Avaliação da qualidade do atendimento em serviços de saúde para sobreviventes de violência sexual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10448

Palavras-chave:

Violência Sexual; Qualidade da Assistência à Saúde; Serviços de saúde.

Resumo

O objetivo desta revisão sistemática foi identificar quais indicadores positivos e negativos estão presentes em artigos científicos sobre avaliação do atendimento em serviços de saúde aos sobreviventes de violência sexual. A pesquisa foi realizada na base de dados eletrônica MEDLINE, com os descritores “Sexual Violence”, “Sexual Abuse” e “Health Services”. Foram encontrados 15 estudos empíricos, realizados em 12 países e publicados no período de 2002 a 2020. Os resultados revelaram como indicadores positivos: tratamento humanizado; ter os relatos acreditados; receber informações sobre os procedimentos; ter a opção de escolher as intervenções; treinamento adequado da equipe; ter um serviço de saúde mental; sigilo e privacidade; ter infraestrutura adequada; e resolutividade. E como indicadores negativos: atendimento não humanizado; não ter os relatos acreditados; não receber informações sobre os procedimentos; não ter a opção de escolher; ausência de treinamento adequado da equipe; melhorar os serviços de saúde mental; ausência de sigilo e privacidade; ausência de suprimentos; desconhecimento dos profissionais de saúde sobre violência sexual em pessoas do gênero masculino; ausência de protocolos específicos; definir mais claramente as funções e responsabilidades dos profissionais de saúde e especialistas forenses; ausência da temática violência sexual nos cursos de graduação na área da saúde; problemas de acesso devido à falta de informação sobre esses serviços; e problemas de acesso devido ao estigma e ao silêncio que envolve as pessoas em situação de violência sexual. Espera-se que estes indicadores forneçam subsídios para o aprimoramento de políticas públicas.

Biografia do Autor

Liene Martha Leal, Centro Universitário Saúde ABC; Universidade Federal do Delta do Parnaíba

Universidade Federal do Delta do Parnaíba - UFDPar

Referências

Abrahams, N., & Gevers, A. (2017). A rapid appraisal of the status of mental health support in post-rape care services in the Western Cape. South African journal of psychiatry, 23(1), 1-8. http://dx.doi.org/10.4102 /sajpsychiatry.v23i1.959.

Alves, R. S. S., Silva, E. R., Soares, I. L., Fagundes, G. R. S., Oliveira, B. de L., Almeida, L. F., Sousa, F. L. L. de, Feitosa, M. J. dos S., Machado, M. D. de M., Morais, M. P. S., Silvestre, F. E. R., Silva, V. E., & Marques , V. G. P. S. (2020). “Pode gritar, ninguém vai acreditar em você”: A saúde mental de mulheres vítimas de violência sexual. Research, Society and Development, 9(11), e1509119652. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9652.

Anwar, Y., Sall, M., Cislaghi, B., Miramonti, A., Clark, C., Faye, M. B., & Canavera, M. (2020). Assessing gender differences in emotional, physical, and sexual violence against adolescents living in the districts of Pikine and Kolda, Senegal. Child Abuse & Neglect, 102, 104387. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2020.104387.

Aragão, F. B. A., Marinho, R. de C. O., Santos, F. B. J., Santos, F. S., Brandão, L. P., Aguiar, J. A., Lopes, G. de J. P., Aragão, J. A., Pimentel, C. C. de S., Oliveira, K. C. C., Santos, G. R. B. dos, & Santos Neto, M. (2020). Perfil de mulheres vítimas de violência sexual no Brasil: antes e depois da pandemia de COVID -19. Research, Society and Development, 9(10), e2289108114. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8114.

Baptista, R. S., Chaves, O. B. B. M., França, I. S. X., de Sousa, F. S., de Oliveira, M. G., & Leite, C. C. S. (2015). Violência sexual contra mulheres: a prática de enfermeiros. Rev Rede Enferm Nordeste, 16(2). 210–217. https://doi.org/ 10.15253/2175-6783.2015000200010.

Bessa, M. M. M., Drezett, J., Adami, F., Araújo, S. D. T. D., Bezerra, I. M. P., & Abreu, L. C. D. (2019). Characterization of adolescent pregnancy and legal abortion in situations involving incest or sexual violence by an unknown aggressor. Medicina, 55(8), 474. https://doi.org/10.3390/medicina55080474.

Bittencourt, S. D. D. A., Reis, L. G. D. C., Ramos, M. M., Rattner, D., Rodrigues, P. L., Neves, D. C. O., Arantes, S. L. & Leal, M. D. C. (2014). Structure in Brazilian maternity hospitals: key characteristics for quality of obstetric and neonatal care. Cadernos de saúde pública, 30, S208-S219. https://www.scielosp.org/article/csp/2014.v30suppl1/S208-S219/en/.

Campbell, R., Greeson, M. R., & Fehler-Cabral, G. (2013). With care and compassion: adolescent sexual assault victims’ experiences in sexual assault nurse examiner programs. Journal of forensic nursing, 9(2), 68-75. https://doi.org/10.1097/JFN.0b013e31828badfa.

Cannon, L. M., Sheridan-Fulton, E. C., Dankyi, R., Seidu, A., Compton, S. D., Odoi, A., Darteh, E. K.M., & Munro-Kramer, M. L. (2020). Understanding the healthcare provider response to sexual violence in Ghana: A situational analysis. PLoS one, 15(4), e0231644.

Chynoweth, S. K., Freccero, J., & Touquet, H. (2017). Sexual violence against men and boys in conflict and forced displacement: implications for the health sector. Reprod Health Matters, 25(51), 90-94. https://doi.org/10.1080/09688080.2017.1401895.

Donabedian, A. (2005). Evaluating the quality of medical care. The Milbank Quarterly, 83(4), 691. https://doi.org/10.1111 / j.1468-0009.2005.00397.x.

Du Mont, J., Kosa, S. D., Abavi, R., Kia, H., & Macdonald, S. (2019). Toward Affirming Care: An Initial Evaluation of a Sexual Violence Treatment Network’s Capacity for Addressing the Needs of Trans Sexual Assault Survivors. Journal of interpersonal violence, 00(0), 1–20. https://doi.org/10.1177/0886260519889943.

Du Mont, J., Macdonald, S., White, M., Turner, L., White, D., Kaplan, S., & Smith, T. (2014). Client satisfaction with nursing-led sexual assault and domestic violence services in Ontario. J Forensic Nurs, 10(3), 122–134. https://doi.org/10.1097/JFN.0000000000000035.

Ericksen, J., Dudley, C., McIntosh, G., Ritch, L., Shumay, S., & Simpson, M. (2002). Clients’ experiences with a specialized sexual assault service. Journal of Emergency Nursing, 28, 86–90. https://doi.org/10.1067/men.2002.121740.

Faúndes, A., Hardy, E., Osis, M. J., & Duarte, G. (2000). O risco para queixas ginecológicas e disfunções sexuais segundo história de violência sexual. Rev Bras Ginecol Obstet, 22(3), 153-157. https://doi.org/10.1590/S0100-72032000000300006.

Fehler-Cabral, G., Campbell, R., & Patterson, D. (2011). Adult sexual assault survivors’ experiences with sexual assault nurse examiners (SANEs). Journal of Interpersonal Violence, 26(18), 3618–3639. https://doi.org/10.1177/0886260511403761.

Fernet, M., Hébert, M., Couture, S., & Brodeur, G. (2019). Meeting the needs of adolescent and emerging adult victims of sexual violence in their romantic relationships: a mixed methods study exploring barriers to help-seeking. Child abuse & neglect, 91, 41-51. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2019.01.019.

Halstead, V., Williams, J. R., & Gonzalez‐Guarda, R. (2017). Sexual violence in the college population: A systematic review of disclosure and campus resources and services. Journal of clinical nursing, 26(15-16), 2137-2153. https://doi.org/10.1111/jocn.13735.

Hendriks, B., Vandenberghe, A. M. J. A., Peeters, L., Roelens, K., & Keygnaert, I. (2018). Towards a more integrated and gender-sensitive care delivery for victims of sexual assault: key findings and recommendations from the Belgian sexual assault care centre feasibility study. International journal for equity in health, 17(1), 1-10. https://doi.org/10.1186/s12939-018-0864-3.

Ige, O. K., & Fawole, O. I. (2012). Evaluating the medical care of child sexual abuse victims in a general hospital in Ibadan, Nigeria. Ghana Med J, 46(1), 22–26. https://www.ajol.info/index.php/gmj/article/view/77620.

Kennedy, K. (2014). The case in favour of educating medical students about sexual violence. Med Teach, 36(3), 267–268. https://doi.org/10.3109/0142159X.2014.875618.

LoGiudice, J. A., & Douglas, S. (2016). Incorporation of sexual violence in nursing curricula using trauma-informed care: A case study. Journal of nursing education, 55(4), 215-219. https://doi.org/10.3928/01484834-20160316-06.

MacGinley, M., Breckenridge, J., & Mowll, J. (2019). A scoping review of adult survivors’ experiences of shame following sexual abuse in childhood. Health & social care in the community, 27(5), 1135-1146. https://doi.org/10.1111/hsc.12771.

McNaughton Reyes, H. L., Billings, D. L., Paredes-Gaitan, Y., & Padilla Zuniga, K. (2012). An assessment of health sector guidelines and services for treatment of sexual violence in El Salvador, Guatemala, Honduras and Nicaragua. Reprod Health Matters, 20(40). 83-93. https://doi.org/10.1016/S0968-8080(12)40656-5.

Moher, D., Liberati, A., Tetzlaff, J., Altman, D. G., & Prisma Group. (2009). Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS med, 6(7), e1000097. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097.

Monroe, L. M., Kinney, L. M., Weist, M. D., Dafeamekpor, D. S., Dantzler, J., & Reynolds, M. W. (2005). The experience of sexual assault: Findings from a statewide victim needs assessment. Journal of Interpersonal Violence, 20(7), 767-776. https://doi.org/10.1177/0886260505277100.

Morse, S. M., & Decker, M. R. (2019). Response to sexual assault in Bogotá, Colombia: A qualitative evaluation of health providers’ readiness and role in policy implementation. Health care for women international, 40(11), 1249-1267. https://doi.org/10.1080/07399332.2019.1578776.

O’Dwyer, C., Tarzia, L., Fernbacher, S., & Hegarty, K. (2019). Health professionals’ experiences of providing care for women survivors of sexual violence in psychiatric inpatient units. BMC health services research, 19(1), 1-9. https://doi.org/10.1186/s12913-019-4683-z.

Oliveira, C. C. D., & Fonseca, R. M. G. S. D. (2007). Práticas dos profissionais das equipes de saúde da família voltadas para as mulheres em situação de violência sexual. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 41(4), 605-612. https://doi.org/10.1590/S0080-62342007000400010.

Oliveira, E. M. D., Barbosa, R. M., Moura, A. A. V. M. D., Kossel, K. V., Morelli, K., Botelho, L. F. F., & Stoianov, M. (2005). The services for women victims of sexual violence: a qualitatif study. Revista de Saúde Pública, 39(3), 379-382. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000300007.

Oliveira, N. C. dos S., Gomes, N. L., Ferreira, T. R. de S. C., Santos, L. A., & Franco, E. de P. (2020). Violência por parceiro íntimo durante a gravidez: um estudo baseado nos registros das capitais brasileiras. Research, Society and Development, 9(10), e599108342. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8342.

Page, S., Davies‐Abbott, I., Carr, T., O'Hara, A., Forsyth, S., & Charles, D. (2020). Today, we talked: A novel approach to overcoming barriers to sexual safety on mental health wards. Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing. https://doi.org/10.1111/jpm.12614.

Pelisoli, C., Pires, J. P. M., de Almeida, M. E., & Dell’Aglio, D. D. (2010). Violência sexual contra crianças e adolescentes: dados de um serviço de referência. Temas em Psicologia, 18(1), 85-97. https://www.redalyc.org/pdf/5137/513751435008.pdf.

Pinto, L. S. S., Oliveira, I. M. P. D., Pinto, E. S. S., Leite, C. B. C., Melo, A. D. N., & Deus, M. C. B. R. D. (2017). Women’s protection public policies: evaluation of health care for victims of sexual violence. Ciência & Saúde Coletiva, 22, 1501-1508. https://doi.org/10.1590/1413-81232017225.33272016.

Racoveanu, N. T., & Staehr Johansen, K. (1995). Tecnología para el mejoramiento continuo de la calidad de la atención sanitaria. Foro mundial de la salud 1995; 16 (2): 158-165. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/53791/WHF_1995_16_n2_p158-165_spa.pdf.

Santos, G. K. dos, Bartsch, L., Schuster, M. E. de A., Pioczkoski, N. P., Zancan, S., & Jantsch, L. B. (2020). Caracterização e tendência temporal das notificações de violência sexual no Rio Grande do Sul. Research, Society and Development, 9(8), e277985796. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5796.

Silva, I. M. . da ., Olivindo, . D. D. F. de ., Costa, G. O. P. da ., Ribeiro , A. M. N. ., Costa, A. M. da ., Rodrigues, L. M. C. ., Rodrigues, G. de S. ., Barbosa, G. de S. O. ., Oliveira, G. R. de V. ., Silva, B. J. da ., Oliveira, N. V. D. de ., & Morais, C. P. . (2020). A enfermagem no atendimento imediato à vítima de violência sexual. Research, Society and Development, 9(10), e9059109281. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.9281.

Temmerman, M., Ogbe, E., Manguro, G., Khandwalla, I., Thiongo, M., Mandaliya, K.N., & Gichangi, P. (2019). The gender-based violence and recovery centre at Coast Provincial General Hospital, Mombasa, Kenya: An integrated care model for survivors of sexual violence. PLoS medicine, 16(8), 1-11. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1002886.

Vandenberghe, A., Hendriks, B., Peeters, L., Roelens, K., & Keygnaert, I. (2018). Establishing Sexual Assault Care Centres in Belgium: health professionals’ role in the patient-centred care for victims of sexual violence. BMC health services research, 18(1), 807. https://doi.org/10.1186/s12913-018-3608-6.

Vertamatti, M. A. F., Abreu, L. C. D., Drezett, J., Valenti, V. E., & Barbosa, C. P. (2013). Time lapsed between sexual aggression and arrival at the brazilian health service. J Hum Growth Dev, 23(1), 46-51. https://doi.org/10.7322/jhgd.50390.

Vidal, V. C., & Alves, R. C. (2020). Geografia da violência sexual. Revista GeoPantanal, 15(28), 207-226. https://desafioonline.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/9727.

Wangamati, C. K., Gele, A. A., & Sundby, J. (2017). Post rape care provision to minors in Kenya: an assessment of health providers’ knowledge, attitudes, and practices. Journal of interpersonal violence, 35(5-6), 1-27. http://dx.doi.org/10.1177/0886260517696863.

Wang, C., Dong, X., Yang, J., Ramirez, M., Chi, G., Peek-Asa, C., & Wang, S. (2015). Sexual violence experienced by male and female Chinese college students in Guangzhou. Injury prevention, 21(e1), e99-e104. http://dx.doi.org/10.1136/injuryprev-2013-040893.

Downloads

Publicado

04/12/2020

Como Citar

LEAL, L. M.; VERTAMATTI, M. A. F.; ZAIA, V.; BARBOSA, C. P. Avaliação da qualidade do atendimento em serviços de saúde para sobreviventes de violência sexual. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 11, p. e81891110448, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i11.10448. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/10448. Acesso em: 26 set. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde