Estudo in silico das atividades de compostos isolados de Bauhinia variegata Linn

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i12.11352

Palavras-chave:

Bauhinia variegata Linn; Predição; Farmacologia.

Resumo

A Bauhinia variegata Linn pertence à família Fabaceae e é utilizada popularmente como hipoglicemiante. Estudos fitoquímicos isolaram flavonoides, terpenos, esteroides e derivados do naftaleno, e por essa razão, este artigo objetiva descrever os resultados de farmacocinética, toxicidade e atividades biológicas obtidos em estudos in silico das moléculas isoladas para B. variegata.  As bases de dados online para coleta dos dados foram: PreADMET e PASS online. Para o desenho das estruturas químicas e caracterização físico-química: MarvinSketch, Mcule property calculator e Chemicalize. Os resultados sugeriram que o Caempferol, 2'-hidroxi-4',6'- dimetoxi-3,4-metilenodioxichalcona, Campferol3-O-α-L-ramnosídeo, (2S)-5,7-dimetóxi-3’,4’-metilenodioxiflavanona e 5,6-dihidro-1,7-dihidroxi-3,4-dimetóxi-2-metildibenz[b,f]oxepina apresentaram melhor padrão farmacocinético, devido as características físico-químicas serem alinhadas com Lipinsk, entretanto, todos os compostos apresentaram inibição sobre o citocromo P450 (CYP). O Lupeol foi o mais favorável enquanto antineoplásico; o β-Sitosterol e o Heptatricontan-12, 13-diol capacidade antiviral; os flavonoides (Campferol3-O-α-L-ramnosídeo e 2'-hidroxi-4',6'- dimetoxi-3,4-metilenodioxichalcona) e o Lupeol atividade antiparasitária; o Campferol3-O-α-L-ramnosídeo e o Lupeol potencial anti-inflamatório. A ação hipoglicemiante não foi encontrada, mas a via de liberação do hormônio pode ser outra. Os compostos obtiveram resultados tóxicos nos diferentes níveis tróficos e em relação à avaliação da carcinogenicidade e mutagenicidade. Com base nestes aspectos, o Campferol3-O-α-L-ramnosídeo e o Lupeol parecem ser as moléculas mais promissoras em atividades biológicas, podendo atuar como antimaláricos, com modificações necessárias na sua estrutura para a diminuição dos seus efeitos tóxicos, bem como apresentando aspectos farmacocinéticos aceitáveis caso sejam candidatos à fármacos.

Biografia do Autor

Lucas dos Santos Nunes, Federal University of Pará

     

 

     

 

     

 

 

Jayanne Lilian Carvalo Gomes, Universidade Federal do Pará

     

 

     

 

     

 

     

 

 

Hanna Patrícia dos Santos Martins, Universidade Federal do Pará

     

 

     

 

     

 

     

 

     

 

 

Maria Fâni Dolabela, Universidade Federal do Pará

     

 

     

 

     

 

     

 

     

 

 

Referências

Ajay, A., Bermis, G. W., & Murkco, M. A. (1999). Designing libraries with CNS activity. J Med Chem., 42 (24), 4942-4951. doi:10.1021/jm990017w.

Alves, C. Q., Brandão, H. N., David, J. M., David, J. P., & Lima, L. da. S. (2007). Avaliação da atividade antioxidante de flavonóides. Diálogos & Ciência, 12, 1-8.

Ames, B. N., Mccann, J., & Yamasaki, E. (1975). Methods for detecting carcinogens and mutagens with the Salmonella/Mammalian-microsome mutagenicity test. Mutat. Res., 31 (6), 347-364. doi:10.1016/0165-1161(75)90046-1.

Audi, E. A. & Pussi, F. D. (2008). Isoenzimas do CYP450 e biotransformação de drogas. Acta Scientiarum. Biological Sciences, 22 (2), 599-604. doi: 10.4025/actascibiolsci.v22i0.2810.

Azevedo, C. R., Maciel, F. M, Silva, L.B., Ferreira, A. T. S., Da Cunha, M., Machado, O. L. T., Fernandes, K. V. S., Oliveira, A. E. A., & Xavier-Filho, J. (2006). Isolation and intracellular localization of insulin-like proteins from leaves of Bauhinia variegata. Braz. J. Med. Biol. Res., 39 (11), 1435-1444. doi: 10.1590/S0100-879X2006001100007.

Brandão, D. L. N, Martins, H. P. S., Tomaz, J. M. O., Ferreira, G. G., Ramos, H. O., Percário, S., & Dolabela, M. F. (2020). Estudo in silico de diterpenos isolados de Portulaca pilosa L e sua correlação com estudos etnobotânicos. Research, Society and Development, 9 (11), e99491110635. doi: 10.33448/rsd-v9i11.10635.

Bushra, Khan, D. F., Ullah, H., & Khan, S. (2018). Isolation and characterization of two new compounds from the plant Bauhinia variegata. Indo Am. J. Pharm., 5 (2), 862-867. doi: 10.5281/zenodo.1175241.

Chemicalize. (2020). Calculate properties instantly, search chemical data, and draw molecules online. Recuperado de https://chemicalize.com/.june.

Correa-Barbosa, J., Silva, M. C. M. da, Percário, S., Brasil, D. do S. B., Dolabela, M. F., & Vale, V. V. (2020). Aspidosperma excelsum and its pharmacological potential: in silico studies of pharmacokinetic prediction, toxicological and biological activity. Research, Society and Development, 9 (10), e3629108635. doi: 10.33448/rsd-v9i10.8635.

Costa, C. R., Olivi, P., Botta, C. M. R., & Espindola, E. L. G. (2008). A toxicidade em ambientes aquáticos: discussão e métodos de avaliação. Quim. Nova, 3 (7), 1820-1830. doi: 10.1590/S0100-40422008000700038.

Das, A., Jawed, J. J., Das, M. C., Sandhu, P., De, U. C., Dinda, B., Akhter, Y., & Bhttacharjee, S. (2017). Antileishmanial and immunomodulatory activities of lupeol, a triterpene compound isolated from Sterculia villosa. International journal of antimicrobial agentes, 50 (4), 512-522. doi: 10.1016/j.ijantimicag.2017.04.022.

De los Ríos, C., Gil. H., & Hidalgo, D. (2003). Efecto inhibitorio de Bauhinia variegata L. sobre la glucación no enzimática de la hemoglobina. Rev. Facul. Farm., 45 (3), 12-16. Recuperado de http://bdigital.ula.ve/storage/pdf/farma/v45n2/art3.pdf.

Dos Santos, R. da. C., Daniel, I. C., Próspero, D. F. A., & Costa, C. L. S. da. (2018). Modificação molecular incremental: análise de parâmetros físico-químicos, farmacocinéticos e toxicológicos in silico de fármacos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). Boletim Informativo Geum, 9 (2), 31-38.

Dukes, J. D., Whitley, P., & Chalmers, A. D. (2011). The MDCK variety pack: choosing the right strain. BMC cell biology, 12 (43), 1-4. doi: 10.1186/1471-2121-12-43.

Filimonov, D. A., Lagunin, A. A., Gloriozova, T. A., Rudik, A. V., Druzhilovskii, D. S., Pogodin, P. V., & Poroikov, V. V. (2014). Prediction of the biological activity spectra of organic compounds using the PASS online web resource. Chemistry of Heterocyclic Compounds, 50 (3), 444-457. doi: 10.1007/s10593-014-1496-1.

Gomes, B. F. & Accardo, C. de. M. (2019). Mediadores imunoinflamatórios na patogênese do diabetes mellitus. Einstein (São Paulo), 17 (1), 1-5. doi: 10.31744/einstein_journal/2019RB4596.

Gonçalves, J. E. (2010). Padronização das condições para cultura de células Caco-2 visando à obtenção de membranas viáveis ao estudo da permeabilidade in vitro da rifampicina. Tese (Doutorado), São Paulo: FCF-USP. Recuperado de https://teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9139/tde-31012011-162346/pt-br.php.

Guilhermino, L., Diamantino, T., Silva, M. C., & Soares, A. M. V. M. (2000). Acute toxicity test with Daphnia magna: Na alternative to mammals in the Prescreening of Chemical Toxicity? Ecotoxicol Environ Saf., 46 (3), 57-362. doi:10.1006/eesa.2000.1916.

Irvine, J. D., Takahashi, L., Lockhart, K., Cheong, J., Tolan, J. W., Selick, H. E., & Grove, R. (1999). MDCK (Madin–Darby canine kidney) cells: a tool for membrane permeability screening. Journal of pharmaceutical sciences, 88 (1), 28-33. doi: 10.1021/js9803205.

Jash, S. K., Roy, R., & Gorai, D. (2014). Bioactive constituents from Bauhinia variegata Linn. Internacional Journal of Pharmaceutical and Biomedical Research, 5 (2), 51-54.

Kruidering, M. & Evan, G. I. (2000). Caspase‐8 in apoptosis: the beginning of “the end”? IUBMB life, 50 (2), 85-90. doi: 10.1080/713803693.

Lipinski, C. A. (2004). Lead- and drug-like compounds: the rule of five revolution. Drug Discovery today: Technologies, 1 (4), 337-341. doi:10.1016/j.ddtec.2004.11.007.

Lusa, M. G. & Bona, C. (2009). Análise morfoanatômica comparativa da folha de Bauhinia forficata Link e B. variegata Linn. (Leguminosae, Caesalpinioideae). Acta Bot. Bras., 23 (1), 196-211. doi: 10.1590/S0102-33062009000100022.

Maheswara, M., Rao, Y. K., Siddaiah V., & Rao, C. V. (2006). Isolation of New Chalcone from the Leaves of Bauhinia variegata. Asian Journal of Chemistry, 18 (1), 419-422.

Mcule. (2020). Property calculator. Recuperado de https://mcule.com/apps/property-calculator/.

Mendes, C. C., Marinho, C. M. F., Moreira-Junior, V. F., Queiroz, F. M., Dantas, G. L. S., Macedo, M. F. S., Oliveira, C. N., & Schwarz, A. (2010). Evaluation of Bauhinia monandra aqueous and ethanol extracts in pregnant rats. Pharmaceutical biology, 48 (7), 780-785. doi: 10.3109/13880200903280018.

Mishra, A., Sharma, A. K., Kumar, S., Saxena, A. K., & Pandey, A. K. (2013). Bauhinia variegata leaf extracts exhibit considerable antibacterial, antioxidant, and anticancer activities. BioMed Research International, 2013, 1-10. doi: 10.1155/2013/915436.

Moda, T. L. (2007). Desenvolvimento de modelos in silico de propriedades de ADME para a triagem de novos candidatos a fármacos. Dissertação (Mestrado). São Carlos: IFSC-USP. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/76/76132/tde-22032007-112055/publico/Dissertacao_Tiago_Moda.pdf.

Nogueira, A. C. O. & Sabino, C. V. S. (2012). Revisão do Gênero Bauhinia Abordando Aspectos Científicos das Espécies Bauhinia forticata Link e Bauhinia variegata L. de Interesse para a Indústria Farmacêutica. Rev Fitos, 7 (2), 77-84.

Pandey, S. (2017). In vivo antitumor potential of extracts from different parts of Bauhinia variegata linn. Against b16f10 melanoma tumour model in c57bl/6 mice. Appl. Cancer Res., 37 (1), 1-14, 2017. doi: 10.1186/s41241-017-0039-3.

PASS Online. Prediction of biological activity. Recuperado de http://www.way2drug.com/PASSonline/.

Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Pereira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria: UFSM, NTE. Recuperado de https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf.

Preadmet. (2020). ADME TOX calculation. Recuperado de http://preadmet.bmdrc.kr.

Rajani, G. P. & Ashok, P. (2009). In vitro antioxidant and antihyperlipidemic activities of Bauhinia variegata Linn. Indian J. Pharmacol., 41 (5), 227-232. doi: 10.4103/0253-7613.58513.

Rajkapoor, B., Jayakar, B., & Murugesh, N. (2003). Antitumour Activity of Bauhinia variegata Against Ehrlich Ascites Carcinoma Induced Mice. Pharm. Biol., 41 (8), 604-607. doi: 10.1080/13880200390501947.

Rang, H. P., Ritter, J. M., Flower, R. J., & Henderson, G. (2016). Rang & Dale: Farmacologia (8a ed.). Rio de Janeiro: Elsevier.

Rao, Y. K., Fang, S. H., & Tzeng, Y. M. (2008). Antiinflammatory activities of flavonoids and a triterpene caffeate isolated from Bauhinia variegata. Phytother. res., 22 (7), 957-962. doi: 10.1002/ptr.2448.

Reddy, M. V. B., Reddy, M. K., Gunasekar, D., Caux, C., & Bodo, B. (2003). A flavanone and a dihydrodibenzoxepin from Bauhinia variegata. Phytochemistry, 64 (4), 879-882. doi: 10.1016/s0031-9422(03)00416-3.

Riesenman, C. (1995). Antidepressant drug interactions and the cytochrome P450 system: a critical appraisal. Pharmacotherapy: The J. of Human Pharmacology and Drug Therapy, 15 (6), 84S-99S. doi: 10.1002/j.1875-9114.1995.tb02909.x.

Saeidnia, S., Manayi, A., Gohari, A. R., & Abdollahi, M. (2014). The story of beta-sitosterol-a review. European. J. Med. Plants, 4 (5), 590-609. doi: 10.9734/EJMP/2014/7764.

Santos, V. L. dos. A, Gonsalves, A. de. A., & Araújo, C. R. M. (2018). Abordagem didática para o desenvolvimento de moléculas bioativas: regra dos cinco de Lipinski e preparação de heterociclo 1,3,4-oxadiazol em forno de micro-ondas doméstico. Quim. Nova, 41 (1), 110-115. doi: 10.21577/0100-4042.20170135.

Silva, F. C. (2015). Desenvolvimento de modelos de QSAR para identificação de substratos e inibidores de CYP3A4. Dissertação (Mestrado). Goiânia: PPGCF-UFG. Recuperado de http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/5266.

Silva, K. L. & Filho, V. C. (2002). Plantas do gênero Bauhinia: composição química e potencial farmacológico. Quim. Nova, 25 (3), 449-454. doi: 10.1590/S0100-40422002000300018.

Sisenando, H. A. A. A. C. N. (2009). Avaliação do potencial de mutagenicidade e toxidade da lectina hipoglicemiante de folha de Bauhinia monandra (pata-de-vaca). Dissertação (Mestrado). Natal: PPGCS-UFRN. Recuperado de https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/13226.

Souza, A. F. de. (2001). Clonagem, expressão e caracterização de um inibidor de tripsina isolado de sementes de Bauhinia variegata. Tese (Doutorado), São Paulo: UNIFESP. Recuperado de http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/17692.

Vaz, A. M. S. F. & Tozzi, A. M. G. A. (2005). Sinopse de Bauhinia sect. Pauletia (Cav.) DC. (Leguminosae: Caesalpinioideae: Cercideae) no Brasil. Rev. Bras. Bot., 28 (3), 477-491. doi: 10.1590/S0100-84042005000300006.

Vijay, K. M. M. J., Eswarappa, B., Yadav, D. B., Jayadevaiah K. V., & Basavaraja, H. S. (2014). Isolation of Phytoconstituents from the Stem Bark of Bauhinia variegata Linn. PharmaTutor, 2 (9), 150-156.

Yang, Y., Bai, L., Li, X., Xiong, J., Xu, P., Guo, C., & Xue, M. (2014). Transport of active flavonoids, based on cytotoxicity and lipophilicity: an evaluation using the blood-brain barrier cell and Caco-2 cell models. Toxicol. in Vitro, 28 (3), 388-396. doi: 10.1016/j.tiv.2013.12.002.

Yazdanian, M., Glynn, S. L., Wright, J. L., & Hawi, A. (1998). Correlating partitioning and Caco-2 cell permeability of structurally diverse small molecular weight compounds. Pharm Res., 15 (9), 1490-1494. doi: 10.1023/A:1011930411574.

Yee S. (1997). In vitro permeability across Caco-2 cells (colonic) can predict in vivo (small intestinal) absorption in man – fact or myth. Pharm Res., 14 (6), 763-766. doi: 10.1023/a:1012102522787.

Zhai, L., Chen, M., Blom, J., Theander, T.G., Christensen, S.B., & Kharazmi, A. (1999). The antileishmanial activity of novel oxygenated chalcones and their mechanism of action. J. Antimicrob. Chemother., 43 (6), 793-803. doi: 10.1093/jac/43.6.793.

Zucker, E. (1985). Hazard Evaluation Division Standard Evaluation Procedure: Acute toxicity test for freshwater Fish. Washington, USA: USEPA. Recuperado de https://ntrl.ntis.gov/NTRL/dashboard/searchResults/titleDetail/PB86129277.xhtml.

Downloads

Publicado

29/12/2020

Como Citar

NUNES, L. dos S.; GOMES, J. L. C.; MARTINS, H. P. dos S.; DOLABELA, M. F. Estudo in silico das atividades de compostos isolados de Bauhinia variegata Linn . Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 12, p. e45991211352, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i12.11352. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11352. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde