.1007/s00468-016-1462-x.

Pereira, R. C. A. (2007). História taxonômica do gênero Ichthyothere Mart., família Asteraceae. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, 4:147-161.

Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Pereira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria, RS: UFSM, NTE.

Ribeiro, J. F. & Walter, B. M. T. (1998). Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S. M.; Almeida, S.P. (Eds.). Cerrado ambiente e flora. Planaltina: Embrapa, p.120-124.

Richardson, F., Brodribb, T. J., & Jordan, G. J. (2017). Amphistomatic leaf surfaces independently regulate gas exchange in response to variations in evaporative demand. Tree Physiology, 37: 869-878. https://doi.org/10.1093/treephys/tpx073.

Roque, N. Teles, A. M., & Nakajima, J. A. (2017). A família Asteraceae no Brasil: classificação e diversidade. Salvador: EDUFBA 260 p.

Rossatto, D. R., & Kolb, R. M. (2012). Structural and functional leaf traits of two Gochnatia species from distinct growth forms in a sclerophyll forest site in Southeastern Brazil. Acta Botanica Brasilica, 26: 849-856. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062012000400014.

Rossatto, D. R., Hoffmann, W. A., & Franco, A. C. (2009). Características estomáticas de pares congenéricos de cerrado e mata de galeria crescendo numa região transicional no Brasil Central. Acta Botanica Brasilica, 23: 499–508. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062009000200021.

Santos, V. S. D. (2013). Morfoanatomia dos órgãos vegetativos de Chrysolaena simplex (Less) Dematt. e Lessingianthus buddleiifolius (Mart. ex DC.) H. Rob. (Asteraceae) em ambientes rupestres da Serra Dourada, Goiás. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Goiás – GO. Recuperado de: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3698/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Vanessa%20Sardinha%20dos%20Santos%20-%202013.pdf

Shobe, W. R., & Lersten, N. R. (1967). A technique for clearing and staining gymnosperm leaves. Botanical Gazette, 128: 150–152. https://doi.org/10.1086/336391.

Silva, T. M., Vilhalva, D. A., Moraes, M. G., & Figueiredo-Ribeiro, R. D. C. L. (2015). Anatomy and fructan distribution in vegetative organs of Dimerostemma vestitum (Asteraceae) from the campos rupestres. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 87: 797-812. http://dx.doi.org/10.1590/0001-3765201520140214.

Souza, V. P. (2014). Morfoanatomia de órgãos vegetativos aéreos e sistemas subterrâneos de Ichthyothere mollis Baker. e Jungia floribunda Less. (Asteraceae) ocorrentes no cerrado rupestre do estado de Goiás. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Goiás – GO. Recuperado de: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3522/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Vinicius%20Pina%20Souza%20-%202014.pdf.

Downloads

Publicado

03/12/2020

Como Citar

VIEIRA NETO, H.; ABDALLA, D. F.; MORAES, M. G. de. Plasticidade dos estômatos em folhas de Ichthyothere terminalis (Spreng) Blake (Asteraceae) em diferentes estações do ano. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 11, p. e76591110291, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i11.10291. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/10291. Acesso em: 2 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas