O impacto das relações familiares no comportamento suicida
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12349Palavras-chave:
Tentativa de Suicídio; Família; Relações Familiares; Fatores de Risco; Fatores de proteção.Resumo
Objetivo: Analisar o impacto das relações familiares no comportamento suicida. Metodologia: Pesquisa exploratória, descritiva, abordagem qualitativa, realizada de dezembro de 2017 a novembro de 2019 em Unidade de Pronto Atendimento de Assis/SP. Entrevistas realizadas com pessoas com tentativa de suicídio. Empregou-se referencial metodológico de Análise de Conteúdo. Projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Entrevistados 113 participantes de total de 309 ocorrências de tentativa de suicídio identificadas no período. A maioria era do sexo feminino 86 (76,1%), entre 18 e 30 anos 57 (50,4%), heterossexuais 103 (91,2%), cor de pele autodeclarada branca 62 (54,9%), solteiros 49 (43,4%), com ensino médio completo 41 (43,2%). sem patologia física 70 (61,9%), com transtorno mental 70 (61,9%), sem uso de drogas 74 (65,5%). Como fator de proteção, as relações familiares e o modelo familiar são caracterizados por apego familiar, com sentimentos de amor e respeito, e com apoio efetivo da família. Na outra ponta, como fator de risco as relações familiares negativas eclodem em brigas, violência familiar, sensação de não pertencimento e traição. Considerações finais: Família tem potencial de gerar impacto positivo quando apresenta apoio e apego sentimental entre seus membros, porém relações familiares desajustadas perfazem impacto negativo e se torna fator de risco para comportamento suicida.
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