Migração haitiana e direitos humanos: o acesso à saúde pública em região de fronteira no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v8i9.1248

Palavras-chave:

Migração; Saúde; Desigualdades.

Resumo

Neste trabalho objetivamos problematizar o tema da desigualdade social expressa cotidianamente como uma desigualdade em saúde. De maneira mais precisa, a pesquisa se insere em uma região da América do Sul conhecida como tríplice fronteira latino-americana, local de intenso fluxo migratório. Lócus privilegiado para discutir as relações entre migrações e saúde. Neste contexto geográfico, pretendemos discutir a relação entre migração – especificamente, migração haitiana em contexto de região de fronteira no Brasil – e saúde pública. Para tanto, conduziremos a discussão na perspectiva de acesso à saúde como direito humano à todas as pessoas e dever do Estado. Faremos isso com um aporte teórico-metodológico das Ciências Sociais da Saúde, associado a um trabalho de campo que incluiu levantamento de dados quantitativos e qualitativos. A exposição destes dados, nos permite argumentar que o gozo dos direitos humanos é permitido a toda população fronteiriça, contudo estrangeiros residentes no Brasil, ainda que legalizados, não tem usufruto dos direitos na mesma proporção que os nacionais. Tal percurso analítico nos leva a conclusão, neste artigo, que os agentes da gestão, na região de fronteira, têm utilizado a estratégia de tensionamento da população local com os estrangeiros que utilizam o serviço público de saúde derivando numa desigualdade em saúde.

Referências

ASTORGA J. I. (2004); Contexto dos Países e da Fronteira. Revista de Estudo da Rede de Serviços de Saúde na Região de Fronteira Argentina, Brasil e Paraguai: 2001-2002 / Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde.

BRASIL. Ministério da Justiça (2002). Lei nº 6.815/80. Regula a situação jurídica do estrangeiro no Brasil. Brasília.

BRASIL. Ministério da Saúde (2006). Determinantes sociais da saúde.

BRAVO, M.I.; MATOS, M.C. (2001). A saúde no Brasil: reforma sanitária e ofensiva neoliberal. In: Serviço Social e Democracia. BRAVO, M.I.; PEREIRA, Potyara A.P (org). São Paulo: Cortez.

CARBALLO, M., e Nerukar, A. (2001). Migration, refugees, and health risks, Emerging Infectious Diseases, 7 (3), pp. 556-560.

Declaração de Alma-Ata. (2001) Conferência Internacional sobre cuidados primários de saúde; 6-12 de setembro 1978. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde.

Redução de custos migração e otimização do desenvolvimento humano. (2010). Fórum Global sobre Migração e Desenvolvimento, realizada na Cidade do México em 2010, disponível em: www.gfmd.org/en/ docs / Mexican-2010 acesso 03/09/2017.

KANDULA, N.R. (2004). Assuring the health of immigrants: what the leading health indicators tell us, Annual Review Of Public Health, 25 (1).

LEVY, M. S. F. (1974) O papel da imigração internacional na evolução da população brasileira (1872 a 1972). Rev Saude Publica, V 8, Supl:49-90.

MAGGI, J. e CATTACIN, S. (2003) Needed Basic Research in «Migration and Health» – 2002-2006 in Switzerland, Switzerland: SFM.

McKay, L., Macintyre, S. e Ellaway, A. (2003) Migration and Health: A Review of the International Literature, Glasgow: Medical Research Council – Social and Public Health Sciences Unit.

OIM. (2004) World Migration: Managing Migration – Challenges and Responses for People on the Move, 2004. Disponível: http://www.iom.int/jahia/Jahia/cache/offonce/pid/1674

OMS. (2004) Estudo da Rede de Serviços de Saúde na Região de Fronteira • Argentina – Brasil – Paraguai • 2001-2002.

OMS. (2010) Health of Migrants – The Way Forward, Report of a Global.Consultation, Madrid (Espagne).

PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU (2017). Prefeitura define regras de emissão do Cartão SUS. Disponível em: http://pmfi.pr.gov.br/noticia/?idNoticia=37774 Acesso em 03/09/2017.

SCHWARCZ L. M. (1995) O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras; 1995.

SEYFERTH, G. (2000). As identidades dos imigrantes e o melting pot nacional. Horizontes Antropologicos; 6(14):143-76.

SEYFERTH G. (1996) Construindo a nação: hierarquias raciais e o papel do racismo na política de imigração e colonização. In: Maio MC, Santos RV. Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, Centro Cultural Banco do Brasil.

SKIDMORE T, E. (1989). Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

SILVA, Jose Afonso. (2002) Curso de direito constitucional. Positivo, 20. ed. São Paulo: Malheiros.

SILVA, Anaxsuell F. PASQUALI, D. (2016). Migração e hábitos alimentares em ambientes educacionais: o caso da Tríplice Fronteira. Educere et Educare, v. 11 (1).

SILVA, Anaxsuell F. PROCOPIO, C. E. P. (2019). Cristianismos em região de fronteira: trânsitos, tensões e reconfigurações religiosas. REVISTA TOMO, v. 34, p. 159-188.

SILVA, M.G.; NOGUEIRA, V.M.R.; SIMIONATTO, I. (2005). Fronteira Mercosul processo de inclusão e exclusão no Sistema Único de Saúde brasileiro.

Sistema Nacional de Cadastro de Estrangeiros – Sincre, Departamento da Polícia Federal, Ministério da Justiça e Segurança Pública. Projeto MT-Brasil/ICMPD-Gedep-PUC Minas. Tabulações especiais, Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/ CNPq-Nepo/Unicamp).

WHO. (1996). World health day: Healthy cities for better life. World Health Day. Genebra.

Downloads

Publicado

14/06/2019

Como Citar

SILVA, A. F. da; LALANE, J. B. Migração haitiana e direitos humanos: o acesso à saúde pública em região de fronteira no Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 8, n. 9, p. e05891248, 2019. DOI: 10.33448/rsd-v8i9.1248. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/1248. Acesso em: 29 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais